domingo, 15 de abril de 2012

Mudando de cantão...

Eu depois volto ao fim-de-semana no Sul, mas quero ver se arrumo umas fotos do computador e para isso tenho que voltar a Janeiro, quando andei a passear cá mais para Norte... Assim este e os próximos dois posts são dedicados a Janeiro e ao Norte.
Na Suíça existem cantões e meios cantões. Parece estranho, mas é verdade. Esses meios cantões têm menos poder, por exemplo, no parlamento. Se uns cantões elegem, sei lá... 2 deputados, esses meios cantões elegem só um. Se parece complicado, continue-se a ler...

Dois desses meios cantões são Appenzell Ausserrhoden e Appenzell Inerrhoden, que é como quem diz Appenzell Exterior e Appenzell Interior. O Interior tem capital em Appenzell e o Exterior em Herisau e Trogen (sim, ao que parece são duas cidades!).
Siiiim, dois cantões e uma cidade com o mesmo nome!!! Normalmente usa-se AI e AR para classificar os cantões (não percebo o R para o Exterior) e quem fala de Appenzell refere-se normalmente à capital.

Antes era um só cantão, inserido dentro do cantão de Sankt Gallen, mas por volta dos finais do século XVI dividiram-se por questões religiosas. O cantão Exterior é protestante e o Interior é católico. Estas questões de se dividirem por religiões traz histórias engraçadas atrás...
Conheço uma família que era originalmente católica e outra que era protestante, mas com estas questões de dividirem o cantão mudaram de religião ficando protestante e católica respectivamente. Porquê?, perguntam vocês. Simples: as propriedades dá família católica estavam todas na área que diz respeito aos protestantes e as da protestante na zona de católicos. Então, em vez de ficarem pobres, sem nada para comer, optaram por mudar a religião (que ao fim e ao cabo não é assim tão diferente!). Eu faria exactamente o mesmo!!

Em Janeiro passeei pelos dois cantões. Então vou mostrar a diferença entre um e outro por aqui. Começo por ordem cronológica e mostro imagens da capital do Interior.

Appenzell é uma cidade linda!! É pequena, com casas de madeira pintadas com cores fortes e com uma quantidade de tabuletas inacreditável que lhe dão cor o ano inteiro.

As portadas das janelas tinham todas plantas diferentes com os repsectivos nomes latinos. Resolvi tirar foto ao absinto. Não sei se é exactamente esta que serve para fazer a bebida, mas já agora... por aqui a bebida está completamente regulamentada (ou não tivesse sido inventada por cá e não fossem os suíços os senhores da regulamentação... :D)  e é comum ver garrafas lindas de absinto (não é essência de absinto ou lá o que chamam por outras paragens) à venda no aeroporto.

Sem 100% de certeza, acho que é à frente da segunda casa que eles fazem as eleições, os referendos e afins. Em Appenzell Interior ainda se faz a votação de braço no ar (antigamente, os homens da terra usavam uma espada, que era o símbolo do poder, os que vinham de fora - isto é, casavam com mulheres da terra- ganhavam o direito a votar, mas não podiam usar a espada na cerimónia, para serem distinguidos dos autócnones). Democracia mais directa... não há!!!




2 comentários:

Cidchen disse...

O R na abreviatura de AR vem do "AusserRHODEN". "Rhode" surge do latim e quer dizer roda. Neste caso há a roda da frente (=interior) e a roda de trás (=exterior).

Luísa disse...

Eu pensei nesse mesmo argumento, e at€ o aceito sem grandes dificuldades, mas...

Se AI são as duas letras das duas palavras constituintes do nome, se se passa o mesmo com com Basel Stadt (BS) e Basel Land (BL) e com Nidwalden (NW) e Obwalden (OW) (neste caso é a conjugação da palavra Wald, com os prefixos e, quase de certeza, a bela da declinação)... porque raio não se passa o mesmo com “Ausserrhoden”, ficando AA!?!? Às vezes, os suíços complicam… :D:D:D:D

Quanto à parte da roda, não concordo com nada. Primeiro porque não percebo a relação de "interior" e "exterior" com "frente" e "trás".

Depois Rhode, só conheço Island, nos EUA.
Podemos falar em Rhodes, mas isso tem a ver com a Grécia e não com o latim (Roma). E mesmo não se sabendo isso, a própria palavra se denuncia: tem lá um /H/, que é coisa de gregos.

E por fim, "roda" vem de "rota", tal como o verbo "rodar" vem de "rotare". É isso ou os 5 (chatéééérrimos) anos de latim que tive, o ano de grego clássico (eu odiava a disciplina, mas sempre gostei do professor) , bem como o dicionário de língua portuguesa que consulto há anos, não me servem para rigorosamente nada.