Há uns anos, quando morava com as freiras em Fátima, uma delas pediu-me que "dominasse" as pestinhas durante todo o fim-de-semana. Isso implicou eu ter cuidado com a hora de comer e de dormir, com o controlo das horas em frente à televisão e a brincar, com a distribuição das tarefas e ajudar no estudo. Não sei bem como, mas a coisa correu bem. No Domingo à noite, depois de pôr as minhas terroristazinhas na cama, a freira chegou-se junto de mim e disse: "Obrigada, Ana Luísa!". Eu disse que não era nada, mas ganhei uma noite de sono maravilhosa só por ouvir aquela frase.
Anteontem, quando andava nas minhas limpezas no aeroporto (o meu novo trabalho por cinco semanas), voltou a passar-se o mesmo. Andei a trabalhar na zona de controlo de passaportes e o que eu tinha que fazer era bem simples: limpar as cabines dos polícias e mudar os sacos do lixo. Mas há sempre um passageiro apressado que deixa cair o canhoto do bilhete ou um parvo que o deita para o chão. Eu apanho-os. Não custa nada e é bem bonito ver o chão limpinho. :p
Na quinta, fiz exactamente o mesmo, mas fi-lo à frente de uma cabine que tinha dois polícias. Caminhei para o papel, baixei-me e pareceu-me ouvir "Danke.", mas não liguei, há sempre tanta gente a passar e a dizer isso... Como eu não olhei, o polícia aproximou-se do microfone e falou bem alto para eu poder ouvir e, a olhar para mim, repetiu: "Danke!". Sem apanhar um avião, eu fui às nuvens!
Não é que os outros polícias não sejam simpáticos e não agradeçam, não é que outras pessoas (aqui e em Portugal) também não me agradeçam quando acham que o devem fazer. Mas... há agradecimentos e agradecimentos e ele ligar o microfone para se fazer ouvir por um simples canhoto de um bilhete...
Coisas simples, de pessoas simples, para pessoas simples...
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