terça-feira, 21 de abril de 2020

Na terra do vidro

Hergiswil é uma pequena localidade no cantão Nidwald. Lá podemos encontrar a única empresa vidreira da Suíça. É uma empresa pequena, mas com muitos anos de história. Fundada em 1817, por uma família que trabalhava com vidro desde o século anterior, teve altos e baixos, esteve à beira da falência, até que estabilizaram as finanças dedicando-se à produção manual de vidro de alta qualidade. a fábrica pode ser visitada durante a semana, bem como o museu e o jardim envolvente. Mas uma vez por ano eles abrem as portas ao Domingo e finalmente conseguimos ir lá.


O museu tanto explica a história do vidro como a da fábrica. Tem tem peças antigas antigas, de arquivo e... uma carrinha usada em tempos idos.
O dragão é engraçado, mas tem muitas história. E eu só sei partes. Ali ao lado de Hergiswil fica o monte Pilatus e o seu símbolo também é um dragão. Um dia tenho que me dedicar a perceber tudo isso, se há relação entre os dois ou não. Mas este dragão, ou melhor, dragoa, com o nome de Leandra foi morar para o parque da empresa em 2005 (a chegada dela é muito bonita, há filmagens dela a emergir do lago [de Luzern] em frente à fábrica) e tem a sua história contada num livro para crianças: o menino que devia guardar os fornos da vidreira adormeceu e as chamas apagaram-se. O patrão, muito mau (como se esperam nestas histórias), tratou-o mal e disse que ele era um inútil. O menino ficou muito triste e não parava de chorar. Até que a Leandra apareceu e perguntou o que se passava. O menino, sempre a chorar, explicou que tinha deixado o fogo apagar-se e o patrão estava muito zangado. E a Leandra com pena do menino lançou chamas para os fornalhas para reacender tudo. Vitória, vitória… acabou-se a história. :)

Sim, a empresa fica no meio da Suíça, mas a bandeira que predomina é mesmo a portuguesa. :D No entanto, nem todos os empregados vêm da Marinha Grande. O senhor aqui vem do Norte de Portugal e não cresceu a soprar vidro! Eu já o tinha conhecido há uns anos quando fui a uma feira. Tanto nessa feira, como na fábrica, fiz bolas de vidro. Aquilo não é nada fácil, mas quando nos indicam o que fazer na nossa língua, até escapa. Na foto o senhor estava a fazer passarinhos de vidro.  

No museu há imensas experiências sensoriais. Água a bater em vidro faz um som, mas se forem os nosso dedos já é outro, mas se for uma vassourinha de filamentos plásticos já é outro e por aí fora. A experiência mais maluca foi o labirinto de vidro. Calçamos uns chinelos grandes por cima dos nossos sapatos e umas luvas para podermos ir tenteando até encontrar a saída. Parece fácil mas não é (ou não fosse um labirinto) e chega a uma altura que é desesperante pois vemos que estamos a menos de 2 metros da saída e não conseguimos chegar lá.


A localidade é si não é muito grande. E como "perdemos" muito tempo no museu, no restaurante (onde se come na loiça de vidro produzida na fábrica) e, obviamente, na loja, não deu para explorar muito. Mas ainda conseguimos encontrar  um Santo António.

Älperchilbi - Outubro 2019

Stans é a capital do "meio cantão" Nidwald. Uma cidade pequena (será mais uma vila, nos padrões portugueses), fofa como quase todas os cantos deste país. E com uma festa importante que eu descobri por acaso. Fomos de manhã, o tempo estava tristonho, ou não estivéssemos no Outono. De manhã demos uma volta pelas ruas e à tarde vimos o cortejo do Älperchilbi (traduzido é a feira dos Alpes, e feira como festa e não como mercado). 



A porta não é a principal… é só uma lateral que tem um trabalho de forja magnífico.
O interior da igreja estava todo engalanado e tinha vários cestos com o resultado das colheitas.



   


Älperchilbi é uma festa de agradecimento pelas colheitas. As pessoas esperam pelo cortejo para saudar os agricultores. Também havia carros de crítica social. Mas como era da zona e eu moro longe, passou-me ao lado. Mas deliciei-me ao ver grandes e pequenos, novos  e velhos com as roupas típicas tanto a desfilar como na assistência. Houve partilha de biscoitos, de vinho quente, de Süssmost (sumo de maçã por filtrar)… 
   


 
Eu gosto desta foto por causa dos babões dos São Bernardo (são fofos, mas são mesmo uns babões!), mas também porque podemos ver três blusas muito semelhantes, que variam na cor, mas que são usadas tanto por homens como por mulheres. Na do lado, vemos um monte de tradições juntas: camisa, cinto, os chocalhos e o chocalhar dos chocalhos (no vídeo).

A floresta é muito valorizada por aqui: é para passear, para visitar, é a fonte de lazer, fonte de energia… esculpir troncos de madeira é comum por cá, algumas das esculturas são feitas nos meios troncos de árvores que partiram com as tempestades. Por isso não é difícil encontrar esquilos ou pássaros de madeira espalhados pela floresta.
Aquilo amarelo… sim… queijo. Transportado à moda antiga. :)


Olhem bem o tamanho da miúda a levar o burro! Era mesmo eu… 
O Fahnenschwingen ("balanço de bandeiras", schwingen significa balançar) é um elemento de folclore suíço. Bem como o Schwingen (uma espécie de luta livre só suíça) que os miúdos demonstram na foto em baixo. E, sim, o ringue é serradura… 


Aqui o Wildmaa e a Wildfrau (homem selvagem, mulher selvagem) são chamados de Butzi no cantão Nidwald. São os "caretos" lá do sítio. Ela anda com a filha (boneca colorida) às costas. Não sei se há alguma história por trás deste par. Na festa em si eles serviam para afastar as pessoas que estavam na frente dos carros alegóricos ou dos animais. Para isso, usavam um pinheiro como chicote… :D :D 

Para o fim do dia, depois de discursos de não sei quanta gente e cantores de Jodeln (mais conhecido por tirolês, embora aqui não se esteja no Tirol) acturarem, os miúdos até aos 12 anos podiam tentar subir ao pinheiro para tirar um saco com um prémio. Não fiquei para ver pois ainda tínhamos umas horas de regresso a casa, mas vinha deliciada. A sério… senti-me meia suíça naquele dia… mesmo engraçado! :)



domingo, 19 de abril de 2020

Das fantasias


Eu tenho um hábito pelo qual sou gozada. Sempre que vou a um sítio tento apanhar todo os folhetos informativos da região. Depois chego a casa e analiso papel a papel para descobrir novos passeios. Quando fui às minas de sal de Bex apanhei vários folhetos que me levaram a outro dia bem passado. Teve tudo a ver com o fantástico (pelo que está aqui e por uma exposição sobre o Drácula), mas teve a sua piada.

 Fomos a uma gruta que é de fadas. Num percurso fácil com cerca de mil metros e muitos pingos gelados lá nos fomos rindo com o que víamos.

Os humanos passam por um lado, a água já passa por outro, um túnel de desvio, criado pelos humanos.
Humanos que conseguem ver uma mulher na segunda foto. Eu virei a cabeça para a direita, para esquerda, semicerrei os olhos e depois de muuuuuita imaginação aplicada, quase que consegui ver a dita mulher...

Um morcego disfarçado? Não me perguntem...
Noutro momento de grande imaginação, vê-se um crocodilo aqui. só não percebo onde começa...

A gruta tem várias "abóbodas" bastante altas e depois de algumas curva, damos de caras com a gruta das fadas. Uma cascata com 70metros de altura. (não sei para que serve a varanda de madeira e respectivo telhado, visto que ninguém vai lá tão para a frente e a água passa por todos os lados.
Esta é interessante… segundo a legenda (sim, havia um guia com uns 15 pontos), isto é um presunto… (também não sei…)

A terra onde fica a gruta é Saint Maurice. Uma pequena aldeia no meio das montanhas, com uma abadia. A igreja da abadia é simples mas muita bonita, com detalhes muito engraçados, como esta porta com os signos do zodíaco no vitral ou a mensagem em francês.

Na fonte: Bibe Viator ex fontibus abbatiae aquam vivam.

Vevey - Julho 19

No Verão passado aconteceu uma festa especial. A Fête des Vignerons é um evento que acontece a cada 25 anos mais ou menos. Começou há relativamente pouco tempo, a data do primeiro evento da festa da vinha e do vinho (tradução muito livre) remonta a 1618. Eu não pesquei metade do francês, pois o evento foi em Vevey (sim, a terra da Nestlé), mas posso dizer que foi impressionante ver 5000 pessoas a fazer o espectáculo.



Como houve tempo, demos volta à cidade (pequena, com casas charmosas) e fomos a um museu sobre comida. Eu ia a contar com chocolate (pela relação com a empresa), mas… nada! No entanto foi engraçado ver o jardim com tomates desta cor...

   
E algumas esculturas… diferentes… o garfo gigante está espetado no lago Lèman...

A madeira é um bem muito estimado por cá. E é comum ver esculturas espalhadas por todo o lado. Esta fazia sentido, o carregador de uvas dava as boas vindas (ou despedia-se) a quem chegava (partia).
Só tenho pena de não ter tirado uma foto ao Charlot. Quando lá voltar para ver o museu do Chaplin...