quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sentimentos verdadeiros, mas sem nenhum saudosismo

Quando era miúda, mesmo muito miúda, ficava sentada em frente à televisão a ver passar o programa cultural do país. Condes, S. Jorge 1Nimas, Quarteto 3, Quarteto 4... Eu sabia ler, mas ainda não sabia muito bem o que aquilo queria dizer.

Depois fui morar para Lisboa e vi que já não havia Condes. O Nimas "encolheu" depois de eu ver lá O Gosto dos Outros (genial!) e Rasganço.
O Quarteto era o cinema perfeito: ficava a cinco minutos de minha casa, o que me facilitava a vida com os horários das freiras, e tinha cinema de todos os tipos. Eu vi lá A MúmiaO Fabuloso Destino de Amelie Poulain, coisas que não me parece que sejam de meter no mesmo saco. Quando fechou, ia-me dando uma coisa má. Ao que aprece foi a ASAE. Ok... se o filme era calmo ouvia-se os tiros na sala ao lado, mas... será que merecia fecho?!?
O que mais me cativou no S. Jorge foram as casa-de-banho. Lembro-me que fui lá uma vez e tinha flores verdadeiras no tocador.

Agora fiquei a saber que nem o Londres se safou! A primeira vez que lá fui passei uma vergonha!! Quando me sentei, levantei-me a correr pois penasava que a cadeira estava estragada. :s
Eu adorava a calmaria das sessões da tarde. Adorava o facto de não haver ruminantes na sala. A pausa a meio. O charme da senhora da lanterna (não me lembro agoroa do nome correcto). E o Big Ben... O Londres?!? O Londres?!? Como é que foi possível acabar com isto?!?!

Acho que a fase da indignação, da irritação já me passou. Acho que agora é só mais a tristeza que me preenche o coração. Era """só""" um cinema, mas... é o retrato de tanta outra coisa a fechar, a desaparecer, para, quase de certeza, nunca mais voltar. Qualquer dia é pior que um deserto... :s

2 comentários:

teresa disse...

Sem nostalgias, custa-me também o encerramento, em Lisboa, de tantas salas de cinema, algumas da infância, outras do tempo de faculdade... Neste caso, o 'Quarteto' e, há dias, o 'Londres', começo a ficar mesmo aborrecida! Quanto a ouvir mastigar, concordo, Luísa. O meu pai, nos seus últimos tempos, já não tolerava ir ao cinema por causa disso... Até utilizava uma expressão menos elogiosa (ao ouvir mastigar ao longo do filme), que não irei repetir por aqui... Por outro lado, ainda há dias, eramos só 2 no cinema, a ver o 'Lincoln', o que leva ao entendimento das decisões... Ir ao cinema já não é empolgante como era...

Luísa disse...

Quanto ao facto de as salas de cinema estarem vazias,parece-me que dá para vários lados, Teresa.
Os preços, sem dúvida.
A pirataria, sem dúvida.
As pipocas e as bebidas, sem dúvida.

Mas também o facto de haver muuuitas salas com o mesmo filme e por cada sala haver imensas sessões. O que espalha as pessoas por aqui e por ali. Lembro-me que fui ver um filme sozinha que ninguém queria ir ver comigo, e por questões de proximidade fui ao Alvaláxia. Quando cheguei lá éramos 8 na sala!!! Fiquei em choque. Como é que eles mantinham a sala aberta com oito pessoas?!?!

E ainda há outra razão: hoje é tudo uma cambada de preguiçosos. Só saem de casa nos carrinhos. Logo só podem ir para centros comerciais grandes onde há estacionamento. Quem é que podia ir de carro para o Quarteto e para o Londres?!?!

Esta gente não sabe MESMO o que está a perder!!!!!!!!