Este senhor não me conhece, mas deve conhecer alguém parecido comigo... Embora eu não reclame o postal, se souber à partida que é um serial-killer. :D
Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers
e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem
acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos
e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da
violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca
esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e
destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas
mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos
eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão
calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível.
Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa
na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de
velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto
de vontade tornam-semesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se
deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não
compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na
viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não
são de confiança, mas até a mais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel
dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça,mas depois levam-nos a
colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de
amigos – elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma
coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco."
Rui Zink, in O Metro, através da Ângela que agora tem um blog que não nos deixa comentar... :(
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