Não considero as minhas mãos muito bonitas. Não me importava nada de ter os dedos ligeiramente mais finos e, sem dúvida, menos calejados. Gostaria que a pele fosse mais macia e com menos manchas. No entanto, tenho um orgulho enorme nelas. É com elas que trabalho, que ganho o meu dinheiro. É com elas que escrevo cartas simpáticas e raivosas. É com elas que escrevo por aqui. Posts interessantes, parvos ou simpesmente tristes.
Hoje o meu texto é triste. Uma tristeza profunda que coloco por aqui, pois já não tenho coragem de bater na mesma tecla com as pessoas que me rodeiam. Coitadas já não devem poder ouvir-me lamentar o dia de hoje. E eu não as recrimino. Mas... continuo a precisar de falar. De tentar compreender as coisas...
Do início:
Há tempos eu disse que tinha dois casamentos este ano. Um foi em Julho e outro deve ter sido hoje. Deve?!? Sim, eu presumo que tenha acontecido, já que não estive lá para ver.
A noiva deste casamento tinha-me convidado para madrinha. Nunca na minha vida me tinha passado pela cabeça tal coisa. Mas já que recebia tal convite... aceitei-o com o maior dos orgulhos, com o maior dos prazeres. E, como é óbvio, comecei a preparar-me para a cerimónia como deveria ser. Tendo em conta que sou uma naba com roupa, que nem tudo me assenta assim tão bem... comecei cedo a procura de uma roupa bonita que não envergonhasse, nem ofuscasse a noiva. Acabei na Hugo Boss, passo a publicidade. O vestido é lindoooo!
Já tinha os sapatos. Faltava comprar o bilhete de avião e passar o cheque para o vestido da noiva (eu, quando a situação o exige, consigo ser bastante tradicional). As minhas colegas de trabalho andavam a fazer contagem decrescente e a pedir antecipadamente fotos (apesar de me chamarem louca por querer pagar o vestido da noiva, já que isso não é tradição por aqui).
Mas... a minha vida tem muitas adversativas... Numa conversa, assim sem segundas intenções, com um tema longe de madrinhas e padrinhos, fiquei a saber (pelo noivo, não pela noiva!) que não ia ser a madrinha. Não tinha 100% certeza, mas arranjei maneira de chegar lá.
Não, não era eu. Era a irmã da noiva. E a noiva não teve a coragem de pegar no telefone e inventar uma treta qualquer do género a minha irmã estava entrar em depressão por não ser a madrinha. Eu não precisava de ser a madrinha. Nunca me tinha feito ao lugar, logo... não me incomodava nada que fosse a irmã ou o Papa. Mas... precisava de saber.
E se eu não me tivesse apercebido antes??? Metia-me num avião para o Porto e, na hora da madrinha se chegar à frente, passava uma vergonha de todo o tamanho?!?
A única explicação que eu tenho para esta situação é o preconceito que vai na mente das pessoas.
Ela só casou porque, apesar de morar com o actual marido há mais de um ano, sempre que iam visitar os pais dela, tinham que ficar em quartos separados. Se a mãe é assim tão preconceituosa, e ela cedeu, fica para mim que a mamã teve vergonha que a filhinha, que é doutora num centro de saúde no Porto, tivesse uma auxiliar de jardinagem como madrinha. E a filha como cede noutras coisas, cedeu a mais esta.
A minha chefe, alemã de Berlim, supostamente mais fria que os portugueses, ficou indignada (a parte boa é que ela até fica engraçada quando fica indignada) e disse que eu não sou só uma auxiliar de jardinagem, que a noiva tinha que ver mais além. Eu sei disso, e soube-me bem ouvir isso, mas continuou sem resolver a situação...
Será que elas pensaram que eu ia para a cerimónia com as mãos num estado lastimável, como se acabasse de sair da máquina de plantar flores (na foto)? É que eu sei distinguir as coisas e, sempre que posso, trago as mãos decentemente limpas, com verniz e tudo.
Juro que não entendo. E estou triste com isso.
Como já não consigo chorar, o São Pedro foi buscar-me as lágrimas que já se secaram nos meus olhos e chove torrencialmente lá fora.
Bom fim-de-semana!
2 comentários:
Há deselegâncias que não se entendem, Luísa. Embora seja fácil dizer que o melhor é esquecer situações, a coisa torna-se mais simples quando envolve pessoas que conhecemos há pouco tempo...
Tente que isso não estrague o seu dia a dia, embora me pareça que relativamente a quem age desse modo, nada pode ficar como era.
Terá certamente amigos de longa data , incapazes de proceder de uma forma tão desagradável.
Boa semana:)
É mesmo... ela há cada um!!
Ontem estava mais sensível porque era "o" dia. Como não tenho sangue de barata... estava mais em baixo. Mas, sim, tento ser superior a estas coisas.
Obrigada pelas suas palavras, Teresa.
Boa semana para si também!
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