segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sim ou não?

Eu devia ter dado outro nome ao meu blog. Em vez de “Na Terra das Vacas” devia ter baptizado este cantinho de “na terra dos referendos”. Isto porque aqui, na democracia mais antiga do mundo, todos os assuntos vão a referendo por mais insignificantes que possam parecer…
Já sabia, pelos cartazes espalhados pela cidade, que iriam ser uns quantos, mas hoje, ao abrir o jornal, percebi que a coisa era ainda mais alargada e complicada do que eu pensava…
Aqui fazem-se referendos a nível nacional, cantonal e local. As pessoas, no mesmo dia dão o seu parecer sobre cinco ou seis temas sem qualquer conflito, sem qualquer confusão e, acima de tudo, sem aquela parafernália de propaganda eleitoral a que os portugueses, infelizmente, estão habituados. Eu imagino como seria um dia de referendoS em Portugal… que susto!!
Mas para perceberem melhor a coisa aqui ficam os referendos deste fim-de-semana:

A nível local:
Venda de medicamentos também por médicos ou só por farmacêuticos? (este foi na minha cidade e na de Zurique e ganharam os farmacêuticos)
Construção de um novo campo de futebol? (em Luzerna)

A nível cantonal:
Regulamentação de lutas de cães (no cantão onde moro)
O plano Lumière, que tem a ver a luz no sítio certo e à hora certa, visando a poupança de energia (no cantão de Lucerna)
Qualquer coisa para a escola (em Basileia)

A nível nacional:
Prescrição dos crimes de pedofilia (o resultado foi positivo, isto é, estes crimes, a partir de agora, não prescrevem)
Qualquer coisa relacionada com os fundos da reforma
Qualquer coisa relacionada com a protecção da Natureza (não sei em quê, mas a Natureza saiu vencedora)
Produção, venda e consumo de canabis (é proibido...)
Revisão da lei do consumo de barbitúricos

E muitos mais ou, como se diz aqui, viele mehr….


Era tanta coisa que eu li alguns artigos muito por cima, acabando por não perceber a função do referendo…

1 comentário:

Anónimo disse...

Estou encantada com esta forma de política. Por um lado, podemos dizer que elegemos um grupo partidário para defender os nossos interesses e como tal essa devia ser a sua principal preocupação e não deveríamos por tudo e por nada estar sempre a "ser incomodados".

Por outro lado, quando a democracia está bem vincada nas mentes dos contribuintes, quando atingimos - a sociedade no todo - uma maturidade social, este tipo de referendos certamente deixa as pessoas a sentirem que as suas necessidades e preocupações são "efectivamente" tidas em conta. A sociedade move-se, vota, manifesta-se e acredito que mesmo que não ganhe "o nosso ponto de vista", a sensação de justiça é maior.