segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Não é uma questão de patriotismo

De há uns anos para cá desenvolvi uma mania. Tento não comprar artigos made num dos maiores países do mundo. Começou com o Natal, mas espalhou-se a todo o ano.
Foi num dos Natais em que andava a ver enfeites de árvores. Havia centenas LIIIIIINDOS. Não que eu precisasse, mas um... até se podia cair na tentação. Quando olhei para o preço vi também de onde vinha e depois pus-me a pensar: num país onde não há Natal fazem os bonecos que hei-de pôr na minha árvore?!? Com que cara vou olhar para uma bola colorida se pensar se não foi feita numa caverna (gente informada sabe do que estou a falar). A partir desse dia comecei a olhar para a origem do país. Se é de lá... pode ser lindo de morrer, barato como o caraças, mas fica na prateleira.
Lentamente essa filosofia passou para todos os outros artigos e ao longo de todo o ano. Se é muito barata começo por ver a origem, se não é muito barato avalio a qualidade e depois passo para a origem.
No mês passado, na santa terrinha, dei boleia a uma senhora para ir às compras e ela perguntou se podíamos passar um bocadinho numa loja de artigos para a casa. Como ela anda sempre enfiada em casa e eu acho que lhe faz mal, acedi rapidamente. No meio dos cacarecos acabei por encontrar umas canecas jeitosas. Grandonas, perfeitas para o meu pequeno almoço, que sou de muito alimento, e bastante práticas porque podiam ir ao micro-ondas e à máquina de lavar. Não é que precisasse MESMO delas, mas davam jeito. Peguei em duas e dirigi-me ao balcão. Na conversa com a senhora lembrei-me que não tinha feito o controlo de origem.
Olhei para etiqueta e vi que estava uma colada sobre outra. A funcionária começou a descolar uma e disse, é feita em Portugal, veja. Eu realmente vi, mas não era made in que lá estava, era distribuído por empresa X de Portugal. Então peguei na outra chávena  e comecei a descolar ao contrário e vi made in uma certa republica popular.
Virei-me para a senhora e disse uma vez mais (ela tinha ouvido a minha conversa desde o início) lamento, mas não compro artigos deste país pois recuso-me a promover a escravatura. Ela com um tonzinho de reprovação vira-se você lá sabe.

What the...?!?! Reclamam dos ordenados baixos, das faltas de ondições, mas é só deles. O resto do mundo?!?! Que se dane!!! E isso eu não concordo. Ao comprar artigos de certos países estou a fazer várias coisas: a patrocinar escravatura lá, a desvalorizar os preços cá e, como consequência, a diminuir postos de trabalho, a fechar empresas, a mandar emigrar os nossos, a destruir possível riqueza do nosso país.

Se não concordam com as minhas atitudes e ideias, amigos na mesma. Mas que não me reprovem, muito menos se forem dos que se passam  a vida a queixar da falta de condições...

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