Uma colega sempre que encontra informação nova sobre esclerose múltipla reenvia-me tudo. Há uns dias disse-me que uma mulher tinha feito 365 maratonas em 365 dias sem ter tido nenhuma crise. Fui procurar informações, pois fiquei com alguma curiosidade.
Na realidade, a senhora fez o equivalente a 366 maratonas em 365 dias. Na hora fiquei tocada pelo feito. Não me surpreendeu a falta de crises, mesmo sem medicação, pois há pessoas que não tomam medicação e raramente têm crises. Isso depende do "grau" da esclerose e da própria vida que se leva.
O meu médico disse-me que eu poderia esperar antes de começar com as injecções. No entanto, a ideia de ter um novo surto que me tirasse a vista assustou-me demasiado. Apesar das injecções não serem garantia a 100%, dão mais segurança do que medicação nenhuma...
Mas ontem, quando regressava exausta do supermercado pensei em tudo...
Comecei por reparar que vinha num passo certo, ligeiramente acelerado, bom para o corpo (e mente também). Daí saltei para a senhora e para o feito dela. E depois para a ideia de que quem, com ou sem esclerose, corre 366 maratonas num ano tem uma vida do caraças... Tem muito apoio por trás, ou como é que ela sustenta dois filhos pequenos? Ou, pensando numa coisa ainda mais básica, acreditam que ela só tem um par de sapatilhas para correr 15443,37km?!?!
Eu vinha cansada e pus-me a pensar nisto. Ora, se eu tivesse uma vida folgada como ela, se calhar arriscava a não me injectar. O meu fígado iria agradecer muito... Mas eu tenho contas para pagar, não posso arriscar a ficar em casa meia pitosga durante uma semana. Assim, no fim de contas, a minha colega, em vez de me ajudar, deixou-me mais frustrada, com a situação (clínica e laboral). Ela não tem culpa. Eu sei que era intenção ajudar.
Só que, às vezes, quando saem estas reportagens por aí... é muito bonito ler estes feitos, mas... quando vamos ver bem as coisas... até eu participava no Ironman...
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