sábado, 30 de abril de 2016

opiniões

Como sempre acordei cedo demais. Resolvi dar uma volta pelo mundo cibernético e descobri umas coisas interessantes como umas ilustrações de Anton Gudin que recomendo vivamemte. Mas também encontrei isto:


Eu era uma terrorista em miúda. Não era uma miúda de índole má, mas só fazia asneiras e não tinha filtro a falar. Graças a isso, levei umas boas palmadas. Umas foram merecidas. Outras ainda me doem pela injustiça da situação.
Mas pronto... já passou e eu não estou traumatizada. No entanto, analisando beeeeem o meu passado e todas as tareias, nenhuma delas me ensinou a respeitar ninguém. Aprendi a não fazer asneiras, mas não.. não aprendi a respeitar ninguém com uma palmada. O respeito ganha-se dando-se. Nada mais.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Afinal diz que não...

Ela aparece de manhã bem cedo. Compra as revistas para os pacientes. Controla o loto. O deles e o dela. E joga outra vez. Está sempre cansada. Está sempre zangada. Está sempre irritada. Tudo serve para abrir caminho para resmungar.
No início eu tinha paciência. Tinha pena. Ouvia-a e ainda lhe dava trela. Com o tempo deixei de ter paciência.

Quer dizer... achava eu. Hoje apareceu outra vez. Eu andava a arrumar revistas e ela foi atendida pela minha colega. Disse-lhe adeus de longe. Passado um bocado, aparece na loja a andar de lado para lado à minha procura. Trazia uma rosa na mão. É para ti. Por seres tão simpática comigo e por me ouvires os desabafos. E pronto... fiquei com um monte de revistas na mão especada a olhar para ela e sem saber o que fazer. 
Eu havia de jurar que já não a podia aturar. Mas parece que continuo a ser um amor para ela. Se me perguntarem, eu digo que não sou mal-educada nem agressiva com ela. Mas daí a achar que mereço uma recompensa, que ela me deve alguma coisa... vai uma looooonga distância.

E pronto... mais um momento oooooom que prova que aqueles %#º3#$%&/* não sabem a empregada que vão perder...

 

sábado, 9 de abril de 2016

Vorbild

Eu não dou graxa ao chefe. Detesto que o façam e detesto ainda mais que os chefes esperem um tratamento com deferência digna de divindade. Mas... chefe é chefe. Não o/a trato como se tivesse andado na escola com ele/a. Normalmente aceito as ordens sem problemas (por vezes, dou a minha opinião ou pergunto porquê, mas é mesmo só por vezes e mesmo não concordando eu faço o que me mandam).
No entano, mesmo sendo o chefe chefe... eu espero umas quantas coisas dele. Que me trate com tanto respeito como eu o/a trato. Que nem sequer tente fazer-me passar por estúpida. E que não me trate por "tu" sem antes me perguntar se pode. Eu não trato chefes por tu. Não têm que me tratar também.

Mas pronto... se eu estava triste por deixar a loja, a tristeza foi-se. O novo-futuro-chefe é um péssimo chefe. Em cinco dias de trabalho já chegou atrasado 4 vezes. Depois põe-se a falar ao telemóvel no meio do trabalho. Eu sei que ele é chefe, mas... os clientes também reparam nestas coisas e não costumam gostar de ficar à espera para ser atendido...

E depois de chegar ao pé de mim a tratar-me por tu... eu tremi toda por dentro...

Sei lá... acho que o chefe é chefe. Mas também acho que o chefe tem que ser o primeiro a dar o exemplo - toda a gente sabe que a luz vem de cima. E toda a gente sabe... se a chefia não se porta à altura... um dia o barraco vai abaixo...

* exemplo

sábado, 2 de abril de 2016

Da morbidez dos vivos

No feed  de notícias do livro das caras apareceu-me uma foto de um homem que estava a receber uma condecoração. Fiquei curiosa e tentei perceber o porquê da foto na página do Município de Constância. Ao que parece, é o coveiro da terra a receber um reconhecimento pelo seu trabalho.

Mas ao ficar a perceber a razão da foto percebi que o mundo está mais atrasado do que eu pensava. Houve logo um otário a ironizar o facto. Ignorante, muito ignorante.
Admiramos polícias e bombeiros porque arriscam a nossa vida. Admiramos médicos e enfermeiros porque quase que operam milagres de salvação.

Deveríamos também admirar os coveiros. Se eu já acho o trabalho de cangalheiro tramado... o de coveiro deve deixar uma pessoa bem  perturbada.
Descer um caixão à terra deve mexer muito. Uma caixa onde se sabe estar o que foi uma vida, muitas vezes nossa conhecida.
Sentir o peso da morte nos braços,o calor das cordas a rasppar nas luvas. Depois pegar numa pá ou, ainda mais frio, numa mini-retroescavadora e acabar de vez com a hipótese de aquele corpo voltar a ser visto.
Ou preparar uma campa onde já esteve alguém enterrado. Uma tíbia, o úmero ou o crânio da senhora dona X que até era a mãe do colega de carteira na escola primária e nos dava uma côdea de pão sempre que íamos lá a casa.

Se fôssemos um país onde se preservam os corpos e se fazem fotos a jogar poker com eles... eu compreendia que não se desse grande valor ao trabalho deles. Nós, vivos, trataríamos dos nossos mortos.
Mas se não somo assim, por que raio havemos de gozar com uma profissão que está a desaparecer?!?! Desrespeitar quem tanta força tem para respeitar o nosso avô, a mãe do nosso vizinh, o nosso filho menino que morreu antes de ser baptizado...

Uns são enterrados mortos, outros morrem e enterram-se sozinhos e em vida... :/