Era de prever que, depois de uma Quinta má, só poderia vir uma Sexta infernal.
7h30 da manhã, o check-in está atrasado, como ainda não tenho credenciais para o check-in daquela companhia vou ajudar noutro sítio. Só hora e meia depois é que posso ir ajudar no embarque.
9 e qualquer coisa começa o embarque. Até que nos despachámos. Só que aqui há a tal da adversativa que me persegue... mas...
Uma hospedeira diz que temos que fazer desembarcar jma família porque a mulher está demasiado grávida. Seja lá o que isso for, a mulher não é aceite a bordo porque o atestado médico que tem consigo não diz a semana de gravidez em que está (eles não sabem fazer contas... o atestado é do mês passado... era só contar as semanas, mas sou só eu que acho isso).
Como sou mulher é a mim que cabe a responsabilidade de acompanhar a senhora. E aí é que começa o circo...
Chegamos para atravessar o controlo de passaportes e ela... tem o visto Schengen expirado (a partir do momento que atravessa o controlo de passaportes, se o visto for de uma só entrada, a pessoa já não pode voltar atrás).
Com a condição de eu acompanhar a senhora e o resto da família ficar ali sentada à espera, a senhora podia ir ao centro médico do aeroporto pedir novo atestado. Devagarinho, pois embora ela não estivesse demasiado grávida... a barriga já lhe pesava.
Chegadas ao centro médico, apanhamos um balde de água fria pois a senhora que nos atende diz que não pode passar um atestado médico como o que eu estou a pedir. Isso só um ginecologista pode passar e neste centro médico não há ginecologia. De repente toca o telefone da recepção e era a minha chefe a querer falar comigo. Olha, quantas malas tem a senhora para descarregar? Quê?!?!? estamos a falar de bebés e ginecologia e ela vem-me com número de malas?!?! ah é que o avião tem que partir e não pode porque não sabemos se falta descarregar alguma mala (por questões de segurança, as malas têm que sair do avião se o passageiro não chegar a entrar) E desliga-me op telefone na cara...
A recepcionista pede-me o número e liga para a chefe e diz que não têm nada que desligar o telefone na cara das pessoas, porque nós estamos ali para ajudar. E no fim de debater umas quantas ideias lá chegam à conclusão que a senhora tem que ir para o hospital.
E lá ando eu a ligar do meu telefone privado para nem sei quem a tentar perceber o que fazer coma senhora. Levei-a para um certo sítio, para ela poder descansar um pouco e disse às chefias que não saía dali. Se queriam alguma coisa comigo o com ela tinham que ser eles a vir até nós.
Por fim lá arranjaram um vouchers para o táxi. E incumbiram-me de ir com a senhora ao táxi e explicar tudo ao taxista para a ida e para a vinda do hospital.
Sempre a falar de vagar e atentar animar a senhora e a dar-lhe uma esperança que eu não tinha há muito lá desci dois andares e pensei que ia respirar e que tudo estaria resolvido em pouco tempo.
No fim do taxista arrancar, apercebo-me que tenho um papel na mão que a senhora precisa. Lá vou eu feita louca acorrer atrás do táxi, aos berros, o pessoal começou a aperceber-se do meu desespero e lá me ajudaram a parar o táxi.
Nova tentativa de ir fazer pausa. Será que seria agora que a coisa se resolvia e tal?!?!
Supostamente havia uma pausa de 2horas e au acabei por ter menos de 30 minutos por causa desta história. Mas depois de comer algo, um café e uns minutos sentada em silêncio, ganhei forças e animo e pensava que estava tudo bem.
Tretas... estava eu a regressar ao meu posto e toca-me o telemóvel. É a senhora Luísa? Sou fulana de tal do hospital e tenho aqui uma senhora, mas o cartão de crédito não está a funcionar. (tinha-me passado pela cabeça dar o meu número pessoal à senhora, sei lá... um feeling)
Eu disse à mulher que já lhe ligava e fui à procura de uma chefia para que alguém fosse buscar o número ao marido, já que eu estava longe. Pois... toda a gente tinha muito que fazer ou estava mais longe do que eu.
Lá vou eu outra vez feita louca acorrer pelo aeroporto além. (eu pergunto-me como é que a polícia não me mandou parar para controlar o meu comportamento meio louco) Telefono para o hospital e o código... não funciona... volta a desligar, volta a ligar, volta não sei o quê... até que exigem a minha presença no meu local de trabalho e eu, em choque, pergunto Então e o que se faz com a família??!?! A resposta foi ridícula!!! Não sei. Deixa-os e logo se vê. A sério?!?! Exigem que ela saia do avião, que vá não sei aonde falar com um médico e depois deixam-na numa de "eles que se desemerdem". Eu exigi saber algo mais concreto para poder dizer ao marido. Lá me disseram que iam enviar alguém da companhia aérea para resolver o problema. Desfiz-me em desculpas junto do senhor e voltei para o check-in onde deveria estar há pelo menos 45 minutos.
Contra a minha política pessoal, deixei o telemóvel com som. Se tocasse durante o trabalho eu não iria ter problema em atender. A senhora não estava nada demasiado grávida, estava bem abaixo do limite legal para viajar. E a sorte daquela hospedeira é que eram uma família bem pacata (o marido ficou com dois filhos pequenos, sentado num banco pouco confortável, longe de sítios para comer e tudo, pois preferiu não se perder do ponto de encontro com a mulher; a mulher só dizia se preocupava em chegar ao Dubai na Sexta porque o marido tinha que trabalhar no Sábado.).
Mas ninguém me disse nada.
Deixei passar o tempo até que comecei a perguntar. Ninguém sabia de nada, mas também parecia não querer saber (a insensibilidade humana é cada vez mais preocupante). Não sei quantas horas depois lá consegui saber... apesar do circo todo, os senhores tinham conseguido apanhar o avião da tarde.
No fim deste circo... era a única coisa que eu queria!
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