domingo, 30 de dezembro de 2012

Do sofrimento dos outros e das filosofias baratas

A doença/incapacidade não vem para nos deitar abaixo, mas para potenciar as nossas capacidade escondidas.

Posso estar muito errada, mas... eu não sei se um cego não preferiria ter uma audição normal e ao mesmo tempo ver o passeio que pisa. Além disso não sei até que ponto a audição é apurada, pois eu sempre ouvi falar de ouvido de tísico...
Mas isso sou eu, que SEMPRE achei essa afirmação um disparate pegado. O que é que o cancro potencia de positivo?!? E o lupus?!? Ou até uma "simples" gripe?!?
O que é que as injecções de interferão semanais potenciam além de efeitos secundários que me põem a delirar (tal são as dores, mas sem febre) nas primeiras horas após a toma?!? Consideram que as dores musculares (na zona da injecção) que sinto durante a semana são potenciadoras de algo mais do que andar lento e desconforto?!?!

Eu nunca achei que uma doença/incapacidade servisse para potenciar nada. E depois que o Dr. C. me deu a bela notícia, ainda mais ridícula achei essa afirmação.
Não aceito a doença. Resignei-me porque não há volta a dar; tomo a medicação, vou ao médico fazer controlo, mas não aceito a doença. Não aceito, porque é uma doença e porque não potencia nada. E também não aceito que pessoas saudáveis venham dizer que a doença potencia capacidades escondidas.
Isso é filosofia barata de quem não tem mais nada para fazer além de posts lindinhos no livro das caras, com imagens bonitinhas montadas com fotos de gente com incapacidade física e textos bacocos (por vezes com erros gramaticais do tamanho do comboio).

Mas isto sou eu f#%&*a da vida com a tarde de Domingo arruinada (mais uma) com dores, depois de ver duas publicações na semana passada com essa sabedoria de cacaracacá!

2 comentários:

teresa disse...

Tudo isso é filosofia (???) de mau gosto e sim, o FB é caracterizado por posters com frases feitas (repetidas à exaustão) com imagens lamechas e cravejadas de erros ortográficos e de construção... Para quem está de saúde é fácil opinar sobre situações nem sonhadas, Luísa (quem tem a barriga cheia também pode ser muito bonzinho para com os famintos...).É só um «eco» do que já escreveu, mas se cada um se colocasse (ligeiramente) no lugar de terceiros (seja gripe, doença mais grave, situações de guerra, de miséria extrema), talvez não fosse tão ligeiro (se ao menos as fotos já gastas servissem para corrigir os erros e aprender a ter inteligência emocional, seja lá isso o que for) já não desrespeitariam quem «está no convento e que, como tal, sabe o que lá vai dentro» (citação livre de um provérbio nacional)

Luísa disse...

Eu já cheguei a apagar gente da minha lista de amigos porque já não podia ver tanta tralha, cheia de brilhos (e erros) e "filosofias" baratas. O engraçado da coisa é que, às vezes, a mesma pessoa publica num dia uma coisa que vai contradizer daí a dias... O_o

No entanto, ainda há gente com "dois dedos de testa" e o que salva a honra do convento é esse parêntesis que a Teresa escreveu: há gente que mesmo de barriga cheia consegue olhar para o outro como deve ser. ;)