quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Dos lamentos dos cães

Ontem li uma história que me fascinou. Daquelas coisas minúsculas, comuns nas redes sociais para dar um ensinamento de moral qualquer e que normalmente só servem para entupir as nossas páginas pessoais. Quando li a primeia linha fiquei na dúvida. Mas no fim, posso dizer que foi das melhores que li nos últimos anos e adequa-se tão bem a tanta gente...

Um homem vai a uma gasolineira para encher o depósito. Enquanto o faz, ouve um cão ganir. O bicho não pára de ganir de forma aflitiva. O homem chega à caixa para pagar e pergunta:
- Que se passa com o cão que não pára de ganir?!?
- Nada de especial. Ele está sentado em cima de um prego que o magoa. Por isso não pára de ganir.
- Mas se o magoa, por que é que ele não sai dali?!?
- Porque dói o suficiente para ganir, mas não o suficiente para mudar.

Na Segunda à noite, uma colega perguntava no livro das caras se não podíamos ter uma hora extra como no Domingo. Respondi-lhe a brincar com uma frase que faz parte da minha infâcia: querias, batatinhas com enguias. Foi dar licença à reclamação. Ah, porque já fiz isto, aquilo, aquilo e aqueloutro. Ainda não vi a cama. Olhei para o relógio e era quase meia-noite na Tugolândia. Para quem anuncia que está a ver a série X à uma ou duas da manhã (ela é que costuma fazer, não eu)... aquilo até era cedo...
Como começo a estar fartinha de tanta lamúria. Disse-lhe que deixasse o trabalho como professora e se dedicasse a outro ofício. E fui dormir, pois, embora estivesse de folga no dia seguinte não me apetecia ir irritada para a cama.
No dia seguinte, vi a resposta desdenhosa dela: Oooh! Agricultura!

Eu não entendo... sem falar na justiça ou injustiça da coisa, que ninguém diga que não sabia que o trabalho de professor é burocrático, aborrecido, complicado, subvalorizado apesar de ser sobrecarregado. Toda a gente sabe, e mesmo que não saiba, todos os que estagiaram puderam ter uma amostra das dores de cabeça.
Assim, por que raio andam sempre a lamentar-se?!? Já sabiam...
Mas se acharem que é demasiado, que vai muito além do previsto... dediquem-se a outra coisa qualquer e deixem o trabalho para quem quer e não tem medo...
Depois... por favor, não desdenhem de outras profissões como se fossem gente superior. Paaaaaleeeease... quando se conhecem as histórias de vida de certas pessoas e depois vemos como elas desdenham... é simplesmente ridículo.

Párem de ser cães e pode ser que a vida se torne mais fácil...

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