Há muitos anos fui assistir a uma aula de Medicina Familiar (se não me engano no nome da cadeira) na faculdade de medicina da Clássica. Estava sem pachorra de ir aturar a minha prof. de africanas e supostamente era o Professor Daniel Sampaio que iria dar essa aula.
Quando cheguei lá apanhei o outro professor da disciplina porque o senhor Sampaio tinha tido algo importante para fazer. Já que ali estava, deixei-me ficar. O senhor falou, falou e falou e começou a utilizar termos como "atribuição de género", "atribuição de sexo" lançou a pergunta para o auditório Alguém sabe fazer a distinção? Entre dentes disse ao meu colega Atribuição de sexo é quando dizes "é menino", atribuição de género é quando vestes azul aos meninos e pões lacinhos nas meninas. Ele incentivou-me a dizer isso, mas eu fiquei quieta. Apesar de o meu colega afirmar que o professor não conhecia os alunos, grande parte daquele auditório sabia que eu não era estudante de medicina. Então, jamais iria abrir a boca.
Ele acabou por se chegar à frente repetir a minha ideia. Resultado: era uma forma simples de colocar as coisas, mas era por aí. Claro que andei semanas em que não me calava com o meu brilharete, ainda que indirecto, numa aula de medicina... Tem piada... uma gaja de letras dar bitaites num anfiteatro onde ninguém abriu a boca para fazer essa distinção (e não era que fossem tímidos, noutras perguntas havia gente a participar, nesta pergunta específica é que ninguém se manifestou)
Não sou pessoa para escolher géneros. Se uma mulher quer vestir calças... onde está o problema?! Eu praticamente só uso calças e calções. Se um homem gasta mais tempo a fazer as unhas de uma mão do que eu para fazer manicure e pedicure... qual é o problema? Se tem paciência (ou dinheiro para pagar)... força... eu lavo os pés, corto as unhas e uso um creme hidratante. E já perdi tempo e energia demasiados com isso!!! Maneiras de ser. Não me tiram nem me dão mais valor, não tiram nem dão mais valor aos outros.
No entanto, a atribuição de sexo já é outra história. Há características físicas e biológicas que separam o macho da fêmea. Dê por onde der. O menino tem pilinha, a menina tem uma conchinha (eu sei lá onde é que já ouvi esta!). As articulações, as hormonas, o cálcio... basta ver um anúncio às vitaminas e já se vê a diferença entre homem e mulher (não estou a dizer que as vitaminas são milagrosas, mas a parte das diferenças é verdadeira). Assim, mulheres com pêlo na venta é só uma metáfora para mim.
Que sejam transexuais, parciais ou completos. Que sejam homossexuais. Que sejam travestis. Sejam hermafroditas. Sejam eunucos. Nada disso em afecta. EU SEI QUE NÃO SÃO COISAS IGUAIS, mas muitas vezes algumas são confundidas e associadas umas às outras.
Sejam homens ou mulheres, sejam hetero, bi ou homo. Tenham nome de João e cara de Maria... nada me faz confusão.
Agora o cantor que foi à eurovisão... aquilo já me faz confusão. Não é homem, não é mulher. Dizem que é um drag... eu nunca vi uma drag de barba. A cantar (apanhei a actuação dele por mero acidente e via-a até ao fim de propósito e por isso é que me lembrei de comentar)... por favor... a voz é indefinida e não é bonita. Sim, há mulheres com voz de bagaço (a Amy, por exemplo), mas transmitem personalidade. Sim, há homens com vozes finas, mas fazem calam plateias interiras nas óperas e afins (eu não me arrisco a nomear os altos e contraltos, porque não percebo nada disso). Agora aquilo... uma indefinição completa.
Por fim... o nome de artista. Mas o que é aquilo?!?! Conchita, como nome de artista alemão, soa-me a coisa reles, mas ainda se safa. Agora o Wurst... salsicha?!?! A sério?!?! Querem que eu leve a sério uma pessoa que está de barba e com um vestido de gala com um nome de prostituta que trabalha perto de uma barraca de hot dogs?!?
Tolerância, aceitação, diferença... mas aquilo é o quê? Agora podem dizer: como é diferente tu não aceitas. Não é ser antiquada, mas eu olho para aquele homem e vejo um terceiro sexo e não um terceiro género. E, que eu saiba, apesar das milhentas descobertas feitas todos os dias ainda não há um terceiro sexo nos humanos.
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