Como agora tenho que ir para Zurique fazer o curso de alemão e estou dependente dos transportes públicos, tem-me sido difícil fazer compras de qualquer tipo. Mas há compras e compras. E eu preciso do uns quantos livros e um dicionário novo com urgência. Então enviei a minha mãe na missão de os comprar e/ou encomendar. Apareceu-me hoje em casa com um livro (os outros estarão na livraria na sexta). Custou 34.90 francos, com um IVA de 2,4% (dois vírgula quatro por cento).
Hoje, na pausa da aula, perguntavam-me porque estava a fazer o C2 de alemão (São meias estúpidas, não?!?! Para aprender!!!!!) e daí fomos para ao trabalho, à razão de ter escolhido a Suíça, de ter deixado Portugal e por aí fora. Contei como está difícil encontrar um trabalho com um salário decente para fazer face às necessidades do dia-a-dia, como é difícil pagar tantos impostos, pagar rendas e mais não sei o quê... Uma colega não acreditou em mim. Disse que era muito mau para ser verdade, que se estávamos na União Europeia não podia haver tanta diferença entre países e mais não sei o quê... E eu só dizia: "É verdade! Eu sou a prova disso. Eu deixei Portugal porque acho que é injusto viver assim!". Mas ela não engoliu!!
Agora pergunto-me: Se eu lhe disser que o IVA subiu de 20% (ou 21%, já não como estava antes) para 23%, será que ela me bate por pensar que eu estoua gozar com a cara dela?!?!?
É que a notícia que eu ouvi hoje só pode ser para isso: GOZAR COM O POBRE! Como é que um livro aqui tem um IVA quase 10 vezes inferior ao IVA em Portugal, país onde se ganha menos que uma miséria?!?!
O livro que a minha mãe conseguiu comprar chama-se Schwierige Wörter, palavras difíceis. Mas visto à distância, o que me parece difícil é a vida (schwierige Leben).
5 comentários:
É certo, Luísa, "vida difícil" é a designação... quanto ao colega que não acredita na situação (extensiva aos estados membros, embora este governo seja 'peculiar'), acabo por concluir que aí, como por cá, muita gente não presta atenção às notícias, pensei que essa distracção era mais nacional...
Antes pelo contrário, Teresa. Esta colega até é bastante atenta. Apesar de ser um país do oriente, que agora esqueci, ela sabe falar de forma global das questões da União Europeia. O que acontece é que Portugal não é importante e essa informação não chega cá assim tão facilmente. Só um economista ou um paranóico é que vai saber os valores reais da situação em POrtugal.
A Suíça é um mundo à parte e o país de que se fala mais (além da Suíça, claro!) é da Alemanha (e ainda dizem eles que não gostam dos alemães!!). Como disse, Portugal não interessa muito...
Acredito, Luísa, pois se até recebo semanalmente um jornal francês e, de Portugal, o que mais publicam é na secção de turismo as fotografias das praias e dos verdes lá do Norte...
Aqui é pior, Teresa. Eles passam as imagens bonitas num canto do jornal. Mas sempre que ocorre uma tragédia... é primeira página. Lembra-se do autocarro que se "afundou" lá para os lados de Campo de Ourique (ou Campolide!?!)? Por aqui, a imagem ocupou meia página de jornal em todos os lados... Há tempos vinha uma notícia sobre a crise em Portugal e sobre uma manifestação que houve. Quando reparei, a imagem que eles apresentavam era das pessoas que esperavam o Papa Bento XVI no POrto!!!!!!!!!!!
Mas depois saber como está realmente o país... nada!!! :s
Verdadeiramente lamentável (eh, eh! refiro-me a ambas as situações): o facto de Portugal não existir ou antes, de existir exclusivamente nas 'desgraceiras' o que cria certamente uma imagem injusta para tanta gente de Portugal a trabalhar duramente e com empenho nesse espaço. Continuação de boa semana.
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