O que eu queria mesmo era ter ido para advocacia. Por uma décima e três lugares, não entrei na faculdade de direito em Coimbra, o meu objectivo. Fiquei pela segunda hipótese, Clássicas (no coments!!). Com trocas e baldrocas, lá acabei em Estudos Portugueses. Nos primeiros tempos, eu não me conformava com o facto de não ter conseguido entrar em Direito por causa de professores estúpidos como o de português e a de filosofia. É que minha média era 11 a português e no exame nacional tive 15, e a filosofia era 7, por isso anulei e fui como externa, e tive 14. Se acrescentarmos que a médias de quase todas a minhas colegas baixou... não me parece que fosse eu que fosse a burra. Durante esse tempo de inconformidade, a minha mãe dizia-me: "Deixa lá, pode ser que se tenha perdido uma má advogada e se ganhe uma boa professora!"
Fui andando sempre com a consciência que seria difícil entrar para o mercado de trabalho nos primeiros tempos. Mas depois que estou cá e vejo/leio tanta coisa, depois que analiso à distância, sem me misturar com o meu "objecto de análise"... fico frustrada. É demasiado abrir a lista dos não colocados e encontrar o meu nome e depois ver uns quantos nomes umas centenas de casas acima da minha e pensar... "Porra! Eu não era assim tão má como ele e ele 'tá aqui?!?"
Hoje durante a tarde, o patrão grande (accionista maioritário) apareceu lá pela estufa. Estava a dizer que se tinha comprado um material qualquer em demasia. Eu disse-lhe que assim era bom, pois daqui a 10 anos o material está mais caro e ele já poupou. Como bom gestor da coisa pergunta-me: E fica o capital parado? Se assim é, eu pago-te os próximos dois anos agora e não se fala mais no assunto. Que achas? Eu respondi-lhe que era uma óptima ideia, como eu não sei se para o ano trabalho lá, até que pode ser bom receber adiantado. Ele disse logo: Não! Assim é mau negócio!. E foi à vida dele.
Passado aí uns cinco minutos vem-me perguntar porque é que eu tinha dito que não sabia se estava na estufa. Vais-te embora?!? Lá expliquei que o objectivo é encontrar trabalho como professora, mas que estou ainda dependente do meu curso de alemão e mais não sei o quê e que por isso eu digo sempre: Não sei! É um ponto de interrogação. Não satisfeito continua: E quando é que sabes? No fim do ano já tens uma noção, não? É que se tiveres disponibilidade, nem que seja só até ao início do Verão, serás muito bem-vinda.
Ou seja, ainda não acabou este ano e já me está a falar do próximo ano? Está a dar-me valor? A partir de uma brincadeira, fica sério e reconhece que eu sou persona grata na empresa dele? Juro que tive vontade de lhe saltar para o pescoço e dar-lhe um beijo, mas ainda me sujeitava a perder o trabalho, deste ano inclusivé!!
Começo a pensar que se calhar se perde uma má professora para se ganahr uma boa jardineira...
O M. já voltou de férias e, como sempre tinha o rádio ligado no meio de uma das estufas. Depois da conversa com o chefão, fui apanhar amores perfeitos e não é começa a dar esta música?!?
6 comentários:
Olá Luísa. Não deve colocar a questão em alternativa: porquê não poder ser uma competente jardineira e, ao mesmo tempo, uma óptima professora caso o venha a conseguir? :)
Olá Teresa!
Obrigada pelas suas palavras.
Uma coisa posso garantir, a mesma energia que eu tenho para trabalhar na estufa aplico-a noutros contextos. E, com toda a certeza, seria aplicada a dar aulas. Claro que não desisto de procurar trabalho como professora, para já. Porque eu também tenho consciência que com o tempo as coisas vão esquecendo, os métodos alteram-se, até a nomenclatura de tudo e mais alguma coisa, os programas é que talvez sejam excepção (se forem como os anteriores, só mudam daqui a 30 ou 40 anos!) :p). E essas mudanças, por muito que se tente, são dificeis de acompanhar. Se estivesse em Portugal era mais fácil manter-me actualizada, mas... voltar e ir ganhar uma miséria que só dá para comer epagar os impostos?!? E depois como era para pagar a renda ou ir ao dentista?!?!
Assim, até esse dia de poder enfrentar as pestinhas de frente sem orientadres a assombrar a aula, vou ficando pela estufa e pelo aeroporto ou até outro sítio qualquer... desde que me sinta feliz e me paguem o salário com os meu direitos legais "anexados"... :D
... e quanto a professores que não têm queda para tal (as situações que refere do seu tempo de estudante), também lidei com algumas enquanto aluna... até anulei matrícula a Português (o ar superior do senhor causava-me alergias), fui fazer exame e dispensei da oral que, na altura, fazia parte da prova a não ser quando a média era a partir de 14. Ainda lembro o professor (que também é actor) a escrever em todas as respostas «vago e impreciso», o que nos levava, miúdas na idade da rebeldia, a fazer algumas piadas 'censuradas' com o facto:)
E eu? Que fui retirado porque não manifestei as preferências... E que... Não houve oportunidade para corrigir a candidatura...
Também é nice, não é?!
E saber que há minha frente estão umas 1000 e tal pessoas que não fazem ideia de como dar aulas, e que tiveram melhores notas à pala do belo do copianço? Hmm...
São capaSes de excrever no cuadro acim e ningúem se queicha!
Artuuuuuuuuuuuurrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!!!!! Não manifestaste preferências?!?! Não tens vergonha?!?! Está visto que eu te faço muita falta... Já da outra vez tive que ir eu contigo a tua casa ver se fazias as coisas como manda o figurino!! Tu és grande, mas ainda te chego bem às orelhas para as puxar...
Ah! Teresa!
É certo que os tempos foram outros, mas... um dos meu professores preferidos perdeu uma aula inteira a discutir comigo por causa de uma coisa do género. Tinha a ver com o tamanho, a estrutura e mais não sei o quê de um trabalho de Físico-Química (imagine-se!). Os meus colegas agradeceram-me profundamente por perderem a aula naquele debate que quase se tornou um "bate-boca", mas eu fiquei exausta e triste por discutir com ele. Só que a prtir desse dia ele começou a medir bem as palavras em certos pontos e deixou de usar o equivalente a "vago e impreciso" desse seu professor (espero que seja melhor actor!)...
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