quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dor e revolta

Hoje no trabalho fiquei a saber, pela rádio, do terramoto do Haiti. Uma tragédia, uma dor que só quem a vive é que sabe. O que interessa agora é, citando alguém que agiu em situação semelhante, "enterrar os mortos e cuidar dos feridos". Para isso não me posso oferecer, pois as minhas qualificações não o permitem. A única coisa possível é torcer pelo melhor e contribuir monetariamente, coisa que venho aqui apelar a todos. Eles vivem com menos de um euro por dia. Se todos nós dermos 10 euros...

Se não sei na pele, e ainda bem, o que é essa dor, sei o que é a revolta.
A minha revolta é contra a RTP. Deu destaque à tragédia, falou das dificuldades causadas pela falta de comunicações e de luz/eletrecidade, mostrou relatos feitos em primeira mão, até foi buscar informação "curiosa" ao Instituto Superior Técnico. De repente nada de especial. Mas a televisão, ao contrário da rádio que me deu a notícia de manhã, tem imagens. E as imagens que mostraram foram um ultraje, foram uma ofensa às pessoas que estavam a assistir às notícias da estação pública e às p+essoas que estavam a ser mostradas, numa espécie de circo de horrores. Eu vi um homem meio esmagado ainda com vida, vi um homem com as duas pernas partidas, vi uma parte de um corpo com um braço pendurado. Fora os mortos que não se distinguiam dos vivos agonizantes. E não me venham com a teoria de "Recomenda-se que os mais sensíveis saiam da sala." "São imagens não editadas." Blá! Blá! Blá! Devia haver bom senso. Para quê mostrar duas e três vezes no espaço de cinco minutos uma miúda com a roupa do colégio aos gritos e a bater com os pés no chão por causa do desespero que, como é de esperar, possuiu a população toda?
A eficiência dos novos meios de comunicação não é assim tão boa nestes momentos. Não preserva ninguém, nem quem está à frente da lente, nem quem está à frente do monitor...

Eu agora percebo como é que as pessoas deixam de contribuir para as causas, como é que deixam passar casos cabeludos sem se manifetarem... a brutalidade entra-lhes em casa todos os dias e chega a um ponto que se tornam insensíveis a isso. Como que vacinados contra uma doença. E pior que tudo para matar uma pessoa é mesmo a falta de sensibilidade.

Sem comentários: