sábado, 20 de agosto de 2011

O neto da minha mãe

Razões para não se ter filhos:
a mãe Natureza é tramada e criou homens e mulheres estéreis;
a mãe Natureza é traamda e não deixa que certos homens e mulheres não sejam compatíveis biologicamente;
as condições financeiras vão de mal a pior;
traumas de infância;
o homem ou a mulher ideal ainda não apareceu;
puro egoísmo;
e mais umas quantas que não adianta estar para aqui a elencar.

Este ano, a minha vida está a ser uma invasão de bebés. Ora bem: o meu chefe foi pai esta semana, a Se. vai ter bebé em Dezembro, a Su. não pára de dizer que quer ter um bebé. Em terras lusas já nasceram a Carolina e a Verónica, em Dezembro nasce um Ricardo e também em Dezembro vai um Ricardo ser pai. Uma tia babada, orgulhosa dos sobrinhos emprestados. Mas depois... vem a conversa do agora só faltas tu. Falto eu para quê?!?

Na adolescência eu odiava putos. E eles deviam topar isso a léguas porque sempre que me viam... desatavam a berrar. Mas houve um que se cruzou na minha vida em Fátima, tinha eu uns 17 anos, que não teve medo de mim. Antes pelo contrário, sem me conhecer de lado nenhum esticou aqueles bracinhos minúsculos para vir para o meu colo. Conquistou-me por completo.

Depois, já na faculdade sonhei ter 6 filhos. Perguntaram-me se era filha única, se era filha de uma família numerosa... só para entenderem a razão de tamanho desejo.
Há uns anos, se a coisa se tivesse proporcionado, teria deixado a faculdade para ter filhos. Hoje não os quero.

A minha mãe já desistiu de me chatear. Já lhe disse que se quer dar continuidade à descendência (uma coisa que não entendo!!) tem que falar com o meu irmão. Porque se não for ele, o único neto que ela vai ter é este.












É um menino! Tem uma fatiota feita pela minha mãe (ela comprou-o por uma bagatela numa loja de segunda mão, mas sem roupas). Uma t-shirt minha transformou-se me corsários e camisola de manga cava, é de reparar no pormenor de a marca ter ficado... E os crocs comprei-os há duas semanas no supermercado (eles inventam todo o tipo de acessórios para os brinquedos dos putos!)
Tenho milhões de razões para não ter filhos, desde as questões de saúde e hereditariedade, até às questões 'psico-sociais'...

Toda a gente me diz que há milhares de razões para se ser mãe. Dá muito trabalho, mas é tão bonito. Santa paciência, isos digo eu do meu trabalho, não se diz de uma pessoa, muito menos de uma pessoa que resolveu pôr no mundo. Se dá muito trabalho não deve ser assim tão bonito. Porque se for bonito... esquecem-se os problemas e não dá muito trabalho. Eu não me imagino atrás de biberões, de fraldas, sonos trocados. Acho que este é o meu argumento mais pesado. Odeio quando há barulho que não de deixa dormir uma noite seguida. Com um bebé a querer comer de X em X tempo e mais as cólicas e as otites... Desculpem lá, mas não me imagino nisso. Se eu dormir uma noite mal, já tenho dois ou três dias estragados... depois como se vai tratar uma criança se se está de mau humor?!? A falar aos berros e com chapadas pelo meio?!? Não faz o meu género gritar com crianças.

Depois há a falta de liberdade que se tem. Pelo menos durante uns tempos não há saídas, depois quando as há é com tempos controlados. A não ser que se seja um pai ou uma mãe nigligente e se deixe a criança a dormir sozinha em casa. Que para ser negligente... também dispenso. Nestes últimos três anos tenho feito as férias como quero e onde quero. Só preciso de entrar em acordo com o chefe. Se tiver um filho em idade escolar... a coisa já não dá para ir de férias em Maio ou em Outubro (se for aqui na Suíça até que dá, mas tem que ser naqueles dias mesmo).

Um filho custa dinheiro, isso implica perguntarmo-nos algumas vezes Será que posso gastar este dinheiro? Não é preciso ir com ele ao dentista?!?. E já me basta controlar os meus gastos, ainda ter que ocntrolar o dos outros... Egoísta? Sim! Não me importo de o assumir.

Eu sei que um sorriso de uma criança é altamente reconfortante, que sabe muito bem ouvir mamã, gosto de ti. Mas... ou o meu relógio biológico deu o berro ou eu acho que estou velha demais para começar uma família com 6 filhos (há tempos fiz as contas e dava para ter filhos quase até aos 50 anos) ou então não é nada disso e simplesmente não se consegue explicar.

Seja como for, é muito irritante ouvir uma pessoa atrás da outra a perguntar quando nos casamos e temos filhos. Parece que uma mulher para existir tem que ter filhos e marido. Em outros tempos, e até mesmo no nosso tempo, mas em outras culturas, a coisa funciona(va) assim. Mas eu sou uma mulher que vive na Europa no século XXI. Se me mexer, não preciso de outros para ser alguém, embora precise sempre dos outros. Nós podemos decidir fazer um aborto, será que não podemos decidir nem sequer engravidar?!?!

E ainda há uma pequena coisinha que muita gente se esquece quando faz pergunats parvas. Há mulheres e homens que não têm filhos porque não podem. A Biologia simplesmente não o permite. E isso é deveras doloroso. Como é doloroso e até embaraçoso andar a dizer oh! eu não posso ter filhos, as pessoas não dão o argumento para ainda não terem um rebento no colo e sentem mais uma pontada por não poderem. Quem pergunta é abelhudo, ofende e magoa só porque não pensou que aquele caso é um caso "forçado".

Não digo que não possa vir a mudar de ideias (se eu já odiei putos e já quis ter 6... quem sabe se para o ano não encontro um meio termo?!?). Entretanto vou-me divertindo a comprar prendas e postais. Vou planeando como hei-de mimar os putos todos e destruir a boa educação que os pais lhe devem querer dar... :D:D E se for preciso, com o maior das calmas posso ser babysitter para os papás irem namorar um pouco e, quem sabe?!?, arranjar um(a) maninho(a). Até mudo as fraldas, só não me peçam para ser a madrinha (no meu entender, madrinha é quase uma mãe, pelos motivos acima descritos, não me parece que eu queira este cargo).

2 comentários:

ABlopes disse...

Aqui está um raciocínio perfeito.

Quando não se tem queda para o assunto, o melhor é não nos metermos no assunto!

Luísa disse...

É... bebés e bolos... sou um desastre!
Simplesmente acho que um bebé não é um brinquedo e depois que cresce não se pode (ou não se devia poder) abandonar o filho ou dar para o canil, como se faz com os labradores do anúncio do papel higiénico.
Vivi durante muitos anos com gente que foi abusada e abandonada pelas próprias famílias. A maior parte vinha de um sub-mundo que existe em Portugal (e que muita gente tenta esquecer), mas também havia meninas de papás muuuito ricos.
Não me aprece que fosse abusar de um filho meu, mas... não se pode dizer que fosse a melhor mãe do mundo, com paciência para tudo... se eu tenho dias em que não tenho paciência para me aturar... vou aturar os outros?!?! Melhor não fazer asneiras. E infelizmente há pouca gente a pensar assim. Se alguns pais pensassem como eu antes de fazer filhos... o mundo era melhor!!
Aqui aplica-se a velha máxima: a César o que é de César, filhos a quem tem vocação para mãe. ;)