quinta-feira, 19 de abril de 2012

Novos e velhos, eles é que sabem!!

Suíça, século XXI:
Há um italiano por aqui que já foi dono de mais de metade dos edifícios da cidade onde moro (são muitos). Conta-se que teve que pedir um fato emprestado para imigrar para aqui. Chegou cá há muitos anos, começou a construir e a vender e a comprar mais terrenos e a alugar até ao ponto de na década de 90 do século passado ser dono de 80% das casas. Diz-se por aí que bebe uma garrafa de whiskey por dia e tem um feitio muito sui generis: se está de bom humor é capaz de dar uma casa a uma pessoa que nem seuqer precise de ajuda; mas se estiver de mau humor solta os cães ao Exército de Salvação; acha que tem dinheiro suficiente para viver o resto da sua vida (e deve ter) e como não tem descendentes não quer saber das suas propriedades e tem algumas ao abandono. A câmara municipal foi avisando do que ele devia fazer, mas ele estava-se nas tintas. Foi para tribunal, ele perdeu (como é óbvio em situações de casas devolutas) e continuou a estar-se nas tintas. Até que o ameaçaram com expropriação e ele... nas tintas!!! Até que constituiram uma espécie de fundação para gerir o património dele e finalmente võ fayer obras a um prédio devoluto na parte velha da cidade. Se não houvesse essa comissão, ele teria sido expropriado em três tempos e a câmara assumiria as obras do prédio.

Portugal, século XXI:
Uma certa câmara tem um prédio devoluto que é ocupado e, de alguma forma, mantido em condições mínimas. Tornou-se um espaço funcional, de ponto de encontro da comunidade e não está a criar ratos e silvas. Essa câmara, num acto de extrema inteligência resolve despejar os ocupantes, ao que parece destruir o conteúdo do espaço e emparedá-lo.
NÃO CONCORDO com a ocupação ilegal, mas... em certas circuntâncias... acho que a coisa dá para relevar um pouco. A câmara fechava os olhos para o antes e os residentes pagavam as despesas da luz, água e afins... é que convenhamos... eles não estavam a destruir nada, estavam mesmo a trabalhar para a comunidade e ganhavam todos... Os ocupantes por terem onde dormir, a comunidade, novos e velhos, por ter onde se reunir, e a câmara por diversos motivos: menos um edifício a ficar devoluto, menos uma nódoa na cidade, menos uma nódoa no país. Nódoa tanto pelo facto de isto acabar por se projectar com mais ou menos força no estrangeiro e por todo e qualquer turista que calhe a passar em frente a mais um belo prédio emparedado!!!

Adoro a sabedoria da senhora de 81 anos. Mas um dos miúdos também sabe se há muitas pessoas que gostam disto, não têm nada que despejar.




Es.Col.A da Fontinha from Viva Filmes on Vimeo.

2 comentários:

Bruno disse...

Acreditas que vi a notícia na TV e não percebi patavina do que os manifestantes reivindicavam? Em 20 minutos de reportagem/directos só vi da polícia a tentar desmobilizar os manifestantes, pessoas à porrada ou a tentarem pegar fogo a elas mesmas. Falar do estado da escola antes e depois dos "ocupas" "'tá quieto"...

Luísa disse...

O Bruno comentou, mas o comentário só me aparece no e-mail. Assim eu publico e faço comentário num só:

Bruno disse:
"Acreditas que vi a notícia na TV e não percebi patavina do que os manifestantes reivindicavam? Em 20 minutos de reportagem/directos só vi da polícia a tentar desmobilizar os manifestantes, pessoas à porrada ou a tentarem pegar fogo a elas mesmas. Falar do estado da escola antes e depois dos "ocupas" "'tá quieto"..."

Eu só soube mesmo pela minha mãe, pois nõ vejo notícias. Além de ficar abalada pelas imensas tragédias que são ditas e "re-ditas" nas notícias fico irritada com esse "pequeno" elemento que mencionas. Haja paciência para a informação mal dada. :s