sábado, 16 de maio de 2015

O frasco

Como se sabe, quem anda no mundo das limpezas apanha de tudo pela frente. Há gente limpa, gente porca e gente que vive no mundo da imundice... nem todos os estômagos aguentariam o que o meu (e o de tantos empregados de limpeza) tem aguentado. No entanto, há uma coisa que me mete nojo ao ponto de me darem tremores. Para muita gente, se calhar, é das coisas mais fáceis de tolerar... pois bem, detesto encontrar unhas cortadas.
Siiim... é o meu grande problema!!!!! Também já tive uma colega que se arrepiava com cabelos caídos, nem que fosse só um, numa almofada usada por uma noite que, não fosse o cabelo, parecia nova. Sim... manias de empregadas de limpeza... mas... acho que também temos esse direito.

Mas porquê esta conversa sobre manias e coisas nojentas?!? É para se poder entender os minutos de pânico que vivi no Domingo passado.
Logo depois de abrirmos, um cliente vem ter comigo a dizer-me que tinha deixado uma coisa na loja no dia anterior e que talvez tivesse sido deitado para o lixo porque parecia que era lixo e tudo e tudo. Será que ainda têm o lixo de ontem por aí?! Tínhamos. O lixo, como nunca cheira mal, é arrumado num canto próprio e levado uma vez por dia, ao início da tarde, para o centro de recolha. Ah é um frasco de plástico transparente com material para análise. Eu pus-me a imaginar mosquitos que teriam morrido durante a noite no calor da loja.
Afinal...

Quando eu encontro o frasco... mal olho para ele, afasto logo os olhos dele. Não pode ser. Não deve ser. Devo ter visto mal. Mas pelo sim, pelo não, melhor não olhar mais. Pensei eu. No entanto, o senhor, na sua alegria de ter encontrado o que perdeu, explicou-me, pondo-me o frasco à frente do nariz, por que raio tinha uma colecção de unhas dentro daquele frasco.
Sim, eu não me tinha enganado a ver as coisas. Siiiiim, ele andou a deixar crescer as unhas, para as cortar para poder fazer uma análise qualquer. E pior que tudo isso, ele explicou tudo minuciosamente...
Eu estava a tentar não desmaiar e a torcer para que aparecesse um outro cliente ou até que me caísse um meteorito na cabeça. Mas não... sou tão afortunada que tive que o ouvir até ao fim. Mal ele virou costas, fui desinfectar as mãos, coisa que nunca faço (só trabalhamos com papel, não há lixo orgânico, lavo as mãos com sabão várias vezes ao dia e já me chega. Acho que desinfectante naquele local de trabalho é demasiado.
Agora naquele dia... que nojo!!!!

Mas quem é que faz destas avarias?!? Não haverá mais gente normal à face da terra?!? Ou os cromos foram todos seleccionados para me aparecerem à frente?!?! É que por este andar... que mais vai parecer por lá?!?!

Sem comentários: