domingo, 2 de junho de 2013

Uma questão verbal

Ao contrário do que afirma uma máquina que anda a aprender para ser chefe, há falta de pessoal. Trabalhamos mais horas; quando falta alguém, são sempre os mesmos a serem chamados para fazer substituições; chegamos a começar uma hora mais cedo o trabalho e por aí fora.

Esta semana, ficou mais uma doente (eu já disse, todas as semanas há alguém em sofrimento!!) e na quarta era preciso gente suficiente para o muito trabalho previsto. Eu estava de folga e a minha professora veio perguntar-me se eu poderia trabalhar na quarta e teria a quinta livre. Eu fiquei de dar a resposta mais tarde pois tinha um compromisso marcado e tinha que ver se o poderia alterar. Entretanto chega o choninhas do chefe que me pergunta se poderia trabalhar no dia seguinte, ponto. Disse-lhe que sim, mas perguntei-lhe se precisava de mim na quinta. Só para confirmar, pois eu fiquei com a sensação que ele não me iria dar folga. Meu dito, meu feito: ah se pudesse vir os dois dias, eu ficaria agradecido. É que amanhã é o dia das promoções. Mas na quinta vem uma empregada nova e eu gostaria que lhe explicasse como se coze o pão [tem uma lista, tem uma ordem, um sistema que deve ser seguido mais ou menos à risca].
Como eu vim para a Suíça para trabalhar e ganhar dinheiro e só estou a 60%, não me fiz de rogada e aceitei trabalhar mais um dia.

Trabalhei quarta, fui na quinta e voilá: lista na mão e aluna ao meu lado. Expliquei tudo como me ensinaram e, saindo quase uma hora depois da hora marcada no meu plano, ainda lhe fiz um resumo/recapitulação de tudo o que lhe ensinei ao longo da manhã.

No fim, o chefe perguntou-me se ela era capaz de cozer pão sozinha. Eu disse-lhe que sim, que eu tinha explicado tim-tim por tim-tim, tal e qual como tinha aprendido. E caso eu tivesse ensinado mal, significava que me tinham ensinado mal. Ele compreendeu, concordou e agradeceu imenso. Disse-lhe que não era nada, mas tive vontade de lhe dizer que deveriam mudar o meu crachá.
Por cima do meu nome, em letras brancas sobre fundo rosa, não deveria estar ich lerne, mas sim ich lehre. (eu aprendo; eu ensino)

Porque, na realidade, mesmo estando em tempo de prova, em que tenho que aprender e mostrar que sou capaz de aprender e fazer o meu trabalho sozinha, eu tenho dado comigo a ensinar os meus colegas novatos e o espanhol, que entrou no mesmo dia que eu, mas que não pesca nada da língua dos germânicos.

É muito bom! Significa que estão contentes comigo, com o meu trabalho e as minhas capacidades. Mas também é muito bom poder ensinar alguma coisa. Nem que seja como se programa o  forno e quantas ciabatas se devem cozer de uma vez... :)

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