Com o tempo, as caras das pessoas tornam-se conhecidas. Principalmente se forem caras que se destacam muito, tanto pela positiva, como pela negativa (ainda mais por esta).
Aqui perto de mim, mora um casal de malucos. Não falo metaforicamente. Eles andam sempre juntos, com um aspecto alucinado. Ela muito maquilhada e com os olhos esbugalhados e um olhar parado sem qualquer vida. Ele é magrinho, arrasta os pés e lá vai... lado a lado com ela. Não sei se são doentes mentais, se são fruto do consumo de drogas e do respectivo tratamento (aqui trata-se o consumo de drogas com outras drogas, ainda que prescritas pelo médico, são sempre drogas!) ou sei lá o quê. Só sei que só de olharmos para eles já temos pena.
Eles saíram agora do comboio e devem ir para casa. Mas estão numa alta discussão aqui na rua. Pararam no passeio, ela grita e ele responde mas muito mais baixo. Não percebo nada porque eles falam dialecto, mas vê-se que ela está simplesmente furiosa!
Ele caminha por cima da relva ensopada. Nenhum tem abrigo para a chuva que cai sem parar...
Ao olhar para eles (eu fui à janela cer que barulhão era aquele, porque era mesmo muito estranho...) só pude pensar o quanto eles dão pena, o quanto nos deixam impotentes perante uma situação assim. E, ao mesmo tempo, pensei no medo de um dia poder vir a ficar assim. Uma louca que não sente a chuva que cai e que arragala os olhos para não ver o mundo...
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