ai pão!!!!

 Na Quarta, a R. apareceu lá na loja a pedir para fazer uma encomenda: 22 Weggli (um tipo de "papo seco" de cá) e 22 barrinhas de chocolate. Perguntei-lhe se era a M. que fazia anos e ela disse-me que sim. Pois bem, a M. é uma miúda fofa, parece uma boneca de porcelana, e fez hoje 4 anos. Como anda no infantário tinha que levar algo para assinalar o dia (eu nunca concordei com esta teoria) e foi isso mesmo que o pai foi buscar: 22 pães e 22 chocolatinhos.

Já há coisa de uma semana tinha sido o mesmo e só quando o meu chefe comentou  ah o jovem aniversariante.. é que eu percebi que a tradição por aqui é mesmo essa: Weggli e chocolate.

Eu disse-lhe logo se em Portugal alguém aparecesse com pão para festejar um aniversário... era gozado o resto da vida... e ele olhou para mim muito admirado, pois oferecer pão "sem nada" é coisa mais que banal nesta terra, se acrescentarmos com um chocolate... é um banquete!!!

Voltando ao mesmo, não concordo que o aniversariante é que tenha que levar algo para a escola ou para o trabalho. Mas... vendo assim... a simplicidade da vida desta gente espanta-me mesmo depois de quatro anos a conviver com eles diariamente...

Curiosidades à volta do pão: Weg significa caminho, Weggli é o diminutivo do mesmo, e chama-se assim por isso mesmo: o caminhozinho que divide o pão ao meio. O pão tem uma consistência semelhante ao nosso pão de leite, mesmo não sendo tão húmido e compacto. E, como em tudo o que os suíços fazem, não é tão adocicado como o nosso pão de leite. Lá está... safa-se com o chocolate no meio...

Nota: Weggli com chocolate é muuuuuito bom. Principalmente se for com Kinder Chocolate... Mas isso é como qualquer pão aberto com um pedaço de chocolate de leite no meio... :D Coisa que nem em Portugal é rara...

Del cano

Cliente de 11 anos: A água custa alguma coisa?
Eu: A água da torneira?!?
Cliente: Custa alguma coisa?
Eu: Não. Porquê?
Cliente: Era só para saber.

E depois compra um sumo.

Estes miúdos... dão cabo de mim...

Simples acto

Fui tomar café com uma colega, mas como cheguei um pouco antes da hora fui fazer tempo para uma livraria. Vieram dois para casa. Um fala da Suíça vista pelos olhos de um escritor de Biel/Bienne que vive em Zurique há uns anos. O outro é uma obra que já deu origem a um filme, cuja recomendação eu vi num blog que ninguém lê.

Fui tagada no livro da caras para poder apreciar um blog. Fui dar uma espreitadela rápida, pois pretendia ir para a cama cedo, só para saber se valia a pena voltar a ele amanhã (vale!!).
Nessas andanças encontrei por lá uma citação interessante do mesmo autor do livro que comprei hoje.

Parece que a mesma pessoa que escreveu The Kite Runner também disse isto:

De todas as coisas difíceis que uma pessoa teve de enfrentar, nenhuma foi tão penosa como o simples acto de esperar.

Não sei... eu que não ligo a coincidências...fiquei impressionada com esta...

Ponte de madeira

Era o nosso ponto de encontro. Eu fui para a ponte errada... Cheguei mais de meia hpora atrasada ao churrasco de fim de dia. Quando podia ter chegado em 3 minutos, caminhando quase sempre em frente... andei às voltas. O que safou foi a belza do espaço. A beleza do anoitecer que se sente muito mais rapidamente na terra onde trabalho por ser um buraco no meio de montanhas. Sendo uam delas encimada pelo castelo de Kyburg (coisa importante em tempos idos!!!).

Rheinau II

Olhando em volta na (e da) ilha há outros pormenores interessantes. Como os que aqui apresento. Mas indo à aldeia ainda se pode ver a ponte em capela que faz a fronteira entre a Alemanha e a Suíça. Nesta zona o Reno é um safado, passa o tempo a entrar e a sair da Suíça, mas no sítio da ponte a coisa divide-se no meio da água.
A primeira foto mostra uma "fatia" de um tronco de um choupo. Era uma árvore pequenina e novinha... Caiu aos 110 anos (não consegui saber as causas), em 24 de Março de 1973. Os seus 33 metros de altura, num tronco que teve um diâmetro máximo de 2,20 metros, deram 28 metros cúbicos de madeira e 32 metros cúbicos de lenha (não é a mesma coisa, madeira é para fazer móveis, por exemplo, e lenha é para a lareira).
Achei piada ao nome do barco: My fair Lady.

Rheinau

Hoje esteve um dia de calor, como eu não via por estas bandas há já um tempo. Então, para refrescar, fui até à beira do Reno. Bem pertinho da fronteira com a Alemanha, existe uma aldeia chamada Rheinau, que tem como atracção principal um mosteiro dentro de uma ilha do Reno.
Já lá não ia há anos e fiquei toda contente por regressar. É um sítio muito bonito e muito calmo que nos permite passar um bom bocado.

O mosteiro foi fundado em 778 e funcionou como tal até 1862. A partir de 1867 funcionou como cliníca psiquiátrica até que, em 2000, foi transferida para novas instalações, não muito longe do rio. Agora há um projecto para ser lançado em 2013 em que o espaço será aproveitado para concertos, aulas de música e ensaios de preparação para concursos de música clássica, sendo aberto a músicos de toda a Suíça.

A igreja principal está cheia de andaimes para ser restaurada (talvez inserido no projecto maior da música), mas ainda deu para fazer umas fotos do exterior e de uma capela em honra de Santa Madalena que existe numa ponta da ilha.

Prenda de um Pai, com "P grande"

O S., um dos poucos clientes de quem sei o nome!!!, apareceu na loja ao fim da tarde e esteve que tempos em frente ao frigorífico das bebidas. Finalmente decidiu-se por uma Coca-Cola de meio litro e uma bebida à base de laranja com um travo amargo, mas muito refrescante. Ainda me perguntei como é que se demorava tanto tempo em frente àquilo, para se decidir só por dois artigos. Quando lhe disse quanto era a conta, ficou surpreso pelo preço ser tão baixo, perguntou-me se eu tinha a certeza. Mas ali não há muito que enganar: o scanner é que dita que preço pertence a cada artigo...

Depois, e sem eu perguntar (haja mania dos suíços de perguntarem e explicarem tudo), começa a explicar-me que aquilo era uma prenda para o filho (daí a demora). Ao que parece o moço está a fazer o Lehre (coisa  mais ou menos explicada por aqui) numa profissão difícil (a nível físico, entenda-se), mas que, e apesar das dificuldades, se tem mostrado muito capaz!! Então merece  uma prenda...

Eu acho que o pai está fazer muito bem. Se o miúdo se mostra esforçado, merece um mimo.

Agora veja-se...
O ordenado do aprendizes é bom para eles que não pagam impostos [aqui não se pagam impostos até aos 25 anos], mas não é uma fortuna. No entanto ainda dá para comprar dois refrigerantes. Só que o pai não quis saber disso e fez o desvio ao regressar do trabalho. Pensou no filho e... comprou-lhe um refrigerante. Vá... dois...

Veja-se e compare-se...
Eu gostaria de saber quantos adolescentes portugueses aceitariam uma Coca-Cola como recompensa pelo esforço físico... Primeiro, porque, hoje em dia, até as sardinhas de comem regadas com isso. Segundo, prenda abaixo dos 100 Euros (no caso é muuuuuuito abaixo) já não é prenda.

Ou estou muito longe da verdade?!?

A imagem que os outros têm de nós...

Já voltei de férias. Trouxeram-me alguns amargos de boca, coisa que até pode dar alguns posts... não me posso queixar do geral. Mas como tudo o que é bom acaba e já estou de novo na labuta.
Os miúdos estão de férias, então passam-me mais tempo dentro da loja. Eu sem pachorra nenhuma para os aturar, mando-os sair. Eles refilam, mas eu não consigo perceber como é que com um Sol tão agradável que esteve, por exemplo, hoje, eles querem ficar dentro de uma loja... e dou-lhes a resposat mais simples. Não está frio lá fora.
Hoje apareceu uma mãe à procura de um dos filhos. Disse-lhe que j´lá tinha estado, mas que eu lhes tinha dado uma corrida. Ela apoiou. Concorda que os miúdos devem estar na rua a brincar. E não devem ficar como os homens ficam sentados nos cafés em Portugal ou na Itália.
Quando eu ouvi isto, caiu-me tudo ao chão. É esta a ideia que os ouros estrangeiros têm dos portugueses?? Se é... estamos no bom caminho... do descrédito total...

É simplesmente aterrador saber que alguns (se não forem mesmo muitos) consideram os portugueses uma cambada de desocupados (no seu país). A imagem foi tão má que eu fiquei sem resposta e simplesmente sorri à mulher.