quinta-feira, 26 de agosto de 2010

R., o manager














R. van Trapp (é como eu lhe chamo, porque ele é van, mas o resto é esquisito demais para mim!!) é o chefe da estufa onde eu trabalho. Tudo o que se passa naquela secção passa por ele.
É um holandês que honra o seu país nos dois sentidos. É uma pessoa de trabalho, exigente, metódico, organizado. Mas também tem o seu lado boémio, é brincalhão e muito simpático. Dá para se trabalhar com ele com prazer, sem nos sentirmos contrariados ou coagidos, ainda que se tenha que correr contra o tempo que se esgota para a entrega das encomendas.

Desde o primeiro dia que falei com ele, que tive uma boa impressão e fiquei logo a gostar dele.
Há tempos, eu andava a lavar o chão e fechei a torneira para ele poder passar sem se molhar. Ele agradeceu e eu disse-lhe que tinha feito aquilo só porque tinha medo dele, que era o chefe. O R. desatou-se a rir e disse que não acreditava que eu tivesse medo dele ou de qualquer outro chefe. Eu confirmei, dizendo-lhe que me despeço no dia em que tiver medo de um chefe.

E é assim que trabalhamos juntos... Fazemos sempre piadas, mandamos bocas um ao outro, tive a ousadia de lhe dizer que achava que os holandeses eram antipáticos (e continuo com essa opinião) ao mesmo tempo que lhe oferecia uns tamancos minúsculos comprados especialmente para ele em Amesterdão, como se ele não conhecesse a cidade, como se ele não usasse uns tamancos de madeira (e usa mesmo!!!!).

Ainda no Sábado passado brinquei com ele a dizer que não se admitia que um chefe de uma estufa não soubesse com que produtos se fazem as hortênsias vermelhas e azuis (tem a ver com a quantidade de ferro no solo). Ele respondeu-me: Eu sou o manager. Só tenho que saber a quem perguntar essas coisas. Tenho o E. que é o chefe da produção, ele sabe. E se não está o E., tenho o M.. E até posso perguntar aqui ao J. (que estava a chegar a rua), que também sabe essas coisas (e sabe!). E com esta resposta calou-me...

Mas lá está... não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe... ele vai-se embora!!!
O acordo que ele fez com a mulher dele era muito simples, no dia em que um deles estivesse infeliz, voltavam, logo que pudesse ser, para a Holanda. Como a mulher não domina a língua, não tinha trabalho, nem amigos, começou a sentir-se infeliz. Ele despediu-se e vai regressar no fim de Setembro para junto da mulher e da filha, que entretanto já foram para a terra das tulipas.

Como eu, ficaram todos em choque, mas com o choque deles posso eu bem... O meu é que me pesa! E cada dia que passa fico mais triste. É que eu sou daquelas pessoas que custa a gostar de alguém, mas quando gosto, gosto mesmo. E infelizmente eu sei que vai ser difícil encntrar um substituto à altura. Seja o chefe que vai para lá, sejam futuros chefes que eu venha a ter noutros sítios. Não é justo!! Eu devia ter tido o R. como chefe só aos 50 anos. Mesmo que só trabalhássemos juntos um ano, eu não teria muito tempo até à reforma para me estar a lamentar e a queixar de outros. Agora com 27 anos ficar sem um chefe daquele calibre?!? É quase para pedir a reforma por "invalidez psicológica".
Com quem é que eu vou trocar piadas?!?! É que com o chefe a coisa tem sempre outro interesse... Pelo menos para mim, com histórias com esta:
Anteontem, quando me pedia par ir trabalhar às sete da manhã, eu disse-lhe que não dava garantias,pois poderia adormecer. Ele, na brincadeira, disse que me ligava para me acordar. Eu disse-lhe que o fizesse, que era uma boa ideia.
Claro que não ligou, mas logo que eu cheguei, disse-lhe que não se admitia, que eu poderia ter estado à espera, que telefonema... nenhum! Ontem voltou a pedir-me que fosse trabalhar às sete. Disse-lhe que talvez, mas... se ele telefonasse... eu até ia. Isto nunca pensando que ele se dignasse a tal coisa... Hoje, já perto do trabalho, reparei que tinha uma sms dele. Enviou-ma às 6h08 e dizia que era hora de levantar, que o café estava pronto. O comboio era às 6h10. Se estivesse à espera dele, nunca teria tempo de o apanhar. Mas o certo é que mesmo pedrada de sono eu cheguei ao trabalho com um sorriso nos lábios.

Quando cheguei a casa, contei esta história à minha mãe e disse-lhe que, com um chefe destes em cada firma, o mundo seria um lugar muito melhor...

5 comentários:

teresa disse...

Concordo plenamente, uma das coisas que valorizo é a forma bem-humorada de se levar a vida. Quando toca a chefes, tal característica ainda se torna mais importante. Bonito post, Luísa.

Artur Zbuffens disse...

Com um chefe desses em cada firma não... Com uma PESSOA dessas em todo o lado...
É chato, eu sei que é, mas podes sempre tentar acreditar que o que vem vai estar à altura desse... Que vai ser um ganda bacano com quem também te vais dar bem...
Estive de férias em S. Pedro de Moel (para não dizeres que não dou notícias) com a minha namorada, e curtia tomar 1 cafézinho contigo daqui a 5 minutos... Mas é díficil.
Lulu, minha praga, beijinhos e até à tua próSSima posta!

Artur disse...

Não seja por isso...
Volto já pra Av. de Roma! :D
E ya, as férias foram boas, já a relação, não anda assim tão boa...
Fazes-me falta tu, a sério que fazes...
Adoro-te!!!

Luísa disse...

EU TAMBÉM TE ADORO. E se eu pudesse ia agora até Telheiras. Ia mesmo a pé do metro até ao Carrefour (se calhar já não se chama assim, mas ok... tu percebes oq ue quero dizer). Sabes o que de repente me deu vontade? Mexer nos cordões da tua camisola. Juro.... 'tava a pensar nas caminhadas a pé que fzaíamos entre o Mc e a porta de tua casa e mais tarde entre o metro de Telheiras e o bar... como se chama o bar... oh!! esqueci-me... sei que tinha uns pacotes de açúcar pretos... era em frente ao supermercado... oh... não interessa o nome. Só a camisola branca com os cordões a pedirem que eu lhe mexesse... sempre preferi a branca, porquq os cordões eram mais compridos!
Ich vermisse dich!! Beijos

Artur disse...

:(
Pois... A camisola branca já a perdi, há uns 3 ou 4 anos, em Alcácer do Sal.
Entretanto, o "Carrefour" agora é "Continente", e o café era o .... KAFFA (ex-cup&cinno).

Oh well, life goes on...

Beijinhos minha praga!