quinta-feira, 25 de abril de 2013

Não tenho emenda...

A minha mãe costuma limpar um escritório ao Sábado. Como este fim-de-semana não deu, acabei por a ajudar no Domingo de tarde para ser mais rápido. É uma porcaria trabalhar ao Domingo, principalmente a limpar, mas... eu não me sentia bem se não fosse ajudá-la. Íamos nós muito bem no autocarro para lá, quando uma mulher mete conversa connosco. Ah é tão bom ouvir falar português.

Em segundos, já a temos a lamentar-se dos portugueses e dos suíços desta zona, em comparação aos da parte francesa (sim, são diferentes; há muitas Suíças dentro da Suíça). A queixar-se de estar desempregada e a ser martirizada por familiares. E a perguntar se não sabíamos de sítios onde procurar trabalho.

O meu coração apertou-se. Lembrei-me de uma empresa de limpezas que tinha contactado uma italiana amiga da minha mãe uns dias antes para um trabalho que ela não pôde aceitar por incompatibilidade de horário. Poderia ser que ainda estivesse em aberto... Mas como estávamos a chegar à nossa paragem e ela ia seguir viagem, a única coisa que conseguimos fazer foi trocar números de telefone e a promessa de nos contactarmos mais tarde.

Claro que ajudei a minha mãe a limpar o escritório, mas também queria tomar café, apreciar o resto da tarde de Domingo. Assim, só junto à noite, quando cheguei a casa, é que lhe liguei (o telemóvel fica smepre em casa!). Ela já tinha ligado duas vezes. Liguei-lhe, mas ela não atendeu logo. Passado um pouco manda-me toque. Devo confessar que não gostei. Lá vai o tempo em que funcionava com toques e, se eu a ia ajudar, o mínimo que ela podia fazer era ligar. Mas... fechei os olhos, se estava assim tão mal, podia ser que ela estivesse atrapalhada com o dinheiro...

Lá combinámos encontrar-nos na Segunda de manhã, às 10horas para eu a levar à tal firma de limpezas e falarmos de outras possibilidades de trabalho.

Chegou atrasada... Calma, Ana Luísa! Atrasos podem sempre acontecer...

Lá fui com ela à firma, mas a senhora que faz o recrutamento está doente. O patrão recebeu o currículo e prometeu entregá-lo quando ela regressar. No fim disso, fomos tomar café para acertar agulhas, trocar ideias.

Ela sabia tudo. Oh miga eu sei isso muito bem. Então não sei, miga? Primeiro, odeio expressão miga e, nós não somos amigas. Nem conhecidas. Quanto mais amigas! Segundo, se sabia tudo porque pediu ajuda?!? Mas pronto... às vezes as pessoas estão tão na merda que precisam dizer que sabem, só para alimentar o ego.

Lá combinámos ela passar na Terça de manhã cá em casa. Eu iria fazer mais cópias do currículo dela, iria procurar contactos de agências de trabalho temporário e alguns trabalhos. Quando ela viesse, eu também lhe explicaria como funciona o site do centro de emprego.

Terça de manhã eu não tinha nada para fazer e fiquei por casa. Ela não apareceu. Nem disse nada todo o dia. Pronto! Lá se foi a minha preocupação. A minha mãe ainda me perguntou se eu não queria ligar. Claro que não queria!! Eu não tenho filhos... logo não tenho que me preocupar com os filhos dos outros...

Ontem, às 11h da manhã, lembrou-se de mim. Queria os documentos. Mas eu estava fora e ia chegar tarde a casa. Ficou combinado que ela ia a minha casa às 19h e a minha mãe lhe entregava a tralha. Às 18h59 ela manda-me mensagem a dizer que não vai lá. No coments!!

Hoje, perto do meio dia, mandou mensagem que queria os documentos para ontem. Mas eu estava fora de casa e só iria chegar ao final da tarde. No fim de não sei quantas mensagens com teor cada vez mais complicado, às 22h perguntou-me se poodia cá passar. Eu pensei que estivesse nas redondezas e disse que sim. Chegou eram quase 23h com ar descontraído, de quem tinha andado no passeio o dia todo.

Eh pá! Eh pá! Se estamos no desespero, corremos logo para quem nos oferece ajuda. Ou sou só eu?!?

Eu ajudo quem me pede ajuda. Não quero dinheiro, não quero prendas, não quero palmas. Mas agradeço que mostrem um mínimo de respeito pelo meu tempo e trabalho. E esta... afinal queria era que lhe fizessem o trabalho todo. Mas se continuar assim... não vai longe (e não falo por mim, que dei o caso por encerrado e selado).

Aqui a otária teve pena dela. Aqui a otária chateia-se por ter pena das pessoas que abusam da sorte e da boa vontade dos outros. Aqui a otária arrepende-se por ajudar as pessoas.
Mas... é mais forte do que eu e o pior é que esses sentimentos só duram até à/ao próxima/o que me apareça com a lágrima no canto do olho.

2 comentários:

João disse...

Vale sempre a pena quando a alma não é pequena!

Faz o bem sem olhar a quem...

Gostei do texto, não da história...

Abraço
J.

Luísa disse...

Eu sei, João. Mas ao mesmo tempo... no fim de uma e outra e outra ventura do género... uma pessoa pensa: "o tempo que gastei com esta pessoa poderia estar muito bem na cama a dormir" (à segunda-feira principalmente, o meu corpo agradece todos os minutos que ficar a descansar de uma noite sempre mal dormida que é a de domingo para segunda).

Mas pronto... não tenho emenda! :D

Obrigada pelas palavras!
Saudações
Luísa