segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Da cabra que diz palavrões

(eu sou cabra, digo palavrºoes de vez em quando, mas não é em mim que este está focado)


- Está despedido.
- Não, eu é que me despeço!

Toda a gente já leu a brincadeira num livro, viu num filme... Comigo, que sou especial, aconteceu no sentido contrário.

No final do mês passado, mandei a carta de despedimento. Segundo o meu contrato, eu tinha até Sexta-feira passada a possibilidade de me despedir com uma semana de antecedência. A partir de hoje já seria um mês dado à casa. Assim, para não me chatear e como só queria ficar até ao fim do mês resolvi mandar a carta no fim de Agosto. Assim, não arranjava problemas para mim e dava tempo à cabra da minha chefe para se organizar.

Na Sexta-feira passada fui até Colónia. A S. casou e convidou-me para a festa que seria no Sábado. Como ela fica relativamente perto de Colónia, resolvi ir de véspera e ver mais uma cidade. Sabe sempre bem sair e ir conhecer algo mais (e aquela catedral... uau!). Meti-me no avião até Düsseldorf. Depois no comboio até à terra da Eau de Cologne... Já perto do destino recebo uma mensagem (depois de uma chamada perdida) do moço responsável pelo meu processo na empresa de trabalho temporário. Tinha que lhe telefonar com urgência. Saí do comboio e ainda no cais liguei-lhe.
A cabra da minha chefe tinha-me dispensado.

Eu fiquei em choque. Está uma pessoa a chegar a um sítio lindo e apanha uma daquelas?!?!?
Um dos argumentos dela para me despedir: eu não tinha avisado que me ia embora. MEN-TI-RA!!!! Eu não ando no infantário. Apesar de ser meia esgroviada, sei muito bem cumprir os meus deveres e obrigações.

Mas ela é esperta. Despediu-me no limite, anulando a minha carta de despedimento anterior (está dentro da lei). Sabendo que eu estaria longe para vir cá resmungar. Sim, porque se eu estivesse em Estugarda, teria vindo de novo à Suíça fazer uma cena. Mas já Colónia... um bocadichito mais longe...

Hoje fui à loja. Entreguei a chave, o uniforme, o crachá. Copiei as minhas horas de trabalho para controlo posterior, recolhi as minhas gorjetas e levei o chip das horas para o escritório da firma de temporários. Não fiz escândalo, não perguntei porquê (ela iria arranjar 1000 argumentos falsos que me iriam tirar do sério, assim... melhor nem perguntar). Despedi-me das minhas colegas com muito carinho e a ela atirei-lhe com um "adeus" bem seco. Se ela estava à espera de outra reacção (que me pareceu que estava), enganou-se...

Deu-me pena (ao mesmo tempo que me encheu de orgulho) ver a A. a chorar por mim. Eu não vou para a guerra. Simplesmente fui despedida. Mas sei que, uma vez mais, marquei alguém pela positiva.

No entanto, nesta história toda as coisas só correm a meu favor. Sendo despedida, é-me muuuuuuuuuuuuuuito mais fácil receber o fundo de desemprego. Depois, eu até queria estar o próximo fim-de-semana na santa terrinha, mas como sabia que a cabra não tem empregados que cheguem, não lhe pedi folga. Afinal... agora só tenho que decidir se vou na Sexta ou no Sábado...

Além disso, ela só arranja mais corda para se enforcar. É que daqui a um mês e pouco... ela vai-se arrepender de me ter conhecido e, finalmente, vai perceber que os portugueses NÃO são todos iguais!
Há os que são uns panhonhas e dizem foda-se (como ela gostava de dizer) e há os que são simplesmente fodidos de aturar... 

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