sábado, 24 de setembro de 2016

Um doce e um amargo

Eu não trabalho para as companhias aéreas. O meu contrato é com uma empresa de handling (que trata de praticamente tudo em terra) que por sua vez serve diferentes companhias aéreas. Em muitos casos somos nós que damos as soluções para os problemas. Noutros, a coisa não é assim e temos que encaminhar o passageiro para a companhia aérea em questão. Uma dessas situações tem a ver com as compensações pelo facto de uma mala não ter chegado.
Nós preenchemos um relatório sobre o objecto extraviado, explicamos o procedimento a seguir e damos os contactos para serem colocadas questões e/ou pedir as tais compensações.

Hoje apareceu-me um parvalhão que não quis compreender os procedimentos, que não me quis ouvir e, não satisfeito com isso, ainda me levantou a voz, berrou, tratou mal, ofendeu. Eu sozinha, cheia de trabalho até às orelhas, e o palhaço em vez de despachar a coisa perdeu tempo a discutir.
Exigiu saber o meu nome e eu não mostrei medo, escrevi-lhe o nome completo. Acabei o meu trabalho e expliquei tudo uma vez mais. No fim da figura virar costas, fui ao ficheiro dele e acrescentei que ele foi agressivo e tinha praguejado contra mim e contra a companhia aérea.

Sinceramente, eu não consigo compreender como é que uma mala fica para trás num vôo directo. Acho isso estúpido demais. Mas, mesmo achando a situação ridícula, eu não tenho poder para mudar a situação, nem tenho culpa que aconteça todos os dias... Ele não tem direito de me enxovalhar só porque é otário e deixou as chaves de casa dentro da mala...

Não espero que todos sejam como a senhora M. que ficou sem a prancha de snowboard ontem e apanhou uma seca do tamanho do mundo hoje à espera dela. E, apesar de tudo isso, me trouxe chocolates!!!!! Mas... no mínimo, ouvir o que tenho para dizer e não me tratar mal.

A sério... eu acho que a minha mãe me educou muito mal. Se ela me tivesse ensinado a não respeitar ninguém talvez eu compreendesse melhor esta gentinha que anda por aí à solta a dar cabo dos nervos de qualquer um...

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Duuuuuuh

Uma vez eu não pensei (se fosse só uma vez...) e deixei que a minha bagagem de mão fosse para o porão. Só a meio da viagem e que me lembrei das injecções e de que não poderiam ser colocadas no porão pelo risco de congelarem. Quando cheguei a terra pude ver que as mesmas não tinham congelado e tive uma sorte do caraças (ou azar… pois como não estavam congeladas tive que as tomar durante as férias). Aprendi que tenho que ter mais cuidado na hora em que me pedem para enviar bagagem de mão para o porão… mas nunca me passou pela cabeça pedir um reembolso das injecções…
Este mundo esta cheio de gente burra. Que as injecções de insulina para um mês não possam ir todas na bagagem de mão, eu compreendo. Que aquele aparelho médico que precisamos para aquela conferência tenha mesmo que ir no porão, também compreendo. Agora… por que raio é que esta gente não mete a porcaria dos bilhetes de comboio na bagagem de mão?!?!?
ah e como e que vou fazer agora ?! tenho que ir para Berna e o meu swiss pass esta na mala que ficou no Dubai.

What the f*** ?!?! Coisas importantes e pequenas podem e devem ser levadas na bagagem de mão. Ou esperam um reembolso da companhia aérea por uma asneira que vocês fizeram?!? As minhas injecções estavam bem, mas a culpa seria minha se tivessem congelado... eu é que deveria ter em atenção essas coisas. Quando, na hora de embarcar, me dizem que a minha mala é grande demais para a cabine eu é que tenho que pensar no que lá vai dentro. É que os moços do embarque ainda não vêm com visão raio-x...  
Não entendo… juro que tento, mas não entra como é que uma pessoa mete na bagagem de porão uma coisa tão pequena como um bilhete de comboio ou uma reserva de hotel e no fim ainda quer compensação...

terça-feira, 20 de setembro de 2016

do egoísmo, do mau carácter e de nem sei bem mais o quê

Mas os chanfrados e desumanos não acabam…

Eu não tenho paciência para estar sentada a olhar para o tecto quando não há nada para fazer. E se me aparece um passageiro com muitas perguntas, não me aborrece nada tentar responder a todas. E sempre com um sorriso na cara! No Sábado o meu chefe mandou-me fazer pausa logo que acabasse de atender uns passageiros. Foi um caso um bocado complicado, por isso havia mais perguntas para responder. Isso fez com que eu roubasse o meu tempo de pausa. Ninguém me da nada por isso. Nem eu quero. Mas uma hora de pausa… se eu lhe tirar dez minutos… não morro. Fico mais descansada.

Os senhores já estavam de saída e eu repeti uma informação a pedido deles. Uma colega meteu-se na conversa e estava a dar a informação errada. Disse-lhe que o caso era outro, mas que estava tudo em ordem. Depois de eles irem, ela diz-me tu tens que desligar. Eles que manhem. Eu levantei um pouco a voz. O caso deles era complicado, ninguém estava a espera (ela e outra colega estavam a brincar na internet), portanto não me custava nada gastar mais uns minutos com eles. Que mania… estão agarradas aos telefones e à internet, deixem-me gastar o meu tempo como eu quero…

Fui comer e quando voltei vejo um homem com mais de 50 anos a chorar como um bebé. Essa minha colega aos berros com ele em inglês. Parece-me que no México também se costuma gritar para ver se a pessoa entende a língua que nunca aprendeu a falar. O homem chorava e respondia em italiano. Um senhor da assistência estava desesperado, tentava comunicar com ele mas não conseguia, então perguntou quem é que falava italiano. O meu italiano é miserável, mas naquela situação era o melhor que se podia arranjr. Meti-me na conversa. O homem, mal ouviu o meu italiano macarrónico, serenou consideravelmente. A minha colega passou-se e virou-se para mim tu não precisas ser o anjo dos perdidos e achados, eu faço isto. Eu tremi por dentro. Mas ignorei-a e pedi o telefone da namorada do homem e disse à croma que falasse com a senhora para vir dentro do aeroporto ajudar o senhor desesperado. O senhor é diabético. O desepero dele era não ter medicamentos. Eu compreendo o desespero de perder uma mala. Compreendo o facto de ter a medicação "perdida". Não compreendo é o comportamento da minha colega. Eu bem que fui para casa, tentar esquecer o assunto, mas não me conseguia concentrar. No dia seguinte fui ao aeroporto falar com o chefe.

Elas não ajudam, não ajudam. Problema delas. Consciência delas. Eu faço que for preciso para ajudar. Elas não me podem tratar mal só porque eu sou um coração mole.
O chefe deu-me razão. Deu-lhe nas orelhas. E ela veio pedir desculpa, arranjando três ou quatro pseudo-argumentos para justificar a atitude dela. Eu disse-lhe que não se enervasse com a situação, mas que agradecia que não repetisse a graça. É que eu adoro ajudar, mas não quero reconhecimento por isso.
O que ela não sabe é que está marcada para a vida. Mesmo sendo uma manteiga derretida em algumas situações, sou uma cabra com coração de pedra em muitas outras.. :p

da preguiça ou do egoísmo ou do mau carácter

Quando fui entrevistada para trabalhar no aeroporto, safei-me com uma resposta que dei aos acarrascos que tinha à minha frente. No check-in ainda hà a possibilidade de marcar a diferença. Se fizermos um serviço decente, um atendimento decente. As pessoas vão satifeitas para os seus países de origem e vão recomendar não só a companhia aérea como também o país.
Eu nao disse isto para agradar aqueles dois esquisitóides. Eu acredito mesmo nisso.

Agora que também estou nos perdidos e achados acredito que podemos fazer ainda maior diferença no momento de falar com alguém. Há dias estávamos cinco pessoas de serviço. A fazer NADA (o Verão já passou, perdem-se menos malas). Apareceu uma senhora a perguntar onde fica a estação de comboios. O meu colega explicou com os decibéis quase negativos. A senhora pediu para ele repetir. Depois do esclarecimento, ela pediu informações sobre o estado do tempo. Dissemos que estava cinzento, quase a chover. E em Berna? Disse-lhe que devia estar igual porque tinha estado a ver o tempo para os dias seguintes e era essa a previsão. Ela pediu para eu confirmar na internet. Eu sei que, apesar de me chamar Azevedo, não sou o Antimio, mas… nos não tinhamos nada para fazer, então… por que não?

Caem-me três em cima(o quarto estava no escritório, mas sabe-se lá se não alinhava com eles!). Ah por fazeres esses favores é que toda a gente aparece a pedir informações. Nós não somos um posto de informação para turistas. Oh pleeeeeease…. Se não temos nada para fazer e se a internet nao se paga… por que raio não posso eu ver o bolteim metereológico e dar informações à mulher ?!?! Acabei por enviar a senhora ao balcão de informação ao turista, mas só porque eles não se calavam e a senhora acabava por ter que esperar uma eternidade até que eles se calassem.

No entanto, posso dizer que não gostei. Nadinha!!! Que mundo é este em que não se está a fazer nada e mesmo assim não se dá uma ajuda mínima a quem precisa ?!?!?

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Via bela

Tantas horas extra, tantos horários estranhos que quase não tenho tempo para me divertir. Então o coutado do blog esse ficou mesmo no fim da lista de prioridades...
Mas agora apareceram aqui uns dias de folga consecutivos e eu vou aproveitar para colocar aqui umas fotos de umas voltas que dei...

Fui a Viamala. Fica no cantão Graubünden. E, sim, quer mesmo dizer que é uma via má. Curva atrás de curva, numa garganta apertadinha, enfiada entre  montanhas muito altas. Mas... lindo!!!! Eu pensei que ia ter tempo de dar mais umas voltas... pois sim... andei ali  de boca aberta, demorei muito mais do que o previsto... no entanto, valeu cada segundo!!!


 Eu lá no fundo... a rocha furada pelos elementos...
 ... a rocha furada pelos humanos... eu cá no fundo...
Este é um dos muitos troncos que vem durante o degelo e que fica encravado nas rochas.
Eu tentei perceber como chegaram ali para fazer a pintura, mas não... não percebi e só de pensar na altura... até tenho vertigens!


Entretanto seguimos para a cidade mais pequena do mundo, aka Fürstenau. Tem este estatuto, mas não é oficial. Meia dúzia de casas, um hotel, um restaurante, duas portuguesas sentadas a fazer a pausa do trabalho... A mim não me apanhavam a morar ali. Mas se fosse uma escapadinha romântica... ah! aí era outra coisa...





Por fim,  fomos até Flims. Devo dizer que acho as aldeias do cimo da montanha um tanto ou quanto tristonhas... por causa da neve, não há  muitas árvores. Os espaços verdes são praticamente só relvados. E as casas de madeira são castanhas, escuras e parecem deprimidas com os telhados compridos e muito inclinados. Valem-lhes os gerânios e as petúnias pendurados logo que o tempo deixe.
 
Alguma cor também é dada por certas actividades culturais... embora eu não perceba onde esteja o problema do amarelo... :D
Por fim, uma aula de romanche...uma tabuleta de nome de rua, o toldo de uma florista. Demorei até perceber que queria dizer "descida ao vale". já a outra palavra... lembra-me mais pasta de dentes do que flores... :D