domingo, 29 de abril de 2012

Princesas falidas

Se quisesse, podia comprar um carro em segunda mão (por aqui encontram-se coisas muito boas e com uma boa relação qualidade-preço), mas optei por uma bicicleta. Há coisa de duas semanas comprei uma coisa linda, com uma cor clarinha, com um cesto e tudo. :D Vai ser extremamente útil nos próximos tempos e, apesar de poder pagar o carro e a gasolina ser mais barata cá do que noutros países, acho que ainda não me posso dar a esses luxos.

Eu preferia morrer a ter que trabalhar. Foi o que li nas legendas de um programa da SIC Notícias que me prendeu a atenção enquanto fazia zapping.

Mostrava a história de uma filha de uma dinamarquesa e de um luso-francês amigo do Chirac. Os tempos das festas de alta sociedade foram-se porque a família faliu. Não sei se má gestão, se um grande azar ques destruiu a fortuna, embora eu acredite mais na primeira. A mãe diz que o pai era super-protector para a filha e isso, a ser verdade (o marido já morreu, nõ pode confirmar), deve ter levado a que a menina não mexesse uma palha e tivesse vivido num mundo irreal em Cascais.

Ora bem a senhora dondoca que nunca faez nada na vida, recrimina a mãe por passos mal dados no passado, mas...  não me parece que tenha feito nada para mudar o que tinha à frente dela. Disseram-lhe para ir trabalhar para um lar de idosos, mas ela tentou ir trabalhar a tomar conta de cães (em tempo de crise, quando ninguém vai gastar dinheiro no extra de um cuidador de animais). Pediu dinheiro a alguém que tem relações com um embaixador (não percebi quem, nem de que país), mas em vez de ir às compras, foi buscar o carro ao mecânico. E em vez de beber água do cano para poupar, bebe vinho tinto, para depois tratar mal a mãe.

Eu achei revoltante. Quando não se pode ter tudo, tem que se fazer opções. Corta-se com tudo o que é superfluo, com as coisas mais pequenas: desde os vernizes das unhas (uma boa lima e sabão podem deixar quaisquer mãos apresentáveis), as maquilhagens, as milhentas pulseiras... em meia hora do programa, vi a mulher com três ou quatro óculos de sol diferentes. Em vez de encher copos e copos de vinho, que tal comprar só pão?!? E o carro (que era uma lata velha, que qualquer dia deve estar de novo no mecânico)... não seria melhor mandar abater a coisa?? Poupava na gasolina, poupava no seguro do carro. E se andasse a pé sempre perdia os quilos que ela mesma diz que tem a mais.

Eu confesso que não seria capaz de trabalhar com idosos nem em hospitais, porque tenho um medo absurdo da morte. No entanto, se me visse aflita, acho que o faria, nem que fosse só até encontrar melhor e acho que conseguia trabalhar melhor a limpar uma sala de operações no fim de uma "carnificina" do que com os velhos . Mais... não fiquei parada quando vi que não ia trabalhar na minha profissão. Não foi a melhor coisa do mundo começar a limpar numa empresa quando nem as ordens entendia. Mas fui-me mexendo, fui tentando melhorar, progredir... porque, para mim, não trabalhar é que me mata.

Ver isto revoltou-me profundamente, não consigo compreender certas coisas... A arrogância com que ela falava para a mãe, o desprezo que falava dessa coisa magnífica que é trabalhar...  simplesmente mexe comigo!!

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