segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Eu não tinha mais nada para fazer hoje...

Recebi um link de petição contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Que eu, como é óbvio, não vou assinar.
Por imensas razões:
- eu não acho nada de anormal (há aí muita aberração espalhada e ninguém pediu que fosse banida) a homossexualidade existe no mundo animal em geral, não é só no "mundo humano", se nós somos animais racionais... acho que não preciso dizer mais nada;
- não considero a homossexualidade uma opção, mas também não considero uma doença; doença, falando em questões sexuais, é, por exemplo, a violação de crianças de forma continuada por parte de um pai;
- acho que os homossexuais também devem ter direito a formalizar a sua união; não me venham com tretas que já têm a união de facto, se os heterossexuais não sentem que é a "mesma coisa", porque razão há-de ser a "mesma coisa" para os homossexuais?!?! Se eles querem ir ao cartório, todos bonitos, com padrinhos e família a acompanhar... deixá-los ir.

Desta vez deu-me para ler os comentários dos assinantes (357 até ao momento) e encontrei mais argumentos para não assinar a petição e apoiar ainda mais o casamento, nem que seja para ser do contra.

"Matem-me esses gays" não é coisa que se deva ler numa petição destas. Eu cá acho que esta assinatura devia ser logo eliminada. Porquê?
É discriminatório de modo exacerbado e é um incitamento à violência. Se queremos manter "uma boa sociedade" (cito outro assinante) não é apregoando a violência que se vai lá. Além de isso ser ilegal!!!

Outro argumento lindo de morrer é que se está a "destruir um dos valores mais sagrados". Que eu saiba, no cartório não está lá nenhum padre, nem nenhum imã, nem nenhum rabi, nem nada que se assemelhe a esses "cargos" para fazer o registo. Casamento civil de sagrado não tem nada. Se tiver, alguma coisa está errada e não são os que se querem casar.

Mas se quisermos manter essa ideia de sacralidade ao casamento eu digo já:
A SACRALIDADE DO CASAMENTO NÃO EXISTE HÁ MUITO TEMPO.
Se existisse, não existiria a APAV para certas situações. Se se visse a sacralidade que tanto se quer defender, não iríamos ver maridos com amantes, esposas com amantes, maridos a gastar o dinheiro da renda da casa no jogo, mulheres encostadas em casa sem fazer "ponta de um corno", a encher a cara com martinis enquanto a empregada vai buscar o menino ao colégio, enquanto o marido sua as estopinhas para conseguir dar um nível de vida à Madame Bovary do século XXI que tem lá em casa.

Outro argumento de um outro assinante é "vergonha, falta de princípios e ideais". Desmembrando a coisa: vergonha é roubar, vergonha é deixar o país chegar onde está a chegar e não fazer nada; falta de princípos é ser ladrão, ser agiota, ser corrupto, ser assassino, ser violador, não é ser homossexual com vontade de casar; de ideais?!?! se eles querem casar, já têm pelo menos um. Lá porque o ideal do outro não é igual ao meu, não quer dizer que não seja um ideal.

Depois vem lá um que diz que é "contra o natural", isto assumindo que nós viemos ao mundo SÓ para casar e ter filhos.
Eu devia ser já banida, pois a minha ideia está longe de ter filhos e ainda mais longe de casar... Além disso, casamento não é uma coisa natural, é um CONCEITO criado há muitos anos que existe na nossa sociedade, não vem do centro da terra ao mesmo tempo que há uma erupção vulcânica, isso sim é natural.

Alguém dizia que "não se discriminarão os homossexuais se não se discriminarem os heterossexuais".
Esta eu não percebi... É que eu nunca me senti discriminada por ser heterossexual. A única discriminação que sinto nesta área é feita por HETEROSSEXUAIS e é por não ter namorado (como se isso fosse condição para a minha existÊncia!!).

Quanto a este excerto: "valores básicos e característicos de um país justo, digno e que protege os seus cidadãos e os seus melhores interesses." Estamos a falar de que país mesmo?!?!?

"Aberrações da natureza", para mim, são bezerros com duas cabeças, crianças com duas cabeças e por aí fora, coisas mesmo raras na natureza.

Quando me falam da vergonha do país, da ética do país, da moral do país, dá-me vontade de perguntar como estão os mais diversos casos de polícia que envolvem ministros, amigos de ministros, amigos de amigos de ministros, secretárias de secretários de amigos "do caraças mais velho".
Falem-me em moral quando se desviam fundos que serviriam para ajudar pobres, falem-me de ética quando se vê que há obras públicas por ajuste directo, falem-me em moral quando se vive no limiar da pobreza enaquanto alguns gastam balúridos em "putas e vinho verde". Se me falrem disso, já podemos conversar...

Também há quem defenda que existe "liberdade a mais", se calhar há, mas não é no campo da homossexualidade...

Outra pérola linda: "o casamento entre homossexuais vai levar ao aumento da homossexualidade".
Primeiro, parece-me um argumento igual ao contra o aborto, que não se aplica em nenhum dos contextos. Depois, eu garanto que mesmo que me obriguem a ser lésbica eu nunca o serei, com o sem lei aprovada, porque eu sempre gostei deles altos e espadaúdos, pouco peludos, mas com barba de 2 dias...

Há quem se defenda com a definição existente no dicionário para a palavra casamento.
Coitado... fez a quarta classe por correspondência no século XII e ficou-se por aí. Não sabe o que é evolução de uma língua.

Depois há um comentário que eu até posso concordar. Se não quiserem chamar casamento, não chamem. A nomenclatura é o menos importante.

Citando uma pessoa que, com certeza, assinou só para comentar: “Uma vénia à estupidez de quem criou esta petição e de quem a apoia com as suas assinaturas. Antes do conceito de casamento já havia o conceito de HOMEM, meus queridos ;) qualquer homem tem direito à igualdade, respeito e integridade, portanto alegarem que a homosexualidade é contra-natura (??) e o casamento a homosexuais deve ser negado é o desrespeito por tais direitos universais e deveres que temos como cidadãos. Querem respeito, respeitem. Estamos numa época cujas ideias ocas de conservadorismo como as vossas já estão obsoletas, portanto acordem para a vida! Contra-natura? Desde quando é contra a natureza humana apaixonarmo-nos e unirmo-nos à pessoa amada? O amor não escolhe idades nem raças nem sexos. O amor é um sentimento que move montanhas, tão puro e ao mesmo tempo tão cheio de obstáculos. E é triste ver que é o próprio Homem a impôr obstáculos a este belo sentimento, como vossas excelências o estão a fazer. Preconceitos e discriminações é que são contra-natura, e é o que estão todos a fazer ao assinarem esta petição de m*rda! Depois disto devem pensar que sou homosexual mas visto que sou mulher e namoro um homem, não me parece que o seja. Beijinhos para todos ;)”

Alguém também dizia: “Não desrespeitem mais este país”. Eu assino por baixo, mas noutra perspectiva.
Abram os olhos e vejam que isto foi uma manobra de diversão: enquanto perde tempo a debater isto, sem qualquer poder de decisão, o Zé Povinho fica distraído do que realmente importa e os que podem vão comendo as papas na cabeça desse mesmo Zé Povinho.
Além disso, se a lei for aprovada, vai acontecer como a lei do aborto: muito barulho, muita histeria das virgens ofendidas e depois... ninguém mais fala do tal aumento do número de abortos feitos no país. E se olharmos para “nuestros hermanos”, país da Macarena, de reis e rainhas... a lei foi aprovada e ninguém se anda a matar por isso...

O que me procupa mais em POrtugal é o facto da lista de professores ter aumentado no último ano e eu, bem como todos os meu colegas, ter caídos 2000 (dois mil) lugares na lista. Preocupa-me o facto de todos os meses fecharem fábricas, aumentar o desemprego, os subsidiados e diminuir o número de pessoas capazes de sustentar um país de futuro...



Eu sei que está enorme, mas... esta é a última semana de aulas, eu já fiz a prova (e passei), não tenho que trabalhar amanhã... e a televisão estava assim para o chato...

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