Quando tinha 4 anos estive internada com uma broncopneumonia muito complicada. Lembro-me de alguns pormenores. O quarto da clínica tinha duas camas: a do doente, tamanho normal e uma pequena, do acompanhante, onde eu fazia questão de dormir. Uma vez o jantar ou o almoço era fígado com batatas cozidas e eu não quis comer. Parti o meu copo de lavar os dentes que tinha uns bonecos. Lembro-me de ter que beber leite de pacote, por uma palhinha, para uma sonda me entrar pelo nariz. Era desconfortável e o leite de pacotinhos nunca mais foi saboroso. Mas o que poderia ser mais perturbador desapareceu. A minha mãe diz que eu tinha que levar umas injecções diariamente que eram uma tortura para mim. Segundo ela, um dia pus a mão negra a uma enfermeira de bater com os pés para me denfender. Era três por dia... mas não me lembro disso.
E não me provocou medo às injecções ou seringas. Tanto que no tempo em que era preciso um atestado médico para o imigrantes entrarem na Suíça, cheguei a acompanhar o meu pai numa ida ao laboratório. E lá eu estava disposta a dar sangue só para receber uma seringa.
Fui dadora de sangue durante muito tempo. Nada! Não tenho problemas com sangue, seringas ou agulhas.
Mas na hora em que preparo a pen da injecção. Dói-me tudo. Monto a agulha que fica escondida (ela só se vê depois da injecção feita, quando se puxa para fora da perna), desinfecto a perna (os toalhetes embebidos em álcool estão sempre gelados). Sempre muito encolhida. Respiro fundo vezes sem conta. E sinto uma solidão daquelas nesses 3 ou 4 minutos (a sério que não é mais, desde preparar a pen até a fechar com uma tamap de segurança), cheia de medo. Como se eu sempre tivesse tido problemas com agulhas, médicos, sangue...
O tratamento faz-me bem. Nunca mais tive crises desde Janeiro. E as que andavam a moer há muito tempo regrediram praticamente para zero. Mas o tratamento dá cabo de mim de um modo que não sei resolver.
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