domingo, 27 de maio de 2012

6200 toneladas

Temos um edifício industrial com mais de 100 anos à frente de um edifício de escritórios ultra-modernos. O edifício é o último do seu género na zona. E agora?!? O que fazer?!?
Deixar ficar??? E os escritórios novos?!? Ficam sem vista??? Naaaaaaa...
Deitar abaixo??? E a história de um edifício do século dezanove?? Esquece-se??? Naaaaaa...

Então?!?
Simples... empurra-se para o lado!!!!

Foram precisos muitos francos para pagar tal coisa, foram precisos muitos técnicos para assegurar a precisão das máquinas que empurraram o monstro. E foram precisas 29 horas para arrastar 6200 toneladas ao longo de 60 metros...

Não é novidade/novidade. Mas é novidade. Primeiro porque foi a maior deslocação de uma casa na Europa. E depois porque fiquei a saber que este país minúsculo é especialista a arrastar casas, a elevar casas com helicópteros, e até a mudar calhaus só porque fazem parte de uma lenda... a pedra da Ponte do Diabo foi mudada em 1977!!!

Claro que esta maravilha da tecnologia (e da pacíência!!) faz pensar em certos países que deixam cair casas abaixo de forma parva... casas que não precisam de ser arrastadas para lado nenhum, mas simplesmente de umas obras de restauro!!!! Quando se vê a imagem, a coisa toma outra forma na nossa cabeça, não é verdade?!?



Foto: blick.ch
Se quiserem podem ver um vídeo aqui. Realmente impressionante!!!

sábado, 26 de maio de 2012

Eu tentei

Eu bem me parecia que estava a mudar de ideias muito depressa...

O senhor que falou na televisão soube vender o livro muito bem, pois eu costumo ser resistente a todo e qualquer tipo de publicidade... A vozinha que me dizia baixinho se calhar vais perder o teu tempo e dinhiero tinha toda a razão.
Eu comecei a ler o livro e aborreci-me em três tempos. Mas eu explico porquê...

O primeiro é o básico: a m***a do acordo ortográfico. Há um capítulo que deve falar de toureiros e forcados e matadores. Ou então de enfermeiros e veterinários. Ou ainda de drogados viciados em heroína. Pois se um sub-capítulo se chama Um espetador da vida... só podemos estar a falar disso... a não ser que estejam a falar de algum alfaiate...

Eu sei que é quase uma autobiografia. Assim, tem que haver muitas citações. Mas... eu tentei ler o prefácio e perdi-me entre tantos itálicos, aspas e notas de rodapé. Saltei esta parte, até porque, ao que parece, um dos heterónimos achava que os prefácios não serviam para nada, mas deviam existir tal com a imoralidade, pois são coisa necessária (nem comento tamanho disparate [não, não consigo ler essa declaração com perspectiva literária]).

Tentei passar para algo que me despertasse a atenção. Encontrei... mas não tem a ver com o Pessoa, tem a ver com o Cavalcanti Filho: o nome de uns heterónimos traduzido?? Parece que o senhor "Procura" (na """realidade""" Search)tinha uma irmã (também heterónima!!! que promiscuidade!!!).
A sério que não percebi a razão de o nome ser traduzido pelo autor do livro! Mas isso foi a meio do livro e captou-me a atenção durante 5 minutos.

Então continuei à procura de algo mais valioso. Às vezes isso acontece-me: folheio quase até ao fim e encontro um tesouro que me obriga a voltar ao início para perceber tudo como deve ser.
Na realidade... nem letras gordas... nem letras magras... nada me despertou verdadeiro interesse. E quando cheguei à parte dos 127 hetrónimos... quê?!? Não encontro genealidade nisto. Lamento, mas não encontro!

Passei à parte que corrobora a minha teoria de que ele não é um génio: ele era doente mental (seja lá de que forma lhe queiram chamar [variam os nomes e as teorias ao longo dos anos, neste momento chamam-lhe esquizóide - não é simpático e não abona a favor dele]) e era alcoólico.

Ora bem, de modo geral, ninguém tem culpa de ser doente (excepção para os que levam uma vida desregrada ou os que se recusam a tratar qualquer doença já diagnosticada), assim, lamento que ele fosse doente. Mas... o Hitler também era genial... perdão, também era doente!

Quanto ao álcool... Uma vez mais, lamento, mas não suporto bêbedos!!! Eu sei que o alcolismo também é uma doença, mas... ela começou nalgum sítio... quanto mais não seja na não prevenção. E depois... se uma pessoa cria algo sob o efeito do álcool... não é génio... simplesmente teve sorte em escrever umas linhas engraçadas em vez de vomitar nos sapatos!!!!
Não acredito que haja uma espantosa lucidez da bebida (outro capítulo). Acho, sim, que a bebida simplesmente solta as amarras que nos são impostas pelas convenções da "boa educação" e a expressão in vino veritas é verdadeira (e não aceito que dêem a desculpa de eu ontem estava com os copos). De resto... no que diz respeito à criação de algo, já disse tudo mais acima.
Não dá... eu bem que tento aproximar-me do homem que nasceu no mesmo dia que a minha mãe, mas... não dá!!!!! Se fosse uma biografia "normal", podia ser que tivesse conseguido ler, mas assim... no way!!

No entanto, para freaks de Pessoa... do género de uma tontinha que conheci  há uns anos que me perguntou: gostavas que eu ofendesse o teu pai? É que Pessoa é como um pai para mim. Só porque eu disse que ele era uma porcaria, não sabia escrever, era bêbedo e tal (eu tinha 17 anos e tinha acabado de rasgar o meu livro de português num desespero profundo que surgiu na aula de português após leitura de um certo poema). Sim, para freaks de Pessoa, ou alguém com estômago para tantas citações, ou pelo menos mais paciência do que eu para este autor... o livro pareceu-me bastante interessante pela forma como os elementos estão dispostos (a abordagem a cada tópico, como se pode depreender pelo que escrevi antes, não posso avaliar). 

Vou guardar este livro junto de mais uns quantos que são muito bem conceituados e eu tentei ler, mas... que, por alguma razão que me é completamente desconhecida, não consegui acabar!!! Eu continuo sem saber a razão (se a há) dos assassinatos de A Sangue Frio; eu sei qual é a sensação de estranheza de Ulisses quando chega a casa (e não é preciso estar 20 anos fora para se saber tal coisa), mas continuo sem saber o que sente o homónimo, o do Joyce...

Em relação ao Pessoa... agora tenho mais esta biografia, mas acho, que para chegar lá, ainda tenho que perceber este poema (o tal que me fez rasgar o livro há 12 anos):

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ich will kein Engel sein

Porque estive a ver mostrar uma versão ucraniana da canção Du hast, dos Rammstein, à minha mãe e porque as conversas são como as cerejas... acabei por lhe falar de outras músicas deles e de um episódio que se passou na estufa por causa de assobios.
Quando ando com um certo tipo de humor (eu tenho muitos!!) falo pouco e assobio muito esta música, embora não perceba a relação. Um dia, o M. comentou comigo andas sempre a assobiar essa música. Rammstein, não é? Fiquei contente por ele reconhecer a música, quer dizer que não a assobio assim tão mal. Mas esclareci-o logo... só sei assobiar esta música e nada mais, porque odeio assobios!!!
Eu odeio que me assobiem. Para mim, só se assobia a cães e prostitutas. Quando alguém me tenta chamar assobiando, bem pode desistir que há-de ir ter junto a mim para falar comigo. Eu não sou um cão nem uma prostituta!!! E acho que por isso é que não sei assobiar. Com esta única excepção.

Para mostrar a música em questão à minha mãe, carreguei no primeiro link do youtube e apanhei um vídeo com letra e tradução. Pela primeira vez na vida olhei para a letra e achei-a interessante.

Só 15 anos depois de ter sido lançada é que eu descubro a que anjos se referem eles?!?!... pior... 15 anos a assobiar uma música cujo o tema desconheço por completo (olhando só para o título não se vai a lado nenhum!!)?!?!... uma vergonha, mesmo... mas lá está... eu nunca ligo às letras...

Entretanto deixo aqui o vídeo em questão e recomendo que se vejam os links que deixei lá em cima. Aconselho que oiçam primeiro a versão original e que depois chorem a rir com a cover... (para ser franca... recomendo outros vídeos dos senhores da Ucrânia... :D)



Engel, Rammstein

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Desde quando é que o brega é bom?!?

Expliquem-me como se eu fosse muuuuuuuuuuuuuuuuuito burra.... se as consoantes duplas que "não são lidas" caem por que raio é que Gusttavo Lima se escreve assim?!?!?!?!?!?!?

Para quem não sabe quem é a figura... aqu fica um vídeo. Eu só o descobri há uns minutos na rádio suíça... sinceramente... se eles soubessem o que estão a ouvir!!! :s

O bar das meninas ou do preconceito?

Nos meus primeiros tempos por aqui, aconteceu uma coisa  tão parva (com uma portuguesa) que me marcou tanto que quase quatro anos depois ainda falo nisso.
Fomos trabalhar para a cidade velha e, na pausa da manhã, os meus colegas resolveram sentar-se na esplanada de um café que tem a particularidade de estar aberto 24h sobre 24h todo o ano. Eu, que sempre achei que devia fazer o máximo para me integrar, incluindo tomar café com colegas de trabalho, alinhei sem saber para onde ia.
Uma garota (18 anos) portuguesa, quando viu para onde íamos, disse com os maiores dos deprezos eu não vou para o bar das putas. Como eu disse, eu não sabia para onde ia, mas respondi-lhe não é contagioso.

À noite, comentei a cena com a minha mãe e ela disse que era mentira. Talvez haja mais prostitutas a frequenatr o bar, à noite!, porque está aberto. Mas quando lá vão não é para procurar clientes, pois isso não é permitido por lá.

Depois desse episódio e da explicação da minha mãe, comecei a prestar mais atenção à clientela. Na esplanada (aberta até no Inverno) há para aí umas quinze mesas que se enchem dos mais variados tipos de gente. Quando a um Sábado de tarde vejo muitas famílias (carrinhos de bebé incluídos) sentadas a saborear um bom café (é mesmo!), eu passo e digo olha tantas... (umas vezes é só assim, outras uso o palavrão, conforme me dá na telha) e a minha mãe ri-se.

O episódio não é nada de especial, mas... ao mesmo tempo diz tudo sobre o preconceito de muitos portugueses por terras helvéticas. Tudo que saia da norma deles já não presta. Mulher que se senta sozinha numa esplanada está, obrigatoriamente, à espera de cliente. E isso é mesmo triste!!!

E o porquê desta história hoje?!? Ontem tive uma reunião no centro e também tinha que fazer umas compras. Mas, entre uma coisa e outra, tive que esperar que as lojas abrissem. Para fazer tempo, fui tomar café ao Gotthard (o verdaderio nome do café, que também de um passo entres os cantões Ticino e Uri, o nome de um túnel muito importante e ainda de uma banda de hard rock/heavy metal suíça). Pus-me a pensar há quanto tempo não me sentava numa esplanada num dia de semana de manhã a ler um livro em português. Depois pus-me a analisar o movimento à minha volta e quase que fiquei com a sensação  que estava na esplanada do Luanda numa qualquer Terça-feira de manhã: velhotas sem horários e homens de trabalho em trânsito, numa pequena pausa para café.

E desse pensamento sobre a normalidade das coisas saltei para a história da garota que ainda tem que aprender muito da vida para perceber que eu, e tantas outras!!, não procuro homens nem esplanadas de café, mas que gosto de me sentar sozinha a apreciar a carícia morna que o Sol nos faz numa manhã de nuvens.

Eu não perguntei isso...

Como se sabe, com o tempo vai-se aprendendo os gostos, manias e hábitos dos clientes. Um gosta de café com natas, outro sem açúcar. Há quem queira leite magro, quem queira espresso (café, aqui, é como um abatanado, e espresso é o nosso café/bica). Há quem queira queira café para levar e quem só coma o chocolatinho no Inverno.

Há um homem novo que quer café para levar, sem açúcar e com leite magro. Simpático, de fato, mas sem gravata. Tez escura e engraçadinho. Pensava que era turco. Mas como agora já começo a preparar o café antes de ele abrir a boca... ele sente-se mais à vontade para fazer pergntas pessoais. Terça-feira perguntou-me de onde sou. E ao saber que era portuguesa ele diz com sotaque de terras de Vera Cruz, então podemos falar português. E aqui a otária: ah sim!?! então de onde é que o senhor é?!?!

Quê?!?!?    o.O

Eu devia estar a dormir ou devo ter sido possuída por um espírito muito estúpido...
Remendei a coisa com... eu pergunto isso porque há cabo-verdianos que têm sotaque parecido ao brasileiro. Que vergonha!!!! Eu conheço uma pessoa, mas não sei se é regra!!!! A sério... quando reciocinei deu-me vontade de me enfiar pelo ralo do lava-loiças abaixo... :s

terça-feira, 22 de maio de 2012

Homens...

Na semana passada, os dois únicos homens da turma faltaram ao curso de francês. Hoje estive na conversa com eles antes da aula. Perguntaram-me o que tinham perdido, lá lhe dei umas ideias e depois acrescentei que tínhamos duas colegas novas. O plural em alemão é uma bela treta e não distingue femininos de masculinos ou neutros (die Männer, die Frauen, die Autos) e eles demoraram um bocado a perceber que eu me referia a duas médicas. O que fui eu dizer... bombardearam-me com perguntas sobre a beleza, a sensualidade, sobre o estado civil, a idade... de repente, vi o meu melhor amigo que mora em Lisboa sentado à minha frente... em duplicado...

Quando entrei na sala, disse ao que se costuma sentar ao meu lado: Há muita coisa cultural, aceite em certos países e recriminado noutros... mas os homens... são iguais em todo o lado. Como prova tenho-te a ti [austríaco] ao R. [suíço] e ao meu melhor amigo [português].

E depois espantam-se que sou solteira...

Não tenha medo!!!

Ontem às 14h57m aparece-me um homem a tentar entrar na loja. Pensei que estivesse de passagem e quisesse beber um café. Abri-lhe a porta e disse-lhe que não fazia mal serem dois ou três minutos antes da hora.

Ele saca de um cartão e diz Inspecção do trabalho. E eu pensei 'tás tramada!!! a abrir a porta antes do tempo... Afinal não. O senhor foi lá inspeccionar a parte burocrática do trabalho. Perguntou-me quanto ganhava, quantas horas trabalhava, se tinha contrato assinado e por aí fora.
Aquela inspecção serve principalmente para proteger os empregados, o Estado (evitar fugas aos impostos) e as seguradoras (evitar fraudes, poiso patrão é OBRIGADO a pagar o seguro de trabalho).

O meu patrão ficou extremamante aborrecido: em dois anos de existência da loja é a terceira vez e, por coincidência ou não, sempre com empregadas a trabalhar ali há pouco tempo. Parece sacanagem!! Pior, ele agora tem que enviar um monte de tralhas para confirmar o que eu disse e  que é um patrão decente.

No entanto, e ao contrário do meu patrão, mal ele sabe que estou aqui a falar dele, achei piada à coisa. Primeiro, porque nunca tinha passado por uma inspecção de trabalho e é interessante saber o que nos perguntam e porquê. Segundo, porque o homem passou o tempo a dizer para eu não ter medo. Está visto que ele não me conhece... se conhecesse saberia que sou das que gosta de ter documentos em dia, que não me atraso com pagamentos de tudo e mais alguma coisa (impostos incluídos), que não suporto trabalho ilegal e que, por estar fora do meu apís, ainda mais paranóica sou com essas coisas. Desse modo, jamais estaria ali de forma ilegal, com horários loucos ou um ordenado sub-humano.

Assim... medo de quê?!?

domingo, 20 de maio de 2012

A prova de que uma pessoa pode mudar

A minha mãe foi de férias a Portugal e trouxe-me alguns livros que lhe pedi. Um dá-me vontade de rir com a ironia... eu...  a pedir um livro sobre Fernando Pessoa...
Citando uma freira que me ensinou muito, só os burros é que não mudam... (mas atenção! eu ainda não disse que gosto de Fernando Pessoa).


Jardins suspensos

Deste fim-de-semana eu poderia contar muuuuita coisa. Mas tenho que ir fazer umas coisas antes de me deitar, assim fica o que me impressionou hoje por volta da hora de almoço.
Da janela da minha casa, vi um peqeuno jardim de papoilas e achei encantador.


Mas o impressionante da coisa é o que se pode ver nesta foto...


Sim!! As papoilas estão no telhado de um prédio (e, não, ninguém usa o telhado para nada!)...

A importância de ser alguém

Já para aí disse que as profissões mais conceituadas por estas bandas são economista e professor.
No entanto, toda e qualquer outra profissão é considerada importante, desde que seja útil. Deste modo, ter uma formação básica numa área qualquer é algo fundamental para se ser gente nesta terra.

Note-se que o facto de se ter formação numa área não é impeditivo de se seguir por áreas diferentes, fazendo novas formações ou mesmo arriscando sem ter conhecimentos nenhuns. Na estufa  trabalhei com uma assistende de dentista que ganhava mais do que outras pessoas porque tinha um Lehre (para assistente de dentista, não na área de jardinagem). Dizer que se tem um Lehre será mais ou menos dizer que se fez uma formação numa escola profissional. É a profissionalização ao nível mais básico. Muita gente faz essa formação e acaba por seguir para a faculdade, outros fazem um curso para depois descobrirem que não gostam e que preferem trabalhar num campo diametralmente oposto. Há de tudo...

Nesse Lehre pode haver níveis diferentes, muitas vezes relacionados com as capacidades intelectuais dos alunos. Faço um esboço em traços muito gerais, usando o exemplo que melhor conheço: área da jardinagem.
Pode-se fazer uma formação teórico-prática (com mais incidência na segunda) durante dois anos e fica-se qualificado como auxiliar de jardinagem (não como eu, eles têm um estatuto superior ao que eu tinha); pode optar-se por uma formação também teórico-prática de três anos e tem-se o estatuto de jardineiro.
A seguir a isto (ao curso de três anos) pode optar-se por: não fazer mais estudos e ir trabalhar para uma empresa de produção ou comercialização de plantas, para uma empresa de criação de jardins, etc.; ir trabalhar e fazer formações ao longo da vida activa, em função dos objectivos que se queira atingir (ser chefe de produção, chefe de expedição, relações públicas [até para vender flores é preciso isso!], chefe de grupo...); não trabalhar e ir fazer um curso de botânica (o J. tinha isso em mente, por isos regressou à Alemanha o ano passado); investir num curso de biologia (não sei se foi para a frente, mas a P. era uma garota que acabou o Lehre o ano passado e estava a pensar trabalhar um ano antes de entrar para a faculdade).

Mas seja qual for a opção de vida, é-se bem visto se no nosso currículo tivermos formação em qualquer coisa. Ter o equivalente ao nono ano português é coisa que pode levar a grandes entraves na vida profissional futura (eu acho que nem sequer é possível fazer isso, isto é, acho que ninguém tem a escola mínima acabada sem ter, no mínimo, esses dois anos de formação).

Se calhar, há gente que pensa... mas se não dá para ser doutor vai para as obras. Mas até aqui... até aqui, a formação existe e, como é óbvio, passa à frente dos que não foram à escola fazer o Lehre...

Há curso para as obras?!? Sim, há. E, atenção!, pode-se escolher a área: gessos (revestimento de paredes), pintura (até podem achar que não tem muita ciência, mas há muitas raparigas a aprender a pintar paredes!), carpintaria, montar elementos, pedreiro (depois existem níveis, se não me engano, de A a C), etc. e tal.

Há cursos para tratar de animais pequenos e grandes, para agricultor, para podador de árvores, agora parece que está outra vez em voga ser ferreiro em Portugal, mas aqui nunca passou de moda (conheci uma miúda que queria ser ferreira e só não foi aceite porque os pulsos dela eram pequenos demais para ter força para agarrar nas tenazes!!), aprende-se a fazer bolos e pão, aprende-se a coser roupa, a vender roupa, a ser caixa de supermercado e de banco. Ser carpinteiro ou serralheiro implica passar pelo banco da escola para aprender a a medir com metro, régua e esquadro, mas também pela serrelharia ou serração, conforme o caso.

Aqui não há cursos para ricos e trabalhos para pobres. Há, sim, o entendimento geral e implícito de que todas as profissões são úteis e dignas e que a formação (de base e contínua) é importante.
Por isso é tão comum, e nada de espantar, ver limpa-chaminés imundos à hora de almoço (o meu espanto foi ele estar limpo!!). Por isso os carpinteiros continuam a usar as suas calças de bombazine, por isso uma mecânica apanha o autocarro com as mãos cheias de massa consistente ou um pintor é identificado ao longe por causa dos milhentos salpicos de tinta na roupa, na cara, no cabelo...

Embora me tenham dado uma explicação para o status de professor e economista, não sei porque é que um Kaminfeger é símbolo de sorte. Não sei se é porque limpa o lixo, permitindo que entrem boas coisas pela chaminé, se é por ser um "susto", quando está imundo, e espanta o azar... Mas, uma coisa é certa, se os limpa-chaminés fossem uma coisa desprezível, além de ninguém querer ter essa profissão, não era coisa que se oferecesse aos amigos no virar do ano...

Esta é uma das diferenças entre a terra das vacas e a Tugolândia que me agrada.

Os cursos de pedreiro também existem em Portugal, mas quantos optam por frequentar um?!?! Cruzes!!! Que vergonha!!! ou ainda Credo!!! Ele anda sempre cheio de fuligem!!!

As pessoas, aqui, são respeitadas pelo que são e não pelo que são.
Assim, e ao contrário de outros sítios, o limpa-chaminés não é só referência na literatura infantil traduzida, como disse a Teresa. O limpa-chaminés é alguém!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A atracção pelos uniformes

Ao escrever o último post, lembrei-me do uniforme que eu mais gosto é o de carpinteiro (Zimmermann).
É em bombazine, as calças são largalhonas em baixo e depois... com aquelas correntes e botões bem grandões... Acho que não há uniforme masculino mais interessante à face da terra!!!
Não sei o que usarão as mulheres, mas se usarem algo semelhante e formos a ver qual o uniforme mais interessante... no feminino a coisa já ficaria empatada com alguns uniformes de hospedeiras (ou se quiserem, assistente de bordo).

Não sei se na Alemanha não se usará algo do género... é que eu achei esta imagem num site alemão de uniformes.



E eu sou das aves raras que nunca se sentiram atraídas por um homem de farda...

der Kaminfeger

Hoje aconteceu-me uma coisa lá na loja...

À hora de almoço apareceu um alemão simpático para comprar qualquer coisa para comer. Estava imuuuuundo, como é normal para um limpa-chaminés.

Umas horas mais tarde apareceu-me o mesmo homem. Todo lavadinho. E eu só o reconheci quando ele falou (ele deve ser lá do norte da Alemanha, eles têm um falar mais doce, parece que são "sopinhas de massa" a sussurrar, mesmo que falem alto).

Sinceramente a diferença foi tal que eu desejo profundamente que a minha cara não tenha demonstrado o meu enorme espanto. Não quero que o alemão pense que frequenta uma loja com uma funcionária louca!!!!

A sério... nunca pensei que um banho e outra roupa pudessem alterar tanto o aspecto de uma pessoa. E nada de comparar gente que veste sempre calças de ganga e depois aparece em fato completo, estou a falar de mudar de roupa "casual" preta (o traje do limpa-chaminés por aqui) para roupa casual um pouco mais clara.

Acrescentando umas coisas ao tema...
Por aqui (neste cantão, pelo menos), é obrigatório limpar a chaminé uma vez por ano. Quem não o fizer tem que se ver com a protecção civil. E a limpeza da chaminé tem que ser feita por profissionais qualificados! Nessa limpeza, através de um cálculo por detritos, encontrados em depósito específico, fica-se a saber quanto tempo a lareira (ou o fogão a lenha) esteve acesa. Se exceder o tempo permitido para aquela chaminé, pagam uma multa. Com isto, fazem um controlo de segurança, prevenindo incêndios. Mas também um controlo de emissões de poluentes para atmosfera.
Interessante, não?

Também acho interessante a fatiota tradicional (muitos já só usam t-shirts pretas) do varredor de chaminé (tradução literal do alemão); o facto de muitos continuarem com a roupa tradicional, apesar de usarem as melhores tecnologias para trabalhar; e ainda o facto de o limpa-chaminés ser um símbolo de sorte (na altura do Ano Novo é comum ver trevos de quatro folhas à venda, com um boneco espetado no vaso, para dar sorte no ano que chega).



Amarelinhas

Tem estado um frio horrível. Se me dissessem que vai nevar esta noite eu acreditava.
Hoje de manhã a A. (uma colega da loja com quem ainda não trabalhei) apareceu lá no trabalho e ofereceu-me flores. Assim... do nada! Fiquei... simplesmente feliz...


E o meu dia aqueceu!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A sério?!?!

Fui aos Correios tratar de umas coisas e quando cheguei perto da porta pensei: Que porcaria! Parece uma lixeira!! Esta canalhada bruta não aprende as regras?!?! Quando vou mesmo para entrar, reparo que tinham sido tugas a fazer  a porcaria (e agora não sei se grandes se pequenos...).
Como sei eu isso? Estava lá uma caixa tipicamente portuguesa: Pastéis de Belém desde 1837.
Se fosse um suíço a comprar ou a receber uma coisa daquelas ia sentar-se em sua casa a saborear o pitéu (coisa bem relativa!!) descansados da vida e de modo a não lhe cobiçarem o pastel! Mais... os suíços, quando fazem lanches fora, vão para um jardim público, para a beira de um rio. Não ficam à porta de um posto de correiros, sem bancos, sem mesas ou sítio para colocar uma toalha de praia... E por fim, os suíços, por medo de uma multa ou por respeito real pelo meio ambiente, não costumam deixar uma lixeira daquelas com um caixote do lixo a menos de dois metros!

Não entendo isto, nunca entendi e nunca entenderei... :s

domingo, 13 de maio de 2012

Que bebedeira!!!

Eu devia estar com os copos quando resolvi comprar a bicicleta. E agora estou a sofrer com a ressaca (Kater)....

Como sou preguiçosa e preciso de desporto, por razões médicas pois até estou bastante elegante para a vida que tenho levado, achei que ir para o trabalho de bicicleta seria uma óptima ideia. Parvoíce completa!!!!
Esta semana fui e vim todos os dias de bicicleta para/do trabalho. Que canseira...
Eu não sei se é porque nunca ter tido uma bicicleta, logo falta-me experiência, ou se é porque eu tenho que subir e descer uma pequena (gigante, no contexto!!) montanha, ou se são as duas coisas combinadas!!! O que é certo que esta semana eu dei cabo de mim. A única sorte é que os meus músculos não entraram em ressaca (Muskelkater).

Mas há uma coisa positiva que posso tirar da minha bicicleta... posso fazer fotos giras. :D:D
A primeira tirei-a no dia em que comprei a minha querida bicicleta. Tinha passado no quintal e apanhado as túlipas.
A segunda tirei-a na Sexta. Pionias e livros. As pionias são do meu quintal e os livros estavam lá perto. Aqui é comum encontra coisa em bom estado junto aos passeios para os outros levarem para casa. Agora tenho a Mary Poppins e As Aventuras do Poderoso Vania, em alemão, e um livro de contos infantis escrito em alemão suíço... :D



Kater, além de ressaca e de estar associado a dores musculares, ainda pode ser traduzido por gato, em alemão!!

Dias assinalados...

O ano passado o dia da mãe foi assinalado pelo Google da mesma forma, tanto no primeiro como no segundo Domingo de Maio.
Este ano resolveram fazer doodles diferentes. Um para o primeiro Domingo e este para o segundo, usado em países em que só hoje é dia da mãe e domínios como o .ch...

A animação é engraçada.... os /o/ são as crianças que se atiram ao colo da mãe /g/. Feliz dia! :)

domingo, 6 de maio de 2012

é para me sentir bem

Ora bem, a legalização da marijuana pode tirar Portugal da crise. A legalização da marijuana acaba com toda a violência. A legalização da marijuana cria postos de trabalho.

Eu já achava que o argumento da saúde para a legalização da marijuana era parvo, mas estes...

Pelo menos não disseram que não tem qualquer efeito secundário, pois eu conheço alguns moços que destruíram as suas vidas com marijuana porque viviam em sítios onde ela era tolerada (diferente de legalizada!!)...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Ironias da vida com sabor agri-doce

Os meus novos patrões moram na mesma rua onde os meus pais moraram durante 14 anos. E moram no último andar do prédio onde a minha chefe da estufa mora. Ela ainda não sonhava que vinha de Berlim para aquela rua e eu já a conhecia de ponta a ponta.

Hoje ouvi umas 10 vezes (sem exagero) da minha nova chefe que estavam completamente begeistert (entusiasmados) comigo (sabe bem ouvir isso, mas tenho medo que me ponham a fasquia muito alta!).

Ao fim do dia, a B. (uma colega que trabalhou comigo na estufa e me disse para procurar trabalho na loja) apareceu por lá para saber como eu estava e fazer algumas compras. Conversa puxa conversa e fiquei a saber que a vaca que foi a grande culpada de eu me ter demitido, foi transferida. Fiquei mesmo muito feliz. Ela não pode mandar tanto na outra estufa e, melhor que tudo, o patrão está lá o tempo todo. E se ela tem medo dele... assim medo de morte mesmo. Estou mesmo feliz.

No entanto, estou cá com uma raiva...

Que ninguém me interprete mal, eu gosto do que estou a fazer!! É, no mínimo, menos cansantivo. E as pessoas (patrões, colegas de trabalho e clientes) têm sido fantásticas comigo.
Mas... eu adorava as minhas flores. O meu chefe disse-me que eu não podia ficar por causa daquela vaca e agora transferem-a?!?! Agora?!? Em plena época alta?!?! Ela deve ter feito algo mesmo jeitoso.
Foi tarde, mas acordaram... Se o tivessem feito mais cedo... eu estaria lá. Hoje teria chegado a casa às 9h da noite (para cúmulo hoje eu vi a minha ex-chefe a chegar do trabalho!, por isso sei a que horas teria chegado a casa), exausta de puxar contentores ou andar a apanhar malmequeres em vasos de 13cm. Se tivessem visto mais cedo, eu não teria estado seis meses desempregada, a enlouquecer em casa. E, acima de tudo, eu não teria sofrido tanto como tenho sofrido com isto tudo...

Eu sei que tenho que olhar em frente, esquecer a estufa e mais não sei o quê, mas foram três anos muito intensos e eu não tenho sangue de barata...

A sério, não há palavras que expliquem o que estou a sentir...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Eu sou tão parva

- Tem cordão?
- Cordão? Como assim cordão?
- Não sabe o que é cordão?
(ligeiro acenar de cabeça como resposta negativa)
- Cord. (isso mesmo, em inglês)
- AAAAAHHH! Cordão! Temos sim.

Eu sou mesmo parva. Eu sabia que Schnur era cordão. Foi uma coisa que aprendi muito cedo na estufa, pois era material usado de forma recorrente. Mas, trol que sou... pensei que a mulher queria comprar qualquer coisa para comer! Um bloqueio cerebral mesmo parvo!!!!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Estes miúdos...

Eu cá acho que vou ter muitas historietas para contar...

Não é que um puto hoje me aparece com uma ficha de casino (de brincadeira) para pagar?!? Eram três pirralhos que estiveram a decidir quem é que fazia a  graça.

Tenho para mim que devo ter feito um olhar assustador*... é que o puto, numa fracção de segundos, arrependeu-se e recolheu a ficha... :D

*É mau eu fazer cara feia, mas se não for assim... qualquer dia pilham-me a loja e eu não posso fazer nada.