Durante as férias andei a passear numa loja de artigos para a casa. Ia a fazer companhia a uma velhota e não tinha a menor intenção de comprar o quer que fosse. Mas deparei-me com uma caneca muito gira. De cerâmica pesada, grossa, com uma pintura feita à máquina, a imitar as pinturas antigas. Achei que seria óptima para beber o leite, como se eu precisasse de uma caneca específica para isso!!!, e que sempre era um investimento num produto nacional, visto que por baixo estava escrito Made in Portugal. Procurei o preço por todo o lado, mas não encontrei. No entanto achei que não seria uma grande fortuna e levei-a logo comigo, não fosse alguém achar-lhe piada também.
Chego à caixa e reparo que não tenho mais que uns míseros trocos num bolso e preparo-me para pagar a caneca com cartão. É ridículo pagar um euro ou dois com cartão, mas... Qual não é o meu espanto quando oiço a senhora da caixa dizer: São 25 cêntimos, por favor.
Afinal tinha trocos para comprar mais duas canecas. Mas senti-me ridícula. Só 25 cêntimos?!?! Como é 25 cêntimos pagam o barro, ou lá que material é aquele, a tinta, o forno de cozedura, a mão de obra e o transporte da caneca?!?!
Por muito que me digam que as canecas feitas em grande número ficam com o valor de produção reduzido... não acredito que 25 cêntimos cheguem para tudo.
Não entendo isso, mas agora entendo porque raio os salários são uma miséria. Há coisas que têm um valor ridículo que nem para pagar a luz dá...
Em contarpartida, produtos que são necessários ao bem-estar de uma pessoa, como a comida e os medicamentos, têm os preços pela hora da morte, que parecem pura e simplesmente extorsão.
Das uas uma, ou eu realmente continuo burra nas contas e as notas que eu tive na escola até foram inflacionadas ou há alguém a gozar o prato.
2 comentários:
Qualquer dia, somos como os chineses. Mão de obra barata, em troca de um prato de arroz.
É a vida!
Temo que tenha razão, Luisa. Mas o que me preocupa, mais do que esses comedores oportunistas, é que as pessoas não se apercebem para onde estão a ser levadas.
Quando eu disse que a caneca era barata demais, olharam para mim como se eu fosse um ET, como se eu fosse daqueles ricos excêntricos que acendem charutos com notas. Não sou dessas, até porque o que ganho é pouco e bem suado, mas... vamos lá dar o preço justo às coisas... Não?
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