Andei que tempos para arranjar um motivo para fugir a um casamento, quando o tinha cão colado a mim. À cara podre, usei o argumento mais baixo que podia. Disse que a perna me incomoda muito e que não dá para ir. Foi golpe baixo usar a esclerose, mas... Até que nem é 100% mentira. A perna incomoda sempre (caminhar, correr, sentada, deitada...), no entanto, se eu quisesse ir, a coisa até que se aguentava bem. Mas é que as coisas não têm corrido muito bem com esta gente.
Os convidados são quase todos meus clientes. Só por aí a coisa já é assustadora... estar a semana toda com eles e ainda apanhar com eles numa cerimónia.
Só que o resto ainda é pior... Andei que tempos a pensar se uma parte das pessoas que aparecem na loja (incluíndo os meus patrões) não pertenceriam a uma seita. São os pequenos e os grandes pormenores. São os comportamentos, é o que se diz e o que fica por dizer. E não me estava a apetecer um dia com elementos de uma seita.
Nestas idas e voltas... senti-me um pouco culpada por não ir e por usar um argumento tão vil. Mas já passou!!
Hoje de tarde, um dos meus clientes favoritos apareceu a meio da tarde e com tempo de conversa. Já várias vezes ele me elogiou a atitude que tenho com os adolescentes insubordindados. Ele considera que tenho força para eles e que, se eles não aprendem em casa, é bom que alguém gaste uns minutos a passar sabões aos putos.
Quando ele chegou era o que eu estava a fazer. Uma garota semi-portuguesa, que se fosse em Portugal... ele ia ver...
Como ele apanhou a coisa a meio, perguntou -me depois de eles saírem o que se tinha passado. Voltou a dizer-me que fiz bem e que se continuam a ser mal-educados, se for preciso, deve-se chegar à última consequência: proibição de entrar. Ele ainda acrescentou que aqui não é a Itália (ele é semi-italiano) que um pai pode defender o filhote destruindo a loja.
Eu disse-lhe que concordava com ele, mas também lhe expliquei que tenho dificuldades em mostrar isso aos meus patrões. Que eles defendem os miúdos como se fossem anjos inocentes.
Oh pá! Ele muda a expressão facial e diz-me: Os teus patrões são muito simpáticos, mas não são normais. Eu moro aqui há sete anos e eu não sei bem, mas acho que eles pertencem a uma seita. Mesmo muito simpáticos, mas há qualquer coisa que não é normal o que eu vejo por aqui.
Ora bem, ele mora na aldeia há sete anos. É cliente deles desde que a loja abriu. Ele viu e ouviu mais coisas do que eu. Se eu não morando lá já suspeitava... agora tenho a certeza. E deste modo... não me sinto nada mal por não pôr os pés no casamento. É que eu aceito (embora não compreenda) que se pertença a uma seita, mas quando me tentam evangelizar... fujam!! E como ninguém me garante que entre um canapé e uma bebida eles não tentam passar a mensagem... vou ficar tão bem deitada no sofá a descansar as perninhas... :D
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