terça-feira, 25 de março de 2014

tanques, só para lavar roupa!

Eu sonhei ser militar. Sonhei ser polícia. Sonhei saber manusear pistolas. Lembro-me em miúda, na primeira vez que passei férias cá, ter ficado admiradíssima quando vi pela primeira vez um tanque de guerra. Aqui é comum eles andarem de um lado para o outro em cima de comboios.

Com o tempo perdi o encanto por estas coisas todas. Não tenho qualquer interesse em aprender a disparar, embora a coisa mais fácil de arranjar nesta terra seja uma arma (a sério!!). Habituei-me ao campo de tiro que fica a uma certa distância de minha casa, mas que se faz ouvir com insistência nos Sábados de Verão. Habituei-me a ver os militares a andarem no comboio com a espingarda presa ao saco e aos homens na reserva a irem de bicicleta para o treino de fim-de-semana com arma às costas.

O supermercado onde trabalhei era junto ao campo de tiro e percebi que os tiros não têm nada a ver com o que se ouve nos filmes. Eu já calculava, mas não conhecia o som de um verdadeiro tiro assim "ao vivo" e perto de mim. Só sei que no dia em que os ouvi pela primeira vez fiquei desesperada pois a minha mãe tinha ficado de me ir buscar e nunca mais chegava e aquele som também não parava.

E a última vez que me admirei com um tanque de guerra foi em Novembro quando eu a sair de Viseu e a querer entrar no IP3. Numa da milhentas rotundas da linda cidade museu um camião militar deu mal a curva (ou a carga ia mal acondicionada) e estava o tanque inclinado meio cai-que-não-cai.
Ou seja, só por causa de um fenómeno tão estranho com um tanque meio tombado é que fiquei espantada. Há muito que o cenário (pseudo)bélico me assusta.

No entanto, hoje tive das histórias mais assustadoras que já vivi até hoje. Por volta das 6h30 da manhã, depois de uma noite muito mal dormida acordo com um estrondo ensurdecedor. Deixo-me ficar quieta, pensando que era barulho nos cabos do eléctrico. Mas não! Era bem mais forte e troante. Levanto-me num pulo e ponho os óculos. Não costumo ser tão nervosinha com barulhos estranhos, mas o cansaço da noite ajudou à festa. Olho para a rua e qual não é o meu espanto quando vejo tanques de guerra a entrar no parque de estacionamento da estação aqui à frente de casa. A cena era tão surreal que havia imensa gente a fazer fotos com os telemóveis. E continuava a ser tão surreal que eu pensei que estava a dormir. Como não conseguia ver mais nada da minha janela fui para a sala e tive uma perspectiva melhor da coisa. Contei 3 tanques, uma carrinha e um jipe, mas sei que havia pelo menos mais uma viatura. E com a mesma rapidez que entraram no parque, saíram (saída e entrada são em sítios diferentes), formaram coluna e foram-se. Não demorou cinco minutos. Eu estava exausta e fui para a cama.

Mas já não dormi nada de jeito!!! Mesmo sem querer, pus-me a rever a imagem do tanque a entrar a toda a brida no parque. Entrada que todos os condutores (incluindo os jovens inconsequentes) fazem com calma e cuidado. Para aqueles monstros, como é óbvio, não era nada! O barulho das lagartas a bater no chão ainda me fere os ouvidos (e tenho um apartamento bem isolado!). E depois aquela coluna militar aqui à porta num bairro pacato e silencioso o ano todo...

Foi arrepiante! Se antes eu já achava que poderia ter um chilique só com o soar das sirenes, com esta coisa que aconteceu hoje aqui à porta eu sei que terei um ataque cardíaco e caio dura se algum dia tiver que passar por uma guerra.

Como disse à coisa de um ano... que se levante as mãos ao alto e que se agradeça por não se viver tal pesadelo e que se torça para que pesadelos destes sejam cada vez menos e cada vez mais curtos!

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