Estou a tornar-me numa cínica, eu sei, mas...

Esta quarta-feira o meu chefe (alemão do sul da Alemanha) levava uma t-shirt do licor Beirão. No momento em que o vi fiquei tão parva que nem consegui perguntar-lhe onde tinha arranjado uma t-shirt do “licor de Portugal”. A minha vontade era dizer-lhe: “Adeus K., mas estou cheia de saudades e vou para casa.” No entanto, não foi isso que se passou…
À noite, sem pensar mais no licor, deu-me uma saudade de tudo que culminou num choro compulsivo. Só pensava “Porque razão estou eu aqui? Numa terra onde não conheço as pessoas, a língua, os costumes…” Deitei-me e adormeci assim mesmo.
Na quinta-feira, descobri (não interessa como) porque razão ainda estou aqui. Além de se ganhar melhor do que em Portugal, além de se terem os direitos sociais todos, além dos autocarros serem altamente pontuais e outras coisas mínimas, mas que marcam a diferença… eu estou sozinha. Sim, estou sozinha. E isso é bom?, podem perguntar alguns. Sim, é bom. Porque a solidão entre outras pessoas é mais dolorosa. Assim, ter vindo para a terra das vacas obrigou-me a ver o que eu nunca quis ver: o quanto eu estava sozinha em Portugal.