domingo, 17 de fevereiro de 2013

A minha primeira vez

Considero que quem dá uma prenda deve ter em atenção o gosto de quem recebe. Mas quem recebe, se não gostar, também deve ter o cuidado de não melindrar quem tanto esforço fez para comprar uma prenda simpática. Assim, nunca recusei uma prenda. Mesmo que não me agrade, agradeço e depois dou-lhe um jeito (normalmente guardo a prenda durante um tempo e depois encaminho para quem gosta ou para a caridade).

A minha mãe caiu no erro de, há já uns quantos anos, me oferecer como prenda de Natal um telemóvel. Odiei!!! Foi o meu primeiro telemóvel e não vi utilidade naquilo (tantos anos volvidos continuo a não achar assim tão importante). Deu-me uma raiva!!
Um ano ou dois depois, a minha mãe voltou a falhar. Mas dessa vez foi flagrante!! Como eu tinha entrado para a faculdade, ela teve e brilhante ideia de me comprar um anel em ouro com a pedra da cor do curso (não era o anel de curso!!). Eu chorei de raiva. Não gosto de aneis finos e detesto a cor dourada!!!

Depois a senhora começou a ter juízo e lá acerta mais ou menos na mosca, embora eu acabe por descobrir sempre o que é, muito antes do tempo!!! :/ Mas mesmo com estes falhanços da minha mãe, nunca recusei uma prenda... até Sexta-feira passada...

Ora bem, como sempre, fui trabalhar das 6h à 8h e depois das 18h às 20h. Era a minha última Sexta-feira no meio daqueles doidos!! Quando cheguei às 18h, estava minha ex-patroa na conversa com uma amiga. Eu cumprimentei e fui trabalhar que é para isso que me pagam [mal]. Andava eu a tentar cozer pão (a outra empregada que foi metida às três pancadas porque tem otro emprego e aceita o ordenado de miséria que lhe dão e que esteve a trabalhar a tarde toda, se continuar assim... a loja não vai lá mesmo!) quando me aparece a palerma da minha EX-patroa à frente com um vaso de narcisos e um envelope na mão.

Pois eu fui o cumulo da má-educação (sem recurso a palavrões!). Ela estava pedir-me para irmos ao "backoffice" para ela me poder dar aquilo e falar comigo. Eu disse-lhe que NÃO. Não quero nada. Não falo contigo a não ser sobre trabalho. É trabalho? Ela disse que não e perguntou porquê. É óbvio, oh minha parva!!! [não disse, mas pensei] O que eu queria era ter trabalhado sem stress até encontrar um novo trabalho. O que eu queria era não me ter despedido sob pressão. Agora... para narciso basta-me o meu irmão!!!

Ai eu deixo ali e tu fazes o que quiseres. Se quiseres levar... Eu disse-lhe que me era igual, que ela podia fazer o que quisesse. E quando me vim embora deixei lá as flores, juntamente com as t-shirts e a chave da loja.

Fui grosseira? Se calhar até fui. Mas... não desce o que eles me fizeram e não aceito que esta canalhada pense que me compra com flores... 

Nunca tinha feito tal proeza, nunca pensei que o viesse a fazer, mas nunca me soube tão bem dizer um não a alguma coisa.

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