segunda-feira, 12 de abril de 2021

Somos todos iguais. Que ninguém duvide!

 O K. morreu há coisa de duas semanas. Um ataque cardíaco retirou a vida a um homem de cerca de 40 anos. Era um tranquilo. Olhar para ele trazia-me paz. Foi com ele que eu sobrevivi  a uma secção de check-in. Um choque para toda a gente.

Hoje tivemos uma cerimónia de despedida (ele é alemão, o funeral dele será em Maio na terra dele). 
Numa igreja de Kloten (onde realmente fica o aeroporto de Zurique). Os conselheiros da alma (tradução livre) do aeroporto souberam trazer as palavras certas para todos nós.

Entre músicas do Michael Jackson cantadas de forma divina por uma colega nossa, eu fui olhando para a assistência. Dentro da casa de Deus dos católicos, estavam sentados católicos, reformistas, muçulmanos, hindus e alguns alérgicos à cera, que é a forma que a minha mãe usa para me designar como não crente. Havia suíços "originais", suíços de passaporte adquirido. Havia um tunisino louro e uma marroquina com lenço na cabeça (detalhe, ela não usa lenço no seu dia a dia, era a forma dela mostrar o respeito dela). Havia asiáticos e brasileiros. Uma cubana, duas portuguesas e não sei quantos da zona dos Balcãs. Negros, brancos, mestiços. 

Naquele momento que nos entristeceu, a minha alma sorriu, pois ainda é possível que nos respeitemos apesar das nossas diferenças. 

Descansa em paz, K.. Eu espero que nós por cá também a tenhamos. 

2 comentários:

Princess Cat disse...

Nos momentos mais tristes é bom saber que as pessoas ainda se conseguem unir.

Luísa disse...

Mesmo. Eu vivo num meio muito multi cultural. Mas é a primeira vez (ainda bem e espero que seja a única durante muito tempo) que sou confrontada com uma cerimónia destas entre colegas de trabalho. E parece que naquele dia o multiculturalismo ainda se acentuou mais, mas de uma forma positiva...