Mas como não me bastasse a Segunda... veio a Terça... Eu só digo... atirei pedras na cruz numa vida passada!
A otária sem emenda, conheceu uma portuguesa há coisa de dois meses. E coitada a da mulher, sem trabalho, sem saber a língua... lá vai aqui a otária (eu tenho que repetir isto a ver se aprendo) fazer cartas, procurar empresas... mas a resposta é sempre a mesma... sem alemão não está em condições. Ah porque a Luísa é que podia dar-me aulas... A otária... teve pena e toca de dar umas aulas de alemão. EMbora eu não saiba alemão como um suíço, sei o suficiente para pôr uma pessoa a trabalhar numa empresa de limpezas, pelo menos. Nada de borlas, que eu tenho que pagar o tinteiro... Um preço de amigo (e que amigo!) e aulas em função das necessidades dela: ensinei-a a cumprimentar em suíço porque não é igual aqui e na Alemanha. Disse-lhe que havia mais formas, mas que aprendesse olá e adeus em suíço e que depois o resto vinha.
6 semanas.... 6 semanas e aquela alma não aprendeu a dizer aquela merdice. Ensinei-lhe o verbo sein (ser/estar) e haben (ter) e disse-lhe que ela os tinha que meter na cabeça pois eram verbos irregulares logo não tinha uma dica para ela memorizar. A minha intenção era que ela aprendesse a dizer: Eu sou a fulana. Nada...
Disse-lhe que fizesse cópias. Dei-lhe grelhas para ela preencher. Ofereci-lhe um caderno. O pretexto foi ele ser pautado (aqui quase não há cadernos pautados, são lisos ou de quadriculas, enfim, uma treta!) e ela não saber onde comprar, mas na realidade era para ela fazer as cópias e não ficar com medo de gastar dinheiro. Arranjei cópias de livros com exercícios. Cópias de gramáticas. Pois se ela não trabalha... não tem dinheiro para essas coisas. Resultado? Sempre o mesmo: NADA.
A semana passada ameacei-a, ou ela mostrava o que sabia esta semana ou eu não lhe dava mais aulas.
Ontem de manhã veio-me uma intuição... mandei-lhe uma mensagem a dizer que levasse tuuuuudo com ela (porque ela deixava o caderno em casa) pois íamos precisar de tudo.
Fiz-lhe um teste. Dei-lhe meia hora. Se aquilo fosse feito por uma pessoa que estivesse ao nível em que ela deveria estar, era feito em 10 minutos! Resultado: menos de 30%!! Passei-me.
Quando comecei a ver o caderno e as coisas que eu lhe tinha mandado fazer... não tinha nada feito... Eu dizia-lhe: copie os verbos. Ela: Eu copio muitas vezes. Tudo uma treta. Ela copiava os verbos no infinitivo, em alemão e em português. Quando lhe perguntei porquê, eram os que eu tinha dificuldade. Então resolvi perguntar-lhe os que ela supostamente sabia identificar. Pois sim... Quando lhe perguntei pelos que ela tinha copiado... Pois sim... quando lhe perguntei porque não fez as cópias como lhe disse, mas acha mesmo que vale a pena?!?! Oh pá... deu-me vontade de lhe bater. Não... eu mandei-a fazer cópias porque gosto que se estrague papel...
Tentei ensinar-lhe os números, andou não sei quantas semanas para aprender os números de 1 a 19 e consegue dizer pelo menos 5 disparates de cada vez que conta até 19. E o pior de tudo é que no fim de corrigida ela diz as mesmas asneiras e, não satisfeita, acrescenta mais algumas.
Ela desculpa-se com tudo: a idade, os problemas, a falta de contacto com a língua. Passei-me! A minha mãe veio para cá um pouco mais nova que ela. Mas os filhos da minha mãe estavam e Portugal, os dela moram no mesmo bairro que ela... cá. A minha mãe também não tinha contacto. Ia comprar o jornal todos os dias para ver se tirava umas pelas outras. Agora que há jornais gratuitos, ensinei a mulher a ir buscar um todos os dias e disse-lhe para o folhear e que tirasse uma palavra por dia. Ah! O meu marido traz-me o jornal todos os dias. Para acumular lixo em casa, disse-lhe eu, já que você não faz nada do que eu lhe disse.
Mas acha mesmo que vale a pena?!?!
Não, não vale. Ai assim não vale... Você não trabalha.
Ah eu sou é burra...
Saltou-me outra vez a tampa e disse-lhe, a ela que poderia ser minha mãe, não é burrice, é estupidez. Porque eu tenho explicado tudo, dou-lhe folhas que ensinam alemão a totós e você não faz o que lhe pedem. Quer aprender?!?! Assim nunca vai aprender e pode pensar em ir para Portugal porque aqui você não faz rigorosamente nada, pois com o andar da carruagem, você não consegue trabalhar em lado nenhum.
Posso parecer má... mas... ela não se esforçou nem um pouco! Ela está o dia todo em casa... podia saber aquilo que lhe ensinei de cor e salteado...
Depois começam outras incongruências... Ela disse que sabia falar espanhol e italiano. Como ela trabalhou hotéis no Algarve pensei que tivesse aprendido alguma coisa. Sabem uma coisa?!? O meu japonês é melhor do que o espanhol dela! Ontem disse-lhe que se ela não sabia as palavras em espanhol tinha que as saber em alemão, pois a patroa dela (ela conseguiu uma patroa, vamos ver por quanto tempo, pois logo no primeiro diz fez asneiras porque não percebeu a mulher) podia não saber dizer a palavra em espanhol, logo ia usar alemão. Usei o exemplo com calças. Ah eu sei que é pantalones. E depois, que mais?! perguntei eu. Pode ser para lavar, passar, arejar, arrumar, deitar fora, compor, oferecer... sabe dizer passar a ferro em espanhol? É parecido com português, só com sotaque. Eu pensei logo nessa marca de refrigerantes conhecida a nível mundial... sabem?!?! a Cueca-Cuela. Deve ser assim que ela fala espanhol...
Disse que não lhe dava mais aulas, pois não estou para gastar o meu latim com uma pessoa que diz que quer, porque precisa, aprender alemão e que depois não copia a merda do verbo ser conjugado de modo a aprender a, no mínimo, apresentar-se...
Eu compreendo que um adolescente não queira fazer os trabalhos, estudar. Aquilo tudo é, muitas vezes, uma seca. Tudo o resto é sempre mais interessante. É mais porreiro afrontar o professor do que passar por manso e fazer os TPCs. (estou a falar/ver pelos olhos de um adolescente). Agora um adulto?!?! Quando tem que ser... tem muita força. Mas pronto... tinha que me calahr mais uma croma...
Quando é que eu aprendo!?!?
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