domingo, 30 de março de 2014

Cambada de bocas sujas

Eu, que sou uma moça de dizer e escrever palavrões com alguma frequência, estou chocada com os meus colegas de trabalho!!!

Começou o meu choque com a minha chefe quando ela disse que sabia dizer foda-se e mais não sei o quê (ela disse tão mal que eu não percebi que palavrão era). Eu lamentei-me logo, pois não entendo como é que o pessoal só aprende e/ou ensina palavrões. Como disse, sou moça de palavrões, mas recuso-me a ensiná-los. Se querem aprender palavras soltas em português hão-de aprender coisa que jeito tenha!

Pensei que, com esse meu comentário, ela percebesse que eu dispenso foda-se no meu local de trabalho. Mas parece que não. Já por duas vezes que a ouvi a dizer essa palavra. Uma virou-se só me apetece dizer foda-se. Perguntei-lhe o porquê. Porque sim. QUÊ?!?! Se quer dizer palavrões só porque sim que os diga na língua dela... Não tem piada nenhuma.

Acho que o palavrão ajuda imenso a descomprimir. A sério que acredito, mas que os diga na língua dela e nunca só porque sim!!! Tenho estado pouco com ela, mas se se volta a repetir acho que me passo!!!

No entanto, o palavreado é mesmo abrangente... e pior que tudo é que os meus colegas gostam de dizer sonoros shit e Scheisse (sinónimos!!) em qualquer parte da loja. Da cozinha minúscula tudo se ouve... Na hora de fazer um café e algo de errado se passa... ninguém tem cuidado e pudor. É uma atrás da outra... acho que até um fuck por lá ouvi...

Como disse, sou utilizadora de palavras menos bonitas, mas mesmo assim... acho que cada coisa tem o seu momento e contexto. Se fosse uma cliente não iria ficar satisfeita se ouvisse um funcionário a dizer merda enquanto me preparava o café. Nunca se sabe se o funcionário teve um azar e se queimou na máquina do café ou se simplesmente está farto de servir cafés...

E agora?!? Tenho que aturar esta escatologia diária?!?! Ou será que estou a exagerar?!?! Naaaa... acho que não!

quinta-feira, 27 de março de 2014

Eu pensava que os sapatos com sola vermelha eram Jimmy Choo...

Ontem trabalhei com a iluminada (aka Luzia). Estava eu a arrumar colheres e guardanapos quando ela se vira:
- Agora toda a gente quem uma mala da marca [não percebi]. Eu olho para ela com cara de quem não entendeu.
- Aquela mala, sabes do (da?) [continuei sem perceber]. E continuo a olhar e ela lá aponta para uma cliente que ia mesmo a sair. Eu disse-lhe:
Aaaaaaah. como quem diz, sei lá do que é que estás a falar.
- Ah! é como o ano passado e a mala da marca [sei lá o quê]. 
- Eu não sei. Não ligo para moda, esclareço.
- Sabes aquelas que tinham uma coisa que fechava por cima?!?! (Não têm quase todas qualquer coisa para fechar por cima? Ou há malas que fecham por baixo e eu não sei?!?).
- Não. Eu não ligo a moda.
- Mas sabes aquelas que...
- Eu não ligo nada a moda. Conheço nomes mas são daqueles já velhos e mais nada.
- Mas...
- Não ligo.
- A sério?!?
- Sim.
- Mas nada mesmo?!?
- Nada MESMO!
- ah... diz-me ela como se fosse a maior decepção do mundo.

Oh por favor! Eu compro roupa quando preciso. De vez em quando posso estar a passar em algum lado e compro algo engraçado. Há tempos comprei uma bolsinha no aeroporto de Lisboa que descobri quando andava a fazer tempo para embarcar. É em tecido com estampado que lembra os lenços de Viana. É uma loja de produtos portugueses, já lá entrei uma data de vezes para comprar miminhos para a minha Maria, agora se me perguntam como se chama... eis o que ligo às marcas/nomes de produtos e lojas...

Se é para perder tempo é numa livraria. Se é para gastar dinheiro é em livros (estou desejosa que este chegue). Quem quiser gastar em trapos... go ahead... mas não me chateiem com roupa e não se admirem se eu não ligo a roupa. Pois eu acho bem mais assustador não ligar a livros!

terça-feira, 25 de março de 2014

Hoje estou mesmo chateada!

Estava ler aquela notícia do crime hediondo perpetrado pelo padeiro de Rechousa (o suposto roubo da quantia astronómica de 70 cêntimos de euro) quando vejo mais abaixo uma série de links para outras notícias. Umas já conhecia, outras não me despertam qualquer interesse, por isso não abri nenhuma das ligações. No entanto... só os títulos já dizem muito....

Português detido com cinco quilos de heroína na Sérvia (dizem que a Sérvia até que é bonita, não haverá nada mais interessante para fazer por lá?!?)
Apanhado com quatro quilos de cocaína em navio de cruzeiro (é fino hein?!?! cruzeiro e tal...)
Suspeito ferido em assalto em Tires está em coma induzido (fazem merda e ainda temos que lhe pagar tratamento com coma induzido. e se ele morre, coitado do polícia que disparou! sim, eu sei a gravidade deste comentário!)
Pagou 100 euros a coveiro para lhe entregar urna da avó (isto é anedota?!?)
Pena suspensa para educadora acusada de maus-tratos a bebés em Esposende (e isto? é um atentado à sanidade mental de pessoas de bem?!?)
Chinês com visto gold detido em Portugal opôs-se ao pedido de extradição (a sério? porque será?!?! agora deixem-no ficar... à solta de preferência!)
Quatro encapuzados agrediram idosa em casa para roubar nove euros (devem faltar zeros. só pode. ninguém bate numa idosa por este valor. ou melhor, ninguém bate em ninguém por este valor)
FBI denunciou 52 casos de pornografia infantil em Portugal (sabem que profissão deveria ser recuperada?! capador)
   


 

tanques, só para lavar roupa!

Eu sonhei ser militar. Sonhei ser polícia. Sonhei saber manusear pistolas. Lembro-me em miúda, na primeira vez que passei férias cá, ter ficado admiradíssima quando vi pela primeira vez um tanque de guerra. Aqui é comum eles andarem de um lado para o outro em cima de comboios.

Com o tempo perdi o encanto por estas coisas todas. Não tenho qualquer interesse em aprender a disparar, embora a coisa mais fácil de arranjar nesta terra seja uma arma (a sério!!). Habituei-me ao campo de tiro que fica a uma certa distância de minha casa, mas que se faz ouvir com insistência nos Sábados de Verão. Habituei-me a ver os militares a andarem no comboio com a espingarda presa ao saco e aos homens na reserva a irem de bicicleta para o treino de fim-de-semana com arma às costas.

O supermercado onde trabalhei era junto ao campo de tiro e percebi que os tiros não têm nada a ver com o que se ouve nos filmes. Eu já calculava, mas não conhecia o som de um verdadeiro tiro assim "ao vivo" e perto de mim. Só sei que no dia em que os ouvi pela primeira vez fiquei desesperada pois a minha mãe tinha ficado de me ir buscar e nunca mais chegava e aquele som também não parava.

E a última vez que me admirei com um tanque de guerra foi em Novembro quando eu a sair de Viseu e a querer entrar no IP3. Numa da milhentas rotundas da linda cidade museu um camião militar deu mal a curva (ou a carga ia mal acondicionada) e estava o tanque inclinado meio cai-que-não-cai.
Ou seja, só por causa de um fenómeno tão estranho com um tanque meio tombado é que fiquei espantada. Há muito que o cenário (pseudo)bélico me assusta.

No entanto, hoje tive das histórias mais assustadoras que já vivi até hoje. Por volta das 6h30 da manhã, depois de uma noite muito mal dormida acordo com um estrondo ensurdecedor. Deixo-me ficar quieta, pensando que era barulho nos cabos do eléctrico. Mas não! Era bem mais forte e troante. Levanto-me num pulo e ponho os óculos. Não costumo ser tão nervosinha com barulhos estranhos, mas o cansaço da noite ajudou à festa. Olho para a rua e qual não é o meu espanto quando vejo tanques de guerra a entrar no parque de estacionamento da estação aqui à frente de casa. A cena era tão surreal que havia imensa gente a fazer fotos com os telemóveis. E continuava a ser tão surreal que eu pensei que estava a dormir. Como não conseguia ver mais nada da minha janela fui para a sala e tive uma perspectiva melhor da coisa. Contei 3 tanques, uma carrinha e um jipe, mas sei que havia pelo menos mais uma viatura. E com a mesma rapidez que entraram no parque, saíram (saída e entrada são em sítios diferentes), formaram coluna e foram-se. Não demorou cinco minutos. Eu estava exausta e fui para a cama.

Mas já não dormi nada de jeito!!! Mesmo sem querer, pus-me a rever a imagem do tanque a entrar a toda a brida no parque. Entrada que todos os condutores (incluindo os jovens inconsequentes) fazem com calma e cuidado. Para aqueles monstros, como é óbvio, não era nada! O barulho das lagartas a bater no chão ainda me fere os ouvidos (e tenho um apartamento bem isolado!). E depois aquela coluna militar aqui à porta num bairro pacato e silencioso o ano todo...

Foi arrepiante! Se antes eu já achava que poderia ter um chilique só com o soar das sirenes, com esta coisa que aconteceu hoje aqui à porta eu sei que terei um ataque cardíaco e caio dura se algum dia tiver que passar por uma guerra.

Como disse à coisa de um ano... que se levante as mãos ao alto e que se agradeça por não se viver tal pesadelo e que se torça para que pesadelos destes sejam cada vez menos e cada vez mais curtos!

Liberdade, para mim, é outra coisa

Acabei de ler um post no livro das caras que reza assim:

A liberdade está vencendo
EUA aliviarão penas para crimes não violentos ligados às drogas.

Ou seja, a liberdade vence quando se facilita a vida dos dealers só porque eles não usam uma naifa permanentemente?!?!?

Huuum! Tenho cá para mim que me estou a tornar conservadora...

segunda-feira, 24 de março de 2014

No cards. Just cash.

Os americanos são as figuras mais tristes que aparecem na Europa. Pleeeeeeease!! eles não olham para o umbigo deles. Eles são um umbigo gigante.

Na Sexta-feira o nosso aparelho para pagamentos com cartão deu o berro perto da hora do fecho. Não havia volta a dar a não ser dizer aos clientes que só aceitávamos pagamento em dinheiro.
Um americano branco e gordo de sobretudo (lembrou-me Animal Farm!) saca dos dólares e do cartão e pergunta ao meu colega se aceitam pagamento de alguma daquelas coisas. O meu colega, hesitante, virou-se para mim e eu comecei por dizer que não podíamos aceitar cartões. No cards? Where no cards? interrompe-me o porco. Eu não conseguia explicar-me simplesmente porque o otário chauvinista não me deixava falar. Berrava e esbracejava como se eu o tivesse tratado mal. A sorte é que o meu colega chamou o chefe de serviço que lhe levou o cambio do dólar de 1 para 1.
O palhaço quis armar-se em esperto... mas o Z. deu cabo dele. Bem-feito!!!

domingo, 23 de março de 2014

Chichinha e batatinhas assadinhas... isso sim!

Se eu não tivesse dois problemas, era capaz de passar a vida a comer ração de combate. Um é eu sentir necessidade de saber distinguir o que estou a comer (com excepção para os hamburgers de uma certa marca, mas a regras são mesmo assim: com excepções). O outro é eu gostar de comer à séria: sentar a uma mesa posta com cuidado (não precisa de requinte) e servir-me de comidas cheirosas e suculentas. Huuum...
E por que digo eu que comeria ração de combate? Porque na teoria uma ração tem todos os nutrientes, proteínas etc. e tal necessários à sobrevivência do corpo. Além disso, ração de combate é muito prática: abre-se o pacote e engole-se.

Esta ideia parva veio-me à cabeça por causa de uma reportagem que vi há dias sobre gente que gosta de comer tudo cru. Ah porque me sinto muito bem. Porque me sinto muito leve . Porque isto e porque aquilo. Primeiro... a mulher com um paleio destes e tinha umas olheiras como as que eu costumava ter depois de andar 2 ou 3 dias na borga no tempo da faculdade. Amarela e anémica é a imagem que ela transmite.
No seguimento da coisa fala uma nutricionista e a única coisa que consegui guardar foi: dieta crudívora tem os seus riscos. Imagino porque será...

Mas o que me levou a ficar com muita urticária foi o que disse a tal da senhora que está mais leve com a dieta dos coelhos: tomo um suplemento vitamínico e alimento-me de coisas cruas.

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah Assim também eu tinha uma dieta do caraças. Mas o mais engraçado é o que eu tenho visto no contacto com muita gente com dietas "malucas". Dois vegetarianos tiveram que deixar de ser vegetarianos por falta de proteína animal (como só conheci dois... 100% de fracasso para uma dieta sem proteína animal). Conheço uma família que foi para as homeopatias e complementos vitamínicos e mais não sei o quê, resultado: cinco elementos da família desenvolveram alergias a muitos alimentos. O único que não desenvolveu alergias foi o pai. E porquê? Come carne e peixe e crus e cozidos e o raio e não toma suplementos vitamínicos....

Não digo que de vez em quando não se tenha que tomar suplementos. Mas virem-me com a canção do bandido... e o problema é que muita gente não questiona e aceita esta gente bué fixe como exemplo máximo!!!

Quem me tira um prato de iscas de fígado (sem cebolada) com batata cozida ou uma sardinha assada a escorrer para cima da broa...

quinta-feira, 20 de março de 2014

Não haverá uma Luzia decente?!?

Luzia: Luzia é um nome de origem grega, que significa "a luminosa" ou "a que irradia luz".
Até ontem eu só conhecia uma Luzia. E considerava-a estúpida como uma porta. Hoje conheço duas. E considero as duas estúpidas como portas (coitadas das portas que não têm culpa).

Ontem à noite disse à sub-chefe que tivesse atenção com o nome Luzia que não é o mesmo que Luísa e se ela escrever mal num recado ou no plano de trabalho pode gerar confusões. Ela ah pois é, o i é depois (tirando o facto de ter um z e não ter acento...). E já que estávamos nesse tema, perguntei de onde vinha a colega Luzia, que eu ainda não tinha visto. Ah não sei. Ela fala dialecto [alemão] sem acento...
Ok! era só curiosidade. Tinha tempo de a conhecer. Não precisei de esperar muito. A figura apareceu hoje.

Comecemos pelo começo. Estiveram 20 graus na rua e ela trabalhou de cachecol, dentro da loja. Mete-me confusão este tipo de andamento. Mesmo que a pessoa não sinta, se não estiver fresca (sem roupa em demasia, hidratada, com o sono em dia, etc.) o rendimento não é o mesmo. Se o rendimento não é o mesmo... os outros é que têm que trabalhar a dobrar. E mesmo que trabalhe a dobrar, eu não recebo a dobrar!

Como novata que é (começou esta semana) acha que deve estar no paleio com as amigas. Sai de trás do balcão e vai abraçá-las e tudo. Deixando, imagine-se, o resto dos clientes à espera. Calma, Luisinha!! Muita calma. Ignora a anormalidade...

Como é óbvio, os gelados têm que ser reabastecidos. Temos um congelador gigante na cave onde está a maior parte dos gelados. Temos o balcão que tem uma caixa de cada. E temos um frigorífico no andar da loja onde temos os gelados para reabastecimento imediato do balcão. Como a moça ainda é mais novata do que eu, achei melhor ser eu a reabastecer os gelados. Ela tem tempo para aprender essas coisas... Fui buscar uma caixa, mas como havia muita gente, preferi meter a caixa no buraco correspondente e deixar para arrumar mais tarde os restos do gelado presentes na caixa antiga. Ela, sem ninguém lhe pedir, deixa de atender os clientes (uma fila de mais de 10 pessoas) para ir juntar os restos de gelado da caixa antiga à caixa nova. Quando olho para o lado, está a crominha a juntar Crème Brulè  ao Double Cream and Meringues. Mas quem é que lhe encomendou o sermão?!?!? Mandaram-na para o scooping (fazer bolas), por que raio foi ela fazer aquilo?!?! Além disso... ela é assim tão parva que não vê que um gelado é amarelo com caramelo e o outro é branco?!?!?!

Mais tarde, andava eu para trás e para afrente com caixas, ela volta a deixar os cliente pendurados porque queria ir deitar fora as caixas vazias. What?!?! Quem substitui as caixas de gelado vai busca-las à cave quando é preciso, limpa a mesa onde se colocam as caixas de gelado a apanhar ar (quase como o vinho : D) e deita fora tudo o que não seja necessário e/ou incomode por ali. Mas ela deixa-me os clientes à espera quando eu estou a fazer esse trabalho?!?!

Mas atenção... o mais ridículo foi  ao fim da tarde: fila enoooorme à porta. Eu a reabastecer os gelados e ela a no scooping. Como a fila era mesmo enoooorme e os gelados aguentavam para mais um pouco comecei também eu no scooping. Ela, descansada da vida, começa a colocar os papelinhos nos cones (um chapéu de papel, para a coisa se tornar mais higiénica). Esse trabalho só se faz em todos os cones se não houver clientes (à noite ou antes do abrir da porta ou até num dia de chuva), se houver clientes, coloca-se um chapéu sempre que se precisa de um cone. Isso mesmo, um a um. Mas ela achou que era porreiro estar a pôr papelotes nos cones e os clientes à espera... Eu virei-me para ela e disse-lhe que parasse de fazer isso e fosse vender gelados. É que ela, mesmo sendo novata, já tinha tido tempo para ver que os papéis se põem um a um, bastava pensar hoje de manhã não houve tempo para os colocar!! Olha que pôr mais guardanapos nas caixas e colheres de plástico nos copos ela não o fez!!!!!!

A minha sorte é que que eu arranjo sempre qualquer coisa a que me agarrar. Hoje, logo pela manhã, uma cliente fez-me ganhar o dia.

- Deseja o nosso cartão de fidelização?, perguntei eu.
- Não, obrigada. Não venho assim tantas vezes aqui. Mas você tem um sorriso muito lindo. Coisa cada vez mais rara em Zurique.

Se não fosse isto, não sei como teria tido um dia luminoso. Porque a tal da Luzia não irradia luz, que o que ela irradia é mesmo estupidez num estado puro!

segunda-feira, 17 de março de 2014

'tamos entregues aos bichos

Eu já me estava a esquecer de uma história deveras interessante. Só me lembrei dela porque hoje apanhei uma romena a vasculhar no lixo e a carregar trabalha para uma carrinha de matrícula de Bayern.
Na semana passada estava eu muito bem atrás do balcão quando aparece uma velhota bem baixinha. Tinha um toutiço como as avozinhas e um dente de ouro como as romenas. Baixinho, perguntou-me se alguém ali queria ler a mão. Como pensei que estava a perceber mal a coisa pedi-lhe para repetir. Ler o futuro, reformula ela.
Com um sorriso enorme (era mais a vontade de me rir do que a educação a falar) disse-lhe que ninguém tinha interesse. Além de não acreditar nisso, para se fazer esses trabalhos tem que se ter uma credencial. Não, não é uma credencial da Associação de Cartomantes (se é que isso existe) é uma autorização para desenvolver esse tipo de actividade, tal como a loja tem uma autorização para vender gelados ou as prostitutas pagam para vender o corpo...

Isto agora... é casas assaltadas, é catadores de lixo, é videntes de meia tigela... Depois admiram-se que os outros querem "fechar" fronteiras.

domingo, 16 de março de 2014

Andere Länder, andere Sitten*

Eu sabia que ao ter histórias para contar...
Oito dias de trabalho e já há um monte delas!! Mas hoje fico por uma só, que estou demasiado cansada para estar mais tempo em frente ao computador.

No dia em que fui experimentar o trabalho, percebi que a chefe falava muito inglês com algumas empregadas. Pensei, Que cool! Falantes de inglês e desenvolvo o meu inglês esquecido!
Mas no primeiro dia oficial de trabalho percebi que das duas uma, ou meu inglês estava pior do que eu pensava ou aquela gente não era nativa de inglês.
Com meia dúzia de pesquisas no Google e umas perguntas no Face percebi que afinal eu até estou muito bem se contar com o facto de há anos não ter uma conversa em inglês que dure mais de um minuto. Mas ainda assim, para tirar teimas, perguntei a uma delas de onde vinha. Ela falou tão bem que agora não sei...  ela é ou da Lituânia ou da Letónia ou até, quem sabe, da Lapónia. Mas pronto, pelo menos confirmei que ela não era nativa de inglês burra.

Ontem, estava eu a fazer cones de gelado, quando essa mesma me entra na cozinha a perguntar se sei falar inglês. Como lhe respondi que sim, ela disse-me que eu tinha que falar com ela em inglês e não em alemão. Was?!?! (que é como quem diz What?!?! que é como quem diz... vocês sabem o quê). Se ela fosse inglesa, americana, australiana... eu ainda era capaz de aceitar a ideia, pois eu desenvolvia o meu inglês. Agora... ela fala pessimamente alemão e é moça para dizer i go to break quando quer avisar que vai fazer uma pausa. Bolas!!! Se não quer aprender alemão, azar o dela, mas não se ofereça para me desfazer os meus conhecimentos de inglês!!! Eu paguei um curso de alemão, se ela não quer... por mim é na boa, mas que não ofenda a minha inteligência!

Além disso, nós estamos em Zurique, aprendam a falar a língua de cá! Ou não sabem uma de alemão, não entendem os clientes e ainda dizem que eles são mal-educados?!?! Tenho que lhe ensinar o valor do ditado when in Rome be a roman!


*Pode ser equivalente a ao em Roma sê romano, mas serve mesmo para cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.
cada terra com seu uso, cada roca com o seu fuso

Sitte In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-03-16].
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/alemao-portugues/Sitte

quarta-feira, 12 de março de 2014

Acho que me estou a apaixonar...

...pelo meu neurologista.
Quase que me mata de susto com o resultado da minha última ressonância e que tenho que mudar a medicação e mais não sei o quê. Mesmo sem o homem ter culpa... fazendo como os romanos, quase tive vontade de bater no mensageiro.
Hoje fui lá para saber se o meu sangue tinha gostado da Dinamarca e, mais importante, se a Dinamarca tinha gostado do meu sangue. Parece que sim, que até posso fazer tratamento mais forte porque as análises tão limpinhas!

Mas neste entretanto o homem ficou com dúvidas: se eu não tenho sintomas, apesar de ter manchas novas, qual a melhor solução?!? Para ser sincera, fiquei com a impressão que nunca lhe apareceu uma paciente do género à frente (como me sinto especial). Então, lá foi falar com os colegas (como me sinto importante) e depois de me expor várias hipóteses chegámos à conclusão que fica tudo em águas de bacalhau. Ou seja, vou continuar a injectar-me em casa e a ressacar todas as Segundas. De todos os cenários, este é o melhor. Assim, fiquei com vontade de o beijocar todo.

É que é coisa de sentimentos contraditórios... e se esta mistura de sentimentos não é amor, não sei o que lhe chame... :p

Copo ou cone?

Depois de umas quantas aventuras de tentar encontrar trabalho, lá encontrei um muito aliciante. Candidatei-me e fiquei toda contente com o que ouvi na entrevista colectiva. Primeiro ponto, antes de começar, o Elvis (eu juro que o rapaz giro da agência de trabalho se chama assim) disse-nos logo vocês não estão a concorrer uns contra os outros, eu preciso de vários empregados, mais do que os que aqui estão. Tendo em conta que as experiências anteriores me tinham deitado abaixo e já estava farta tanto de estar em casa como de enviar currículos... fiquei logo mais animada. O segundo ponto foi o ordenado. Não vou ficar rica, mas também não me posso queixar.

Fui lá no Sábado da outra semana experimentar o trabalho. Quatro horas, nada antipático o trabalho. Ficou combinado que a chefe me iria telefonar na Segunda para acertar mais pontos. Como combinado, à meia tarde, liga-me ela a pergunta se poderia ir no Domingo (passado) para trabalhar mais umas horas (estas já seriam pagas) para ter a certeza que gostava da coisa. Concordei, mas na Sexta telefona-me ela a perguntar se poderia ir já no Sábado porque o clima prometia.

Pois bem, fui Sábado e gostei e não deixei ninguém ficar mal. No Domingo ia morrendo. Considerei despedir-me antes de assinar o contrato. Foi tanto trabalho, mas tanto trabalho, mas tanto trabalho que eu fiquei com os dedos com bolhas (e o pior é que foi nos nós dos dedos e não na palma da mão). Pensei para mim, não há dinheiro que valha este sacrifício. Mas depois percebi melhor a coisa. Estamos em Março e este ano não houve Inverno. Temperaturas amenas é coisa que não nos largou e desde o final da semana passada que estamos na Primavera. Isso fez com que todos os suíços saíssem à rua para apreciar o Sol e esperar mais de meia hora na fila dos gelados. Isso aliado ao facto de a chefe de equipa não estar a contar precisar de uma equipa grande em Março (seria de esperar mais para a frente e não agora).
Ontem foi mais leve, mas também agitado (era Carnaval em algumas cidades) e eu continuava na dúvida. Só hoje, depois de passar por várias aventuras, é que me decidi a ficar mesmo. Por acaso o Elvis foi ter comigo para, finalmente, assinar o contrato para eu ir trabalhar numa gelataria. (a gelataria que produz o meu gelado favorito! huum)

É num sítio interessante em Zurique e, apesar do stress, é bastante divertido. Além disso, uma vez mais, em pouco tempo eu pus aquela gente a venerar-me. Hoje aprendi a fazer cones de gelado. Estavam tão bem ou tão mal que uma colega minha andou a mostrá-los a toda a gente como se uma obra de arte fosse. Ou seja, pelo andar da carruagem vou ter muito que contar!
Isto é caixa de gelado que a chefe me deu (e a outras duas raparigas) no primeiro dia em que fomos lá. Foi a forma de nos pagar o dia (que toda a gente sabe que nunca se recebe no dia de 'ver' o trabalho). Como acho difícil fazer bola de gelado de 75 gramas, resolvi comprar uma colher para treinar em casa. Acho que não me serve de muito (o sorvete tem um peso diferente do gelado, por exemplo), mas sempre me lambuzei com este Johannisbeere Sorbet que é como quem diz sorvete de groselha. :D

sexta-feira, 7 de março de 2014

Demokratía


De há uns tempos para cá que não me sai um pensamento polémico da cabeça. Mas depois de encontrar a tira da Mafalada no meu computador e ontem ter ouvido um miúdo fofo no Quem quer ser milionário?... tenho que o deitar cá para fora...

Tem a ver com a decisão do bem-dito referendo sobre o controlo das fronteiras/entrada de novos imigrantes em terra helvéticas. Vieram logo as ameaças da união europeia. A Suíça esse país com mais patentes per capita em 2013, supostamente, precisa da união europeia como de ar para respirar. Uma das sanções foi nos mais fracos: estudantes de Erasmus. És suíço?!? Tunga! Não entras, não podes participar. Entretanto já veio nas notícias... a Suíça paga mais e os estudantes podem continuar a ir namorar e beber e curtir e também estudar para fora. Ugh?! NO COMENTS!

No entanto, não é isso que é polémico na minha cabeça...
É o paralelo que faço entre a Suíça e a Ucrânia (a Ucrânia antes da Rússia ter feito os últimos avanços).

Na Suíça, o povo foi às urnas para dizer que não queria estrangeiros de forma maluca na sua terra.
Na Ucrânia, o povo teve que se barricar no centro da capital, qual trincheira da I Guerra Mundial, para mostrar ao governo (e ao mundo) a sua vontade de se aliar à união europeia.

O Mundo sobre a Ucrânia: ah coitados dos ucranianos que não têm direito a escolher a que "lado" se hão-de aliar.
O Mundo sobre a Suíça: ah porque eles são uns racistas e xenófobos que precisam dos imigrantes mas querem expulsar toda a gente.

O governo deixou-se governar pelo povo, como manda a democracia (e digo uma vez mais, os suíços não querem expulsar toda a gente!). Não gostam, comem menos! Agora virem com tretas sobre os estudantes de Erasmus (para me manter num só exemplo) isso é o mesmo que um certo país está a fazer sobre outro... ou não?!? Ou pressão só conta como tal se for com um canhão apontado à cabeça?!?!

A história do miúdo é interessante. A Manuela Moura Guedes perguntava-lhe o que é que o pai deveria fazer com o dinheiro ganho até ali. Ele, muito tímido, responde que é uma viagem. A Manuela então pergunta-lhe para onde é que ele achava que o pai deveria viajar. Para a Suíça, foi a resposta envergonhada do garoto. Aí é que ela ficou mesmo espantada. Perguntou-lhe porquê, pensando que a resposta seria o chocolate (como eu pensei e provavelmente tantas outras pessoas). Porque lá há paz, sussurra ele. Boing! What?!?!? O miúdo podia escolher os chocolates, o queijo, o esqui, os relógios, os automóveis (começa agora o Auto Salão em Genebra), os comboios e sai-se com esta?!?! Então depois lá se percebeu que lá em casa já se fala da neutralidade da Suíça e da não participação deste país nas guerras e que a criança acha que isso até que é porreiro.

Pronto... se uma criança da escola primária consegue gostar da ideia da neutralidade suíça (que é dependente dessa coisa rara chamada de democracia), porque é que devemos ser nós, os não-suíços, a criticar a sua forma de vida nessa coisa tão rara chamada democracia?!?!?

Quanto à tira do Quino, acho que não é preciso esclarecimentos... 

quinta-feira, 6 de março de 2014

Tens lume?

Já por várias vezes comentei com diferentes pessoas e em diferentes contextos (por exemplo, no Dias) que aqui na terra das vacas ainda há publicidade aos cigarros.
Nos placards pela cidade, nas revistas e jornais, um pouco por todo o lado somos convidados a experimentar o cigarro que muda de sabor depois de se apertar o filtro (eu pergunto-me como é que isso funcionará) ou os cigarros sem nada, ou seja, supostamente sem qualquer aditivo (duvido! a minha mãe plantou tabaco alguns anos e às porcarias que aquilo levava durante a cultura... já não seria preciso juntar mais nada mesmo. A não ser que seja cultura bio. :p ), apresentam preços novos (normalmente são promoções que aparecem de tempos a tempos em que tiram alguns cêntimos ao valor total, mas também oferecem um cigarro extra [não sei como] ou desconto se se comprar dois maços) ou ainda concursos em que se juntam pontos para se viajar para um sítio porreiro onde se possa fumar com style. :D :D :D

Eu andei que tempos a adiar, mas pronto... hoje decidi-me a colocar alguns exemplos de publicidade que retirei de jornais e revistas distribuídos gratuitamente pela cidade.
Não me parece que se fume mais por causa da publicidade. Do mesmo modo que não me parece que se fume menos por causa das mensagens apocalípticas e das imagens bizarras nos pacotes de cigarros (sim, aqui já há imagens há muitos anos!). No entanto, quero deixar claro que não estou a fazer publicidade e/ou apologia do cigarro. Só estou a mostrar uma diferença cultural entre a terra das vacas e outros países!











Eu gosto particularmente desta publicidade. Cigarros e bicicletas combinam bué bem! :p