Numa coisa que se vai tornando regular, respondo ao comentário da Teresa com um post...
Entre mim e o M. existe uma barreira linguística enorme. Há dois anos que o conheço e continuo sem perceber muuuuuuuuito do bávaro que ele fala (nem os alemães, nem os suíços que trabalham na estufa o entendem a 100%). Por isso, só falo com ele o essencial. Nunca ousei sequer falar sobre o tempo com ele, quando estávamos só os dois. Se há uma terceira pessoa ainda dá para traduzir, se não... não falo...
Isso faz com que ele seja a pessoa com quem menos comunico (o que faz com que ele pouco comunique comigo) e de quem nunca esperei uma boleia. Sei que, se eu lha pedisse, não ma negaria, mas oferecer-ma assim do nada... também não imaginava. Quando ontem me surpreendeu assim junto à saída! Segurou-me a porta (coisa que ele faz sempre que está alguém para sair) e falou para mim. Depois de ele ter que se repetir, e eu me engasgar a responder, lá seguimos viagem.
Não foi nada! Uma boleia?!?! Quando se vai na mesma direcção?!!? Nada!! Mas também pode ser tudo. Parece que a professora adivinhou que eu iria falar deste tema hoje e arranjou um exercício para debatermos os Werte (valores) que regem a sociedade. Assinalámos que a sociedade, seja ela qual for, está perdida , sem Norte. Cada um faz o que lhe dá na cabeça, achando-se o único e insubstituível. Achando-se o melhor e com direito a todos os caprichos satisfeitos. Fazendo com que queiram sempre mais e mais!!!
Hoje em dia só se esperam grandes manifestações de amor, de alegria. Se não derem um anel muito brilhante ou não fizerem uma festa de arromba ou um pedido de casamento num estádio de futebol já não amam o suficiente. Só se esperam roupas de marca, carros importados, perfumes caros. Se assim não for, quer dizer que o amigo não é assim tão amigo, que uma pesosa que não é fashionista (adoro esta palavra!) não tem valor. Tem que ser tudo em grande!
Quase ninguém se contenta com pequenas coisas. Um sorriso honesto ou uma simples boleia, ainda que em carro importado, não têm valor para muitos. Muitos que esquecem que o Valor que daí se pode tirar, mesmo sem se notar, é bem maior, bem mais significativo na nossa vida.
Por isso, não, não me considero uma simplória (se bem que muitos o achem) e considero importante partilhar estes pequenos nadas. É tão bom sermos surpreendidos com pouco e sentirmos-nos quase como as crianças que vão ao Zoológico ou à escola pela primeira vez: têm sempre algo para contar e sorriem...
Ah! Como fazer três alemães felizes? Comprar três chupa-chupas. ;)
2 comentários:
Pois é, Luísa, a ideia anterior e bem desenvolvida neste post:)
E são esses os pequenos-grandes momentos de genuína felicidade. Dou comigo a pensar como, em miúda, valorizava tanto a prendinha de Natal que, à época, estava na chaminé na manhã de 25 de Dezembro e era deixada pelo Menino Jesus... Hoje, procurando-se a felicidade nas tais marcas,no efémero sucesso,em grandes festas (de preferência com fotografia em revistas fúteis de cabeleireiro), é-se eternamente descontente. Ainda há tempos uma psicóloga amiga me dizia zangada que, pelo segundo aniversário do filho, os familiares o tinham mimado com ... 3 triciclos!
Obrigada, Teresa!
3 triciclos?!?! Caramba! A criança, se for como o meu irmão, que era preguiçoso como tudo, ainda nem caminha com dois anos...
Aqui as crianças recebem muito cedo uma bicicleta de madeira, sem pedais, para treinar o equilíbrio e fazerem uma introdução à bicicleta normal. Mas... não é tão cedo e as pessoas tentam saber quem dá o quê para não cair no exagero. Ainda que fossem 3 pares de calças... sempre dava jeito para ele poder andar sujar-se na terra e na relva do jardim...
Pelo andar da carruagem, ele, e tantos outros!!, quando tiver a sua festa de debutantes (está outra vez na moda, não está?!) vai querer ir à Lua... e não vai (vão) saber saborear as ninharias que são receber um chupa-chupa dado do fundo do coração...
E isso é tão triste!
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