sexta-feira, 7 de março de 2014

Demokratía


De há uns tempos para cá que não me sai um pensamento polémico da cabeça. Mas depois de encontrar a tira da Mafalada no meu computador e ontem ter ouvido um miúdo fofo no Quem quer ser milionário?... tenho que o deitar cá para fora...

Tem a ver com a decisão do bem-dito referendo sobre o controlo das fronteiras/entrada de novos imigrantes em terra helvéticas. Vieram logo as ameaças da união europeia. A Suíça esse país com mais patentes per capita em 2013, supostamente, precisa da união europeia como de ar para respirar. Uma das sanções foi nos mais fracos: estudantes de Erasmus. És suíço?!? Tunga! Não entras, não podes participar. Entretanto já veio nas notícias... a Suíça paga mais e os estudantes podem continuar a ir namorar e beber e curtir e também estudar para fora. Ugh?! NO COMENTS!

No entanto, não é isso que é polémico na minha cabeça...
É o paralelo que faço entre a Suíça e a Ucrânia (a Ucrânia antes da Rússia ter feito os últimos avanços).

Na Suíça, o povo foi às urnas para dizer que não queria estrangeiros de forma maluca na sua terra.
Na Ucrânia, o povo teve que se barricar no centro da capital, qual trincheira da I Guerra Mundial, para mostrar ao governo (e ao mundo) a sua vontade de se aliar à união europeia.

O Mundo sobre a Ucrânia: ah coitados dos ucranianos que não têm direito a escolher a que "lado" se hão-de aliar.
O Mundo sobre a Suíça: ah porque eles são uns racistas e xenófobos que precisam dos imigrantes mas querem expulsar toda a gente.

O governo deixou-se governar pelo povo, como manda a democracia (e digo uma vez mais, os suíços não querem expulsar toda a gente!). Não gostam, comem menos! Agora virem com tretas sobre os estudantes de Erasmus (para me manter num só exemplo) isso é o mesmo que um certo país está a fazer sobre outro... ou não?!? Ou pressão só conta como tal se for com um canhão apontado à cabeça?!?!

A história do miúdo é interessante. A Manuela Moura Guedes perguntava-lhe o que é que o pai deveria fazer com o dinheiro ganho até ali. Ele, muito tímido, responde que é uma viagem. A Manuela então pergunta-lhe para onde é que ele achava que o pai deveria viajar. Para a Suíça, foi a resposta envergonhada do garoto. Aí é que ela ficou mesmo espantada. Perguntou-lhe porquê, pensando que a resposta seria o chocolate (como eu pensei e provavelmente tantas outras pessoas). Porque lá há paz, sussurra ele. Boing! What?!?!? O miúdo podia escolher os chocolates, o queijo, o esqui, os relógios, os automóveis (começa agora o Auto Salão em Genebra), os comboios e sai-se com esta?!?! Então depois lá se percebeu que lá em casa já se fala da neutralidade da Suíça e da não participação deste país nas guerras e que a criança acha que isso até que é porreiro.

Pronto... se uma criança da escola primária consegue gostar da ideia da neutralidade suíça (que é dependente dessa coisa rara chamada de democracia), porque é que devemos ser nós, os não-suíços, a criticar a sua forma de vida nessa coisa tão rara chamada democracia?!?!?

Quanto à tira do Quino, acho que não é preciso esclarecimentos... 

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