segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Será que também lhe devo mudar a fralda?!?

O dia em que a minha chefe me "promoveu" a responsável pelos livros foi dos mais felizes na minha longa vida laboral. Sabia que não ia ganhar mais dinheiro ou benefícios por isso. Sabia que ia ter muito mais trabalho. Mas sabia que aquele departamento ia funcionar muito melhor. E, por fim, sabia que ia ter um enoooorme prazer a tratar de tudo.  Só não sabia que ia regredir até à creche...

Quando assumi as minhas responsabilidades, comecei a organizar ainda mais e melhor as gavetas dos livros de reserva. Comecei a limpar prateleiras com anos de pó, a fazer devoluções graduais de livros muito antigos. Cheguei a criar umas etiquetas para arrumar os livros nas gavetas. Dei-me ao trabalho de fazer etiquetas coloridas e divertidas para não aborrecer ninguém. Plastifiquei-as para não se perderem, sujarem ou rasgarem. 

Mas se com o tempo eu me organizava mais, com o tempo o sistema de devoluções/entregas de livros se enrolava mais. Farta de mandar faxes, peguei no telefone e liguei para saber que raio se passava, já que estávamos sem material. Com a conversa, percebi que havia muita coisa lost in translation. Lá me entendi com a mulher e toca de fazer mais umas alterações. Como eu não tive tempo de transmitir a informação a toda a gente e estamos, afinal, na creche, não fizeram circular a informação e no mesmo dia em que fiz mudanças foi tudo desmanchado.

Como não trabalho com toda a gente ao mesmo tempo, resolvi deixar uma folha dentro de uma gaveta. Na gaveta explicava que tinha falado com alguém entendido na matéria e que por causa disso tinha feito umas alterações. Tinha um esquema das possíveis disposições dos livros e pedia por favor que deixassem as coisas assim. Alemão simples, mas educado e agradecido. No dia seguinte chego para arrumar os livros e... ai! chorei de raiva!!! Como se não bastasse os livros não estarem como os tinha deixado (segundo directrizes superiores a mim), a folha que eu tinha escrito estava amassada e rasgada. 
Eu sabia quem tinha feito a ofensa. E não fiz nada. A moça veio trabalhar e eu fiz o meu sem discutir. Uma colega minha tomou as minhas mágoas e foi desancá-la. Mas falar para a S. (a perpretadora da ofensa) é o mesmo que falar para uma parede. E eu disse, em espanhol, à minha colega L. que se poupasse ao esforço. 
Eu consegui puxar a L. para fora da loja. Fomos beber café e desanuviar. Mas a S. não ousou pedir desculpas ou até explicações sobre a folha que eu tinha escrito. 

Na Sexta houve a tal reunião que mudou as nossas vidas. Estamos todos em risco de perder o nosso emprego. E estamos dependentes de boas avaliações no trabalho. E foi aí que a S. percebu que... talvez... tenha cometido suicídio naquele trabalho ao andar a arruinar trabalho bem feito, autorizado por superiores e que visa um único propósito: o lucro da loja.  
Hoje veio com o rabinho entre as pernas pedir-me desculpas. Mas bateu na porta errada. Para cabra, cabra e meia. Para criança, criança e meia. Se ela se portou como uma cachopa desmiolada, eu vou-me comportar como uma pirralha da pré-primária e vou fazer queixinhas à "probessora". 
Eu vou dizer à chefe que não discuta com ela, porque, com os problemas que a velhota tem, nem compensa enervar-se com o "mimo do caco". Mas também não quero deixar passar em falso, porque até termos a certeza se vamos para a rua ou não ainda vão demorar uns meses e eu, que não quero filhos, não estou para aturar os dos outros...

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