quarta-feira, 27 de maio de 2020

Um dia bem preenchido

Fui pela montanha acima e abaixo e acima e abaixo… uma curva atrás de curva. Apanhei frio de rachar. Andei de t-shirt. Vi neve e nevoeiro, vi Sol e céu azul. Tudo num dia, tudo num cantão.
Foi um Domingo delicioso. E fez-me ver que… quem acha que Davos é bonito é porque nunca foi a  Scuol ou à Guarda. Sim, continuo a falar só da Suíça, não, não me enganei. Mas já lá vamos...

Com esta coisa do COVID há muitas atracções fechadas e temos que manter a tal da distância. Assim, das poucas vezes que saio da toca, tento ir para sítios onde não há muita gente. Mochila às costas, uma sandes, a garrafa de água e... aqui vamos nós.

Fui para o Graubünden. O cantão onde se fala romanche. O cantão onde nasce o reno. Um cantão mais montanhoso do que o de Zurique. Cantão dos passos, da neve e do Ursli.
E foi o Ursli que me fez ir para aquelas bandas bem perto da Áustria.

Primeiro, como é meu apanágio, perdi-me. Meti por uma lateral da autoestrada (andavam em obras!) e tive que fazer inversão de marcha. Mas deu para fazer esta fotografia da montanha com muitos dentes de leão a dar cor à paisagem. 
Acabámos por almoçar em Davos em frente a um lago que lá está. Presumo que no Inverno aquilo dê para patinar. E tivemos a oportunidade de ver o ovo de chocolate gigante. É um mamarracho hotel que abriu há poucos anos e destoa completamente na paisagem. Sinceramente, não percebo por que razão fazem lá o fórum económico. É uma aldeia feiinha...


 Passámos pelos 2383 metros de altitude do Füela Pass (passo Flüela), que já está aberto, mas, devido à neve que por lá há… estava friiiiiiio como o caraças. Na minha subida vagarosa ainda vi uma marmota, mas como era eu a conduzir, pode ser que um dia de mais calor, numa caminhada pela montanha eu encontre uma. Pelo que tenho visto, basta não fazer barulho e oferecer-lhe cenouras que elas são muito dadas… :)





Seguimos caminho, descendo em direcção à Áustria, e fomos dar ao ponto mais bonito da viagem. Não é que não tenha gostado da viagem, mas Scuol… é um pequeno paraíso enfiado nas montanhas. E, além das casas bem preservadas, tem uma curiosidade muito gira. A fonte nas fotos mais acima. É relativamente banal, tem um santo qualquer em cima, dois bicos, um arranjo floral… mas por que razão fiz eu a fotografia ao tanque onde cai a água? Para verem que as bicas não deitam o mesmo tipo de água. Do lado mais castanho temos o que eles chamam de Mineralwasser (água mineral) e do outro água normal. A zona de Scuol é conhecida pela sua água alcalina (a que eles chamam mineral), que pica na boca, e pelas suas termas (óbvio!). Não é que termas e água alcalina seja novidade, mas uma fonte com águas diferentes… já é.




O castelo de Tarasp, como era de esperar, estava fechado. Mas deu para ver a aldeia umas belas (!) obras de arte… sinceramente não sei qual escolher para ter em casa, se a torre de treinos para bombeiros (o nome é meu, aquilo é supostamente arte!) se uma prótese de bacia tamanho XXXXXXL.





E finalmente cheguei onde queria: Guarda. Esta Guarda é muito especial. E, tirando o facto de estar numa montanha (1675m), acho que não tem muito a ver com a Guarda de Portugal.
É uma aldeia minúscula, onde não se pode entrar de carro. Sim, quem quer ir ver as casas giras, tem que pagar estacionamento e ir a pé (vale pelo facto de ter casas de banho públicas com aquecimento, mesmo já sendo Maio, soube bem entrar no quentinho). A Guarda é conhecida por causa do livro Schellen Ursli e da sua casa. Confesso que ainda não o li, mas pelo que se percebe das imagens, aquilo tem a ver com o Ursli (diminutivo de Urs) e a sua campainha (Schellen) das campainhas de vacas, de alguma tradição da região que eu hei-de descobrir. A casa apresentada na capa do livro existe e podemos encontra-la na Guarda. Não a fotografei - ela não é tão bonita como nas fotos nem como outras casas à volta, então eu vi-a, mas não a reconheci… :D :D Mas ficam as outras que são bem giras.

Gostaria de destacar a arquitectura do baixo Engadin. (Referente a En que é o nome romanche do rio Inn, o de Innsbruck na Áustria). As casas são caiadas/rebocadas. E depois são raspadas para fazer aqueles desenhos todos catitas. Ou seja, a casa leva, pelo menos, duas tintas diferentes para ter aquele efeito e depois fica com uns sulcos na parede (eu fui lá esfregar o dedos para confirmar!). Outro característica é que as casas não são de madeira. Talvez seja por ser uma zona muito alta e com poucas árvores, talvez haja outro motivo, mas naquela zona, poucas são as casas revestidas a madeira. Repare-se ainda nas janelas pequenas e "enfiadas" nas paredes que dão a sensação de casa de bonecas. E, por fim. os bancos à porta de casa. Mesmo com casas renovadas, eles mantém a tradição do banco (é um gato e um corvo de fantasia!). Será que era para aproveitar o Sol nos dias soalheiros?



 E depois regressámos pelo mesmo caminho, mas como já não era eu a conduzir, deu para fazer uma panorâmica das curvas apertadas no cimo da montanha. Aquilo no Verão deve ser lindíssimo!!!
E aproveitei para ser pestinha e fotografar o teleférico de uma estação de esqui. Aquilo é romanche. Não sei como se lerá, se como em português, se como em italiano "pisca".

Com ou sem trocadilhos picantes, eu adoro cada vez mais este país. :)

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Das teorias da conspiração

Quem me conhece sabe que eu sou um tanto ou quanto complicada com as outras pessoas. Oh pá!, tenho um problema de confiança...
Não é que eu chegue ao ponto de achar que aquele vizinho estranho faça tráfico de órgãos humanos, mas como diria o Dr. House.... everybody lies.

No entanto, não é assim uma desconfiança tão grande que me permita aceitar teorias conspiratórias sobre medicina, terra plana, iluminados em italiano, extraterrestres que raptam terráqueos (se eles existirem são inteligentes o suficiente para não virem cá).
Esta minha visão sobre teorias da conspiração permite-me olhar para certas coisas e perceber que as pessoas estão cada vez mais perdidas. Ora vejamos...

Estamos numa página sobre aviões. Alguém menciona uma teoria que eu nunca tinha ouvido: que alguns defensores da terra plana também defendem que há uma barreira de gelo sobre o Pacífico e que não pode ser transposta.
Eu fiquei chocada, mas como escrevi português de Portugal o interlocutor ficou na dúvida se eu era "terraplanista" ou não.
Depois de um esclarecimento rápido sobre a minha posição, lamento o facto de haver tanta gente ignorante sobre certos temas e lamento ainda o facto de esses cheios de teorias erradas serem pessoas que votam, tomam decisões e por aí fora.
Não sei que travada deu no homem e levo com esta resposta: normalmente são comunistas.
Eu fiquei parva com a resposta. Ele para gozar com certas teorias desenvolve a sua própria teoria parva? Eu quis rematar o assunto de modo a que ele não me dissesse mais nada, mas também que outros leitores não viessem pensar coisas sobre  mim. Simplesmente disse que estávamos a falar de ciência e não de política.
Uns minutos depois ele concordou comigo e acrescentou que apagava os comentários. Quando fui a ver, ele apagou até os meus...

Mas que gente é esta? Não quero defender os comunistas porque eu nunca me meti em políticas aqui no blog, mas... dizer que os comunistas é que desenvolvem teorias conspiratórias....
Não sei o que se passa. Não sei se é efeitos do COVID ou da quarentena ou se simplesmente a humanidade está a estupidificar. Está uma pessoa a debater ciência e já falam de política.
E como são "repreendidos", toca de fazer à Big Brother (do George Orwell) e apagar o que foi dito.

Não sei se sou eu que estou mais sensível porque estou fechada em casa há muito tempo ou se, por estar fechada, me tornei ainda mais picuínhas com os outros ou... sei lá o que mais... só sei que às vezes tenho medo de sair desta quarentena mais estúpida do sou...



sábado, 2 de maio de 2020

A pé...

Um Domingo de Fevereiro depois do trabalho. Gelado e uma caminhada sem destino pela parte velha da cidade. Finalmente, ao fim de muitos anos, consegui ver os vitrais do Marc Chagall! (não tenho imagens porque as fotos são proibidas, mas encontra-se facilmente na internet).
E como foi sem destino, fui fazendo fotografias sem prestar bem atenção de que sítio. Por isso não tenho a certeza se estes baixos relevos de profissões estão no Fraumünster (onde estão os vitrais de Marc Chagall e de Augusto Giacometti).
Seja lá em que rua for… garante-se que é em Zurique na parte antiga, na margem esquerda do Limmat. :)







"à esperança"




O edifício onde fica uma homenagem aos vinhedos do cantão Vaud (é o Douro cá do sítio)