terça-feira, 30 de julho de 2013

Das crianças Reais e as crianças reais

Toooda a gente sabe que o prícipe Luís (é bem mais bonito que Alexandre ou Jorge, ou sou eu que sou suspeita) nasceu há uma semana. Ainda bem. Já não se podia ouvir falar no facto de sua realeza ainda não ter saído cá para fora. Depois foi o bruá por causa do nome e de tudo o resto que não interessa muito. É saudável, parabéns à família e acabou-se. Pensei eu...

Na Sexta fui ao quiosque fazer o euromelões, que eu chamo-me LuísA e a minha mãe Maria, não Kate e enquanto esperava fui deitando o olho às revistas.

Na Stern tinha um artigo que me despertou a curiosidade e levou a comprar a revista: KATES SOHN Die Babys des 22. Juli - von Alaska bis Uganda. (Filho de Kate Os bebés de 22 de Julho - do Alasca até ao Uganda).

Gostei de ler e cheguei a comover-me com algumas coisas
.
Eram pequenas entrevistas (não eram todas exactamente com as mesmas perguntas) feitas aos pais praticamente logo a seguir ao nascimento.
Leo, de Hamburgo, um menino (só 12 dias depois do nascimento é que o "baptizam" segundo as tradições hindus), de Bombaim, uma menina (não tem a razão porque ainda não tem nome), de Kitgum - Uganda, Konstatinos (um nome de rei), de Atenas, Yosef, de Aleppo - Síria, Jaxx, de Ancorage, Alexis Nathaniel, de Manila. Estes são os sete pequenos princípes que nasceram a 22. de Julho e que, caso a Stern não fosse à procura deles, jamais seriam conhecidos fora do mundo deles, pelo menos tão novos.

Nas entrevistas percebemos as diferenças que existem, os mundos que há no Mundo.
Em Hamburgo, o bebé será acompanhado pela mãe que vai ter licença de maternidade. Já a bebé do Uganda terá que se contentar em ir às costas da mãe para os campos. O Jaxx será apaparicado pela avó materna e a mãe pode, assim, continuar a trabalhar como esteticista. Como a mãe é descendente de Inuit terá um apoio extra no que diz respeito à saúde.
Apesar da miséria em que vivem os pais de quatro meninas (andam atentar para o menino) no Uganda, eles pouparam para investir na saúde da recém-nascida e na alimentação dela, porque já não chega para as fraldas. A mãe do Alexis ganha 30 euros por mês e pagou 60 pelo parto, vais despender cerca de 1,5 euros por semana para fraldas. Uma mãe solteira, porque expulsou o companheiro de casa pois estava farta de sustentar malandros.
Os pais do Yosef não receberam visitas nem prendas para o bebé (aqui foi uma coisa que me tocou imenso, nunca tive filhos, mas acho que no nascimento... toda a gente deve aparecer para, pelo menos, dar os aparabéns), mas estão felizes porque há duas semanas que conseguem ter electricidade em casa por algumas horas. Num país em guerra, estão os dois desempregados e a viver em casa dos avós paternos.

Entretanto vem a coisa que é igual para todos...
Todos os pais desejam saúde, felicidade para os filhos. Todos desejam formação escolar para eles, nem que seja só o ensino básico como os pais da menina ugandesa que desejam mais, mas também tentam ser realistas perante a situação do país e familiar (são ambos agricultores). Todos querem que os filhos sejam homens e mulheres de carácter que não envergonhem ninguém. E que a guerra  (Síria), a crise (Grécia) e a miséria (Uganda) onde estas crianças nasceram seja só uma má recordação dos pais e algo nunca visto por estes pequenos reis.

Na última página do artigo, vem um texto acompanhado de uma pequena imagem do grande palácio que os recém-papás britânicos agora vão ocupar. O texto começa por falar nas tradições que em certos locais se desenvolvem perto da altura do parto (parece que há sítios onde se lavam janelas), segue para uma súmula das entrevistas onde se assinala o que realmente une todos estes pais (o facto de só quererem o melhor para os filhos) e acaba a brincar com o facto de a Kate não ter sido vista de luvas de borracha a lavas vidros, depois de destacar a influência da família real no hospital que andou a lavar a cara e a rebaptizar alas (Lido Wing)...

O remate do texto é:
Und ihr zeitgleich Geborenen, Prinzen und Prinzessinen allesamt, in Afrika, Asien, Europa und sonst wo: Erobert eure Welt, ganz gleich, wie gross oder Klein sie sein mag. (E vós, todos príncipes e princesas, nascidos no mesmo tempo, na África, Ásia, Europa e noutros locais: conquistem o vosso mundo, não interessa o quão grande ou pequeno ele possa ser.)

É... Na realidade (a coisa vai ficar redundante!), independentemente do sítio e das condições em que nascem, todos os bebés são reais e todos os bebés são Reais.

Tal como os pais deles, desejo que bons tempos por aí venham, que haja esperança para eles e que tenham muita saúde!

2 comentários:

teresa disse...

Pelo texto que aqui nos deixa, parece-me ter sido uma boa reportagem jornalística. A vida é feita de grandes diferenças, sim, digo eu que vivi num país onde, quando abria um pacote de bolachas, na praia, para dar à minha filha que na altura tinha 2 anos, subitamente me via rodeada de mais de 10 crianças. Era frustrante não poder contemplá-las a todas... comecei a evitar situações como esta, não por egoísmo, mas por não conseguir resolver um problema tão alargado... E concluo que o seu domínio da língua alemã é muito satisfatório, Luísa :)

Luísa disse...

Eu gosto da Stern, principalmente da Stern View, uma revista mensal que mostra as melhores fotos do mês, pode ir dos vips (a última que comprei tem os Beckhams) até a fotos aéreas de um país ou de uma região (uma vez tinha umas fotos da costa alemã do Mar do Norte... um sonho!!). Acho que a primeira que comprei foi por causa do Robiie Williams. :D Mas tornei-me logo fã. Acho os artigos da revista (tanto de uma como de outra) actuais e interessantes. E a Stern view por ter pouco texto ajudou-me imenso a aprender alemão.
Agradeço-lhe o elogio. Mas acho que é uma obrigação de quem emigra aprender a língua do país onde está imigrado. Se assim não fosse eu era cilindrada...

Compreendo-a perfeitamente quanto ao exemplo das bolachas. Eu vivi isso com as freiras. Aprendi a não ter demasisadas coisas por causa das outras miúdas. Pois se os meus pais podiam pagar, no caso da maior parte delas... nem pais havia! Hoje em dia estou um pouco mais consumista, mas tento ajudar (normalmente são as minhas freiras que levam a ajuda). No entanto, quando vejo casos de gente a pedir ajuda na televisão... volta a frustração... se eu for a dar a todos, sou eu que preciso de ajuda a seguir.