quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Sensações

Quase que sinto a Irmã A. M., a irmã que tomava conta da nossa da hora de estudo, a levantar-se discretamente e a caminhar para o fundo da sala e dizer-me que eu deveria estar a fazer os trabalhos de casa e não a perder tempo a ler, que eu era uma ingrata que estava a gastar o dinheiro dos meus pais de forma errada. Era todos os dias a mesma guerra: eu de livro na mão e ela a fazer jogos psicológicos. Só faltou ameaçar-me com o fogo do Inferno.🤣

E por que razão me fui lembrar da irmã que perdia sempre a jogar ao Uno porque nós víamos as cartas refletidas nos óculos?
Por ler esta frase de Torga. Tive que ler a frase duas vezes. Há tantos anos que não tinha contacto com estas palavras que as estranhei quase todas.
Mas na segunda leitura consegui perceber o significado das palavras e da frase no todo. E fiquei deliciada. Não por possível filosofia do texto do autor. Não por me trazer recordações de infância.
Simplesmente pela próprias palavras.
Eu leio. Nos últimos tempos tenho lido mais literatura mais recente de que também gosto. Mas estas frases assim... não sei... enchem-me de qualquer coisa que não consigo explicar. Preenche-me de uma forma que só em adolescente experimentei.
Não sei se é pelo facto de ter lido muita coisa a que fui obrigada (sim, eu li toooooodas as obras obrigatórias na escola e na faculdade). Se pelo facto de ter aprendido a "tentar perceber a mensagem que o autor nos quer transmitir" e isso fazer perder algum encanto. Se pelo facto de eu conhecer cada vez menos pessoas que lêem com regularidade e que comentam o que lêem. Se por outro motivo qualquer.
Só sei que ler este livro do Torga me está a trazer de volta o prazer da leitura numa forma pura.



sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Ano novo, passageiros novos?!

Estou de volta do computador a tratar de umas coisas, mas, de vez em quando, tenho um pensamento que me faz rir.

Nota prévia: Nós usamos um sistema de cores para facilitar o embarque. Quem tem cor não precisa mostrar papéis porque já os mostrou no check-in. Quem não tem, não esteve no check-in, temos que controlar os documentos na porta de embarque.

Hora de embarque... o caos de sempre  por causa do covid. 
Separar os passageiros que têm cor dos passageiros que não têm. Parar o embarque para analisar os documentos. Recomeçar os embarque. Voltar a parar. Voltar a abrir... claro que saiu atrasado, mas não dá para mais quando temos mais de 20 passageiros à nossa frente para controlar documentos...

Mas eu sou uma pessoa positiva. E tento ver o lado positivo das coisas. Ou pelo menos o lado cómico das “tragédias”. E neste vôo também encontrei...

O passageiro está à minha frente, peço-lhe o teste PCR. Não tem. Eu digo-lhe que assim não pode viajar. Tem a certeza?, pergunta-me ele. Eu respirei fundo. Já devia estar imune a esta pergunta, mas com o stress daquele embarque... a pergunta incomodou-me. Eu simplesmente disse: Ja

Mas ele continuou com a sua contra-argumentação: Mas sabe, eu ontem perguntei uma vez mais e recebi a confirmação de que não é preciso um teste. 
Eu fiquei super admirada e pedi-lhe que me mostrasse tal afirmação por parte da companhia aérea. Ele todo contente mostra-me a mensagem. Eu li uma vez e pareceu-me que dizia o que eu afirmava. Como o meu alemão não é perfeito, se calhar eu estava a ler mal... então li outra vez... Mas depois confirmei... passageiros vindos de países (Schengen ou non-Schengen) que sejam considerados de risco devem apresentar um teste de PCR negativo.

Eu fiquei sem saber se me ria dele ou se lhe batia por me fazer perder tempo de embarque... mas lá lhe disse para mudar o bilhete...

Ou seja... o ano é novo, mas os passageiros continuam a perder o cérebro quando passam pela segurança... só tenho pena que estas histórias disparatadas/engraçadas dos passageiros nos fazerem perder tempo precioso na porta...

domingo, 3 de janeiro de 2021

Il Sud in Ottobre III

Na noite do segundo jantámos em Mendrisio. num restaurante que fica num rua de Canntine. Cantina em italiano tem a ver com caves e arrumações. Naquela zona havia muitas caves e arrumações para vinho. Cada produtor tinha a(s) sua(s) cantina(e), um bocado como as caves do vinho do Porto ali em Vila Nova de Gaia. 


Ficámos em Vacallo, um sítio muito pacato, óptimo para descansar. Pode-se ir a pé até Chiasso (localidade onde se atravessa a fronteira/alfândega para a Itália).


Eu já tinha ido a Chiasso há uns tempos, mas não tinha visto este ovo, vá... Centro Ovale di Chiasso. Parece que é um centro comercial e não percebi se funciona a 100%, mas pela busca on-line e pelo que se vê de fora... huh... não sei se me agrada com aquelas janelas tão pequenas.


No terceiro dia, no regresso, demos uma escapadela a Lugano para ver a catedral de São Lourenço.


E no regresso, o mesmo sítio onde dois dias antes o Sol brilhava, apanhámos a primeira neve do Outono... 

Sair da Suíça não saindo propriamente...

0Em tempos de corona, atravessar fronteiras não é a coisa mais fácil. No entanto, eu estiquei-me e fui até Itália. Quando preparava as coisas, a minha companhia ficou em pânico. Como é que eu ousava pensar ir à Itália... Mas eu ousei pensar e ousei ir... 😁😁

Ok... fui à Itália, mas foi batota... 😁😁
Eu fui a Campione d'Italia, que é um exclave italiano na Suíça (no coração do cantão Ticino), encostado ao lago de Lugano. Durante anos Campione era um luxo por causa do Casino. O mais antigo da Europa e o maior empregador da localidade. Até entrar em falência em 2006. A Itália resolveu complicar a vida dos seus cidadãos de Campione e impedir que Campione fosse "autónomo" e/ou trabalhasse com a Suíça. Por exemplo, antes, o correio de Campione era entrega pelos carteiros suíços. 



Campione são dois quilómetros quadrados e não é o deslumbramento italiano (aquele casino!!! 😳😳), mas tinha lá uma igreja interessante. 





Il Sud in Ottobre II

No segundo dia subimos mais uma montanha. Desta vez de comboio. Foi interessante ver o pessoal a preparar-se para fazer uma corrida qualquer. Eu cheia de frio e aquela gente vestida de lycra... Eu subi até ao cimo no comboio, mas eles saíram a meio da viagem para seguir a correr pela montanha acima. E foram lá ao piquinho. Eu... depois de sair do comboio, olhei lá para cima e cansei-me só de ver. tendo em conta que estava um nevoeiro cerrado, deixei-me estar perto da estação à espera que o Sol chegasse e bastou-me... :)

De comboio, serpenteámos pela montanha. Mesmo com nevoeiro... lindo.




No cimo da montana está a Fiore di Pietra. Sinceramente, acho o edifício muito feio. Mas é possível comer e ber algo lá para recuperar as forças da subida.


Ali ao fundo, algures, um pouco mais para a direita, um pouco mais para a esquerda é a Itália. 


No Valle di Muggio as neveras são famosoas. O que é uma nevera? São casas como esta aqui onde se juntava o gelo para a conservação do leite dos Alpes. A casa parece pequena, mas o truque está em profundidade. Parece um poço com umas escadas em caracol para se começar a acumular o gelo ou para se ir recolher o mesmo quando necessário. Nos dias de hoje as casas não são usadas pare esse fim. São património protegido,  referência turística e também, o armazém da lenha de privados (sim, eu fui lá enfiar a cabeça para ver se realmente tinha a escada em caracol... 😜)



Depois de comermos muito bem, lá vamos nós até Riva San Vitale. A ideia era ver o baptistério mais antigo na Suíça. Claro que tivemos sorte e... está fechado temporariamente para restauro. Mas não se perdeu tudo, demos uma volta pelas ruas da localidade (estátua Padre e Figlia in Bicicletta, Gabriela Spector), e lá chegámos ao Tempio Santa Croce.



Depois metemos à estrada e fomos a Carona. Sim, o nome é um bocadinho maroto no ano 2020, mas a freguesia tem pontos de visita que valem a pena...
O Santuário da Madonna d'Ongero estava, claro!, em obras. Só deu para ver o recinto por fora e espreitar por um janelo na porta da igreja. Mas vale a pena...



E depois há ruas estreitas...


Quer dizer... muuuuuuuuito estreitas. Eu sabia deste "fenómeno e ia a correr para a paragem de autocarro ver se faltava muito para chegar xarãããã... eis que lá vem o amarelinho dos Correios...  :)


Este arco faz parte da Chiesa dei Santi Giorgio e Andrea. onde também tem um menino a fazer festinhas ao Santo António. Só não percebi a pedra na mão do Santo...




sábado, 2 de janeiro de 2021

Il Sud in Ottobre

O ano passado acabei por não ir de férias em Outubro. Um colega era para ter ido ver a fórmula 1 a Portugal e também não foi. Então metemo-nos no carro e lá fomos nós pela segunda vez em poucos meses ao Ticino. 

O tempo foi mais simpático que em Agosto, mas fomos pelo passo São Bernardino porque a nossa direcção era outra.


A primeira paragem foi Mendrisio. A localidade está bem cotada como sítio para visitar, eu não fiquei completamente espantada. Mas gostei de alguns detalhes como esta Imaculada Conceição e este Santo António. Foi a segunda vez que vi o menino a fazer festinhas na cara do Santo. 






Mas quando se sai do centro e se começa a subir a encosta... a vista... vale a pena... :)


O cantão Ticino é famoso pelos seus castanheiros. Por isso... andar pelo meio das montanhas em Outubro é... deslumbrante. :)


Em muitas zonas a estrada só dava para passar um carro. Os autocarros são pequeninos pois as aldeias espalhadas pela montanha também são pequenas e não têm muitos habitantes. Numa curva em ferradura tivemos que estacionar no parque desta casa para o autocarro poder passar. Achei piada ao nome da porta... 😝