segunda-feira, 5 de maio de 2014

Do poder e da humilhação

Eu sempre achei um bocado estranho aquelas pessoas que trabalham num café ou restaurante e que depois, nos seus tempos livres, frequentam assiduamente o estabelecimento. Mas... cada um faz o que quer.

Hoje uma colega que estava de folga, acompanhada de uma amiga, quis comer um waffle e foi-lhe negado o acesso. Hoje o dia foi especial, tivemos problemas enormes e até tivemos que fechar bem mais cedo. Então eu pensei que ela estava a ser barrada porque não estaria a pagar (os empregados podem comer o gelado que quiserem e podem oferecer uma bola aos amigos). Achei justo: se não paga também não ocupa um lugar de uma pessoa que pague.
Quando disse isso à D. ela explicou-me melhor a coisa. Segundo a filosofia da casa, uma multinacional que toda a gente conhece, os empregados não podem aparecer num dia de folga para comer um gelado com um amigo. Para poder passar um bocado com um amigo têm que pedir autorização prévia à chefe da loja.
Quê?!?!?!?? Que ideia terceiro-mundista é esta?!?!? E se eu for a passear por ali e de repente nos apetecer sentar para comer gelado?!?! Posso achar estranho estar de folga e estar sempre enfiada no meu local de trabalho, mas... de vez em quando...

Uma amiga está a pensar vir visitar-me em breve e brincou que ia lá comer gelado. Eles têm uns combinados em que podemos provar 3 ou 6 bolas de gelado e eu tinha pensado ir lá com a minha amiga e comer uma ou duas dessas combinações e aí ela poderia provar pelo menos alguns. Claro que eu estava a pensar pagar (desde que lá trabalho que só comi uma bola de borla, os meus colegas gozam-me, mas é do meu feitio não abusar [nem da boa vontade do patrão, nem da saúde]). Agora assim... NO WAY!! Posso comprar os gelados todos no supermercado e oferece-los à minha amiga, mas a humilhação de ir pedir autorização para comer um mísero gelado no meu dia de folga... não... por ela não passo!

A cabra que arranjava problemas da estufa e me levou a despedir-me... era uma desequilibrada, daquelas!!! Mas digo-vos uma coisa, hoje senti-me humilhada de uma forma que nem essa cabra me conseguiu fazer sentir. Uma firma multinacional!!! Claro que não digo aqui o nome, mas... fica a dica para pensarmos ainda mais nessas máquinas de fazer dinheiro e seus comportamentos sobre os seus empregados. Como já disse antes, os problemas não existem só no Camboja!

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