quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mas será que proibiram mesmo?!?

Os meus pais trabalharam numa fábrica onde a grande maioria dos empregados era estrangeira, praticamente só os cargos de chefia tinham suíços. Um canto do edifício era alugado a um suíço que usava o espaço como armazém de roupas ou não sei o quê. Tinha acesso a um elevador de serviço que era utilizado por todos os empregados que precisassem dele e, especialmente, pela secção da expedição para carregar camiões. Esse suíço tinha a mania de ocupar o elevador e muitas vezes a expedição tinha os camiões à porta e não podia fazer as entregas. Nessa secção trabalha um português como subchefe, um dia passou-se e foi à procura do gajo e disse-lhe que queria o elevador desimpedido para carregar os camiões. A resposta dele foi: tu estás calado que tu és estrangeiro. O português não esteve com meias medidas, foi à procura do chefe e disse-lhe que queria trabalhar e o outro não deixava e que para cúmulo o tinha rebaixado por ser estrangeiro. Na hora o elevador foi desimpedido e o problema levado à direcção. No dia seguinte o tipinho teve ordem de despejo imediato.

Porquê esta história?! Porque ontem uma colega me mandou um texto sobre o apartheid que supostamente se vive na terra das vacas. Esta é uma das muitas histórias que provam como o racismo está patente nesta terra, da mesma forma que está noutras. Mas também provam que o racismo é crime e as pessoas são penalizadas (o português podia ter processado o gajo e ainda recebia uns trocos, mas ele já ficou satisfeito com o facto de poder trabalhar sem stress), ao contrário de outras terras...

Nesse texto havia barbaridades simples como a Suíça tem quatro línguas devido à imigração dos séculos XIX e XX.  E havia afirmações peremptórias que eu não consigo dizer a 100% que sejam mentira, mas nas não consigo acreditar...
Uma tinha a ver com asilados estarem proibidos de entrar em igrejas, piscinas e parques infantis. Eu ainda não vi, ouvi ou senti nada disso. Sei que nas piscinas até pode ser fácil controlar: tem que se pagar bilhete à entrada, basta pedirem um documento e barra-se a pessoa. Agora nas igrejas?!?!?!?!?!?!? As portas estão abertas. Entra e sai quem quer. Eu só vi padres ou sacristãos na hora da missa ou perto disso. Não estão lá de polícia à porta...
Nos parques infantis a coisa ainda mais confusão me mete: os parques não são vedados. Pode haver uma rede para evitar que as bolas saltem para estrada. Um muro baixo só para enfeitar que acaba por dar um jeitão do caraças para os pais se sentarem a dar o lanche ao bebé enquanto o filho mais velho escabriola pelo escorrega abaixo. Mas está tudo aberto. Os miúdos vão e vêm conforme querem. Jogam à bola, pingue-pongue (têm que levar as raquetes e as bolas, mas as mesas estão lá), basquete, andam nos baloiços e no escorrega. Muitas vezes os parques infantis são as imediações das escolas. E se há coisa que eu adoro é ver as escolas sem portões e muros altos. Não há sinais de proibição a interditar a passagem. Qualquer pessoa pode atravessar o pátio da escola a qualquer hora do dia. Os miúdos, na hora do recreio têm vigilância. E está a coisa resolvida.
Aqui não é como em Portugal que se tem um sinal a dizer que é proibida a utilização do parque por menores de 12 anos!!!
No centro da cidade há uma escola que tem o pátio aberto, parque infantil e por trás há um jardim público. Em fins-de-semana de bom tempo, é comum ver os papás com os pimpolhos nos escorregas e muitos estrangeiros a jogar petanca lá perto. Como é que se consegue distinguir um asilado de um estrangeiro "normal"?

É que o único acesso a um parque infantil que eu sei que foi vedado por aqui foi muito bem vedado!!! No sítio onde a minha mãe morava havia um infantário, mas morava uma família por cima. Os baloiços e afins eram de acesso público e toda a gente (inclusivamente os meus pais) atravessavam o pátio para ir trabalhar. Mas havia umas famílias em que as mulheres não trabalhavam e iam para ali com os miúdos. Os putos faziam o que queriam e estragavam tudo. As mamãs comiam pevides de girassol e deixavam tudo sujo como se fosse uma gaiola de um papagaio e rematavam com as beatas dos cigarros que deixavam por toda a parte. A senhora que morava por cima cansou-se de limpar a porcaria todos os dias (uma a limpar e várias a sujar!! não é uma batalha equilibrada!) então pediu aos responsáveis pela escola que tratassem do assunto e assim foi: 1,5m de altura de rede e um portão fechado à chave. A minha mãe não gostou pois tinha que dar uma volta maior, mas ao mesmo tempo não se importou porque percebeu o dilema da senhora e da escola.
Assim, digam-me lá... não acham que a escola fez bem em fechar o acesso?

Mais... o que é que um adulto tem a fazer num parque infantil se não tiver filhos?!?! Seja homem ou mulher, seja suíço, estrangeiro "normal" ou asilado... se não estiver a acompanhar os filhos, os sobrinhos ou os filhos dos amigos... o que é que tem que fazer num parque infantil?!?! Eu que sou meia vagabunda e ando por toda a parte, tanto sozinha como acompanhada, não costumo parar em parques infantis porque não tenho filhos, sobrinhos ou amigos com filhos...

Há bocado passei por uma escola e como estava à espera que as cancelas das passagens de nível se abrissem aproveitei para tirar umas fotos e mostrar como é que as escolas costumam apresentar-se por aqui. Tudo a ver com o que se vê por outras bandas. Não?!?! Pois não...

Pergunta final, se é assim tão mau viver na Suíça, porque é que querem todos vir para cá? A Suíça, apesar de ser um dos países mais pequenos da Europa é o país com maior número de pedidos de asilo da Europa... É porque é um mau país! Só pode...







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