Foi assim que uma colega tentou rematar uma troca de ideias sobre essa coisa das actividades de enriquecimento curricular.
Ela é professora de inglês e francês de 3.º ciclo e secundário e está numa coisa dessas. Completamente pró enriquecimento dos putos. Eu também sou a favor do enriquecimento dos putos. Mas não com o que considero uma palhaçada. Portanto, sou contra. No entanto, não queria que ela mudasse de opinião, que eu gosto pouco de carneiros que mudam de caminho só porque um mudou.
Usei como exemplo a experiência da minha família para ser contra isto. E tenho várias histórias de vários concelhos que me permitem ser contra a parte burocrática (contratações e afins, sobre as quais nem me vou pronunciar).
Sempre fui contra os putos estarem horas a fio numa sala de aula. Mesmo que de manhã seja a professora e de tarde seja outra e que seja considerado uma brincadeira... Há tempos li que há médicos que defendem que, por se estar muito fechado em espaços pequenos, os nossos olhos estão a ficar cada vez mais preguiçosos e, por isso, as pessoas vêem cada vez menos ao longe, precisando, consequentemente, de usar óculos. Isto sem se falar das coisas que toooooooooda a gente sabe que fazem bem: ar puro, Sol... Eu acho que se fizessem uma experiência e metessem metade da criançada a escabriolar todas a tardes e a outra a fazer coisinhas giras como inglês e música. Tenho para mim que ganhavam os índios!
Para justificar esta opinião usei, como disse, a minha família. Ah porque tu não és regra. Eu sei que não sou regra. Mas vou comparar o sistema português com o sistema suíço? Também o posso fazer, mas tem mais lógica que compare português com português. Além disso, comparar ocom o sustema suíço corrobora a minha opinião. Eu não represento o todo, o que quer dizer que o todo também não me representa a mim...
Na primária eu tinha aulas das 8h à 1h. Intervalo pelo meio. Um dia por semana com religião e moral (não era assim que se chamava, mas andava lá perto). Tinha música e o professor organizava umas aulas de futebol (era tão fixe jogar à bola de saia!!!!!). Ou seja, eu tinha de tudo um pouco, de forma desprendida. E à tarde: casa! Era o meu tempo. Fazia o que queria e não fazia os trabalhos de casa de matemática. Não estava lá enfiada, sentada. Quando aprendi inglês no quinto e sexto ano safei-me muuuuito bem. Eu era das melhores alunas, não fosse eu ter boicotado uma aula de inglês no quinto ano (falta a vermelho!!!!), teria tido 5, que chegou finalmente no sexto. Assim... as AEC não me fizeram falta.
Mas o exemplo máximo é o meu irmão: quem o ouve falar pensa que ele é bilingue. Não aprendeu inglês comigo durante a primária (eu sou mais velha). Não teve gramáticas. Não teve dicionários caros. Não teve explicações. Um dicionário de bolso da Porto Editora, os manuais e o currículo que toda a gente teve do 5.º ao 11.º ano. Mais nada. E fala como gente grande. Eu nunca assumo isto à frente dele, porque ele é um vaidoso de primeira apanha, mas ele é mesmo bom!
Sim, eu sei que o meu irmão não é a regra. Mas é um dos pontos que me faz ter a opinião contra.
Outro argumento também tem a ver com o meu irmão. Há cinco anos ele foi professor de inglês nessas coisas lindas de AEC!! Ele ainda nem a licenciatura em Marketing tinha acabado. Não tinha diploma passado pelo British Council (é isso que é equivalente ao Goethe e ao Camões não é?). Mas foi dar aulas em duas escolas primárias. O meu irmão fala muito bem inglês, mas não sabe ensinar (eu "traduzia" os ensinamentos de informática dele para a minha mãe). O meu irmão é inteligente, mas simplesmente não sabe transmitir conhecimentos. É o seu handicap, como se diz agora. Assim... acho que não preciso de continuar a falar sobre este ponto para se perceber por que raio eu acho que essa coisa, de modo geral, é só para encher balões.
A minha colega ainda disse que os pais agradecem. Claro, têm babysitter de borla... Mas se essa coisa de ser pago for para a frente... Quantos pais vão agradecer?!?!?
Honestamente acho que se está a sobrecarregar demasiado os putos. Têm que saber inglês e música e mais não sei o quê. Como se todos venham a ser directores executivos de uma multinacional ou a pertencer à Orquestra Sinfónica de Berlim. Se calhar era melhor ensinar menos, mas melhor. Ensinar-lhes a a excelência e não a quantidade, a grandiosidade e não a grandeza.
Mas isso sou eu que não percebo nada, que não estou em Portugal, que não estou nas AEC e mais uma data de coisas que não foram ditas pela minha colega, mas ficaram subentendidas.
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