Em 2003 ou 2004 eu inscrevi-me no Centro de Histocompatibilidade. Queria ser dadora de medula.
Ai a polémica que se gerou. IGNORANTES da minha faculdade criticaram-me porque queriam guardar a medula para um familiar que viesse a precisar. Eu sempre fiz este boneco:
Um chinês precisa de medula e eu salvo-o. E o filho do chinês pensa que pode ajudar alguém, então inscreve-se no centro de histocompatibilidade da China. Daqui a 30 anos um filho meu precisa de medula e acaba por ser salvo pelo filho do chinês. É que ninguém em garante que no dia antes de um familiar meu precisar eu não morro atropelada pelo camião do lixo...
Depois fui gozada pelos meus colegas de medicina. Eu pensava que tinha que estar relativamente perto do paciente. Lá sabia eu que as células podem ser transportadas de avião num certo espaço de tempo até para a América... Xiii! Eles foram mesmo mauzinhos: tu queres é ir para o passeio!! Depois tentaram meter-me medo com as agulhas, mas eu já sabia que o processo é muito mais simples, menos doloroso e perigoso do que era há uns anos.
Vai e volta e sei que sou a única (da minha lista de colegas) inscrita no centro. Nem de medicina, nem de enfermagem, nem de letras, nem de direito... não tive um único colega que se resolvesse inscrever...
A única frustração era quando se ouvia falar de alguém a precisar de medula. Se eu não era contactada queria dizer que não podia ajudar. Para compensar lá andava eu enfiada no Júlio de Matos, mais propriamente no Instituto Português do Sangue. E para esse consegui levar muita gente. Até levei uma colega ao engano. Na hora de me dizer que tinha chegado para a sessão de plaquetas (este processo precisa de marcação) disse que ela estava para dar sangue. Ela teve vergonha de me desmentir. E a partir daí o IPS teve mais uma colaboradora. :)
MAS... (a bela da adversativa sempre presente)...
depois das revelações de finais de Outubro do ano passado descobri também que já não posso ser dadora de sangue nem dadora de medula. Que fixe!! Ou então não!!
Andei de dia para dia, para dia, para dia... até que hoje finalmente mandei um email a dizer que deixem de contar comigo. Não quero que se crie uma expectativa falsa (ainda que no primeiro momento sejam só os médicos a saber que há uma hipótese de compatibilidade).
Assim, estou há que tempos em frente ao computador a fazer coisas que me distraiam enquanto vou ouvindo as novelas todas da televisão portuguesa para ver se aguento não chorar.
É que saber que não se pode fazer uma coisa tão boa como dar sangue dói mais do que tirar a medula do osso da bacia.
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