domingo, 11 de dezembro de 2011

mais eu num tou intendento nadica di nada

Acabei de descobrir que há uma votação para palavra do ano. Além de me perguntar sobre quem irá receber o prémio, pergunto-me que diferença fará na vida das pessoas que estão cada vez mais ignorantes. A prova disso está nas palavras presentes na lista para votos (não sei se a lista é mais extensa).

Ora bem... cá para mim, nenhuma delas devia ir a votos. Eu espilico pruquê...
1. Eu sei que não se devem esquecer as asneiras para aprendermos para o Futuro, mas... é muito triste lembrarmos um ano pelas coisas negativas. Assim, saltavam logo: austeridade, desemprego, emigração, subsídio, troika.
2. Se o ano é do Voluntariado, não acham repetitivo e/ou redundante ter voluntariado como palavra do ano?!?
3. Charter?!? A sério?!?! Nem sabia que isto já era português.
4. Fado. NÃO, POR FAVOR! Já irrita!!! Estamos num país pior que sei lá o quê... fado... fado... fado... é pior que pão e circo!
5. Sushi? Isto é o novo acordo luso-nipónico?!?! E troika... é acordo de lusos-comedores?!? (além de se poder pensar no ponto 1)
6. Esperança... já não há nenhuma... está tudo perdido... como é que se pode ter esperança? quando se abre um livro, se liga uma televisão... é cada asneira...

A que me tem dado mais cabo da cabeça é aspeto. Leio sempre espeto e vejo um porco a rodar sobre brasas. A sério!!! Comprei um livro quando fui de férias e demorei o dobro do tempo a lê-lo porque empancava em palavras como esta e lá se ia o raciocínio. Vi-me e desejei-me num livro com umas 200 páginas... imagem se fosse com 500 ou 600!! Eu pergunto-me como é que as pessoas lêem... eu, por mais que veja as notícias na televisão, não encaixo com direto, (às vezes penso em direito, outras fico a pensar o que será aquilo...) nem com ato. E para?!?! Eu não sei se é verbo se é preposição!
E depois falando em exlicações sobre o novo aborto ortográfico, gostei especialmente de uma da televisão do estado sobre as palavras homógrafas, com o exemplo de pelo.
Ora bem: pelo (o antigo pêlo), pelo (do verbo pelar) e... esta é que me deixou a boca escancarada... pelo, a contracção de por com o diz-se p'lo.
Qualquer dia, a adversativa mas vai ser chamada de advérbio ou o advérbio mais vai ser colocado no lOgar da adversativa ou o raio...
Sinceramente... não comento mais nada!

5 comentários:

teresa disse...

Eu já tive de me converter, começo a interiorizar algo que, no início, me provocou reação, levando-me inclusivamente a assinar petições para que não fosse aplicado (e já o utilizo na escrita, como se constata). A partir do momento em que passa a ser obrigatório em contexto escolar, sob pena de vermos alunos penalizados em provas nacionais, acabo por pensar em primeiro lugar neste aspeto. Há dias, falando com uma professora com maiúscula (uma senhora que já não está no ativo) ouvi-lhe o seguinte comentário «com a minha idade, já passei por diversos acordos ortográficos e este, sem dúvida, foi o mais mediatizado e contestado, o que me surpreende por terem sido os anteriores também marcantes a nível de alterações», dizia ela que o anterior acordo, só um linguista e homem de letras - Fidelino de Figueiredo - contestou publicamente. Penso que apesar da celeuma, acabará por ser consensual para os vindouros que, só se lerem obras literárias em edições antigas, irão reparar na grafia antiga, o mesmo me acontece quando leio Eça, já que por cá há alguns exemplares do meu avô que tinha, quando eu era pequena, mais idade para bisavô do que para avô:)

Luísa disse...

Devo dizer que não sou completamente contra este acordo. Sou contra o que realmente move este acordo. Sou contra a não haver muita coerência no acordo, umas perdem outras não, as duplas grafias... E, acima de tudo, sou contra este caos... Não sabem explicar as coisas (aquela do p'lo deu-me volta ao juízo). Não têm coerência: no mesmo texto (por vezes na mesma página) estão a forma antiga e a forma nova.

No entanto há aí mudanças que afectam e muito a compreenção do texto. Há tempos li uma palavra que perdeu o hífen e o /c/ e não a entendia. Estive cerca de cinco minutos de volta daquilo!!! :s

teresa disse...

Os hífens já geravam confusão antes do acordo (agora é maior, é certo) pois bastava pesquisar para verificar que linguistas igualmente prestigiados tinham opiniões diferentes, só nos restava a moeda ao ar, o que se torna incómodo, acredito que o tempo irá definir regras mais claras, espera-se:)

Bic Laranja disse...

É um frete ao Brasil cozinhado por mentecaptos. Quem se resigne a uma mediocridade assim não tem qualificação para ensinar o que seja a ninguém.
Cumpts.

Luísa disse...

Quanto aos hífens, Teresa, depende da coisa. Acho que ninguém morre se se escrever "casa de banho" e "fim de semana", mas preaquecido (é só um exemplo que não sei se está no novo acordo) ou a tal palavra nova que não recordo...

É como o Bic diz... tem muitos interesses que estão longe da Linguística.

No entanto, caro Bic, há quem tenha que ceder. Toda a gente sabe dos efeitos que não obedecer ao novo acordo pode fazer:
alunos bons a serem penalizados nos exames;
professores a terem problemas de todo o tipo com os seus colegas e/ou superiores;
Eu compreendo quem se "vende", muitas vezes vendem-se só porque precisam de comer. Se eu estivesse na posição de um desses professores, garanto que iria aprender todas as palavras da nova ortografia e obrigar os meus alunos a enfiá-las na cabeça.
Se eu fiz tudo ao que está ao meu alcance e não consigo mudar as coisas... ah! de certo que não vou morrer à fome por uma causa maior... isso pensava eu aos 15 anos! Agora que tenho quase o dobro prefiro ser considerada vendida a sofrer!